Julgamento

Defesa de Cid nega coação e reafirma validade da delação em julgamento no STF

Advogados do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro contestam tentativa de anular a colaboração premiada e negam pressões no acordo firmado com a PGR

Os advogados do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), criticaram as defesas dos demais réus no julgamento da suposta tentativa de golpe de Estado por buscarem a anulação da delação premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O processo, que envolve Cid e outros denunciados do chamado “núcleo 1” da ação, começou a ser analisado nesta terça-feira (2/9) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Durante a sustentação oral, a defesa de Cid rejeitou os argumentos de nulidade, ressaltando que não houve pressão ou coação para que ele assinasse a colaboração. Segundo a acusação, o acordo revelou detalhes de um plano articulado entre 2021 e 2023 para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, com Bolsonaro apontado como líder.

“Muito embora a colaboração do Mauro Cid já tenha sido validada por essa Corte em mais de uma oportunidade, tanto em audiência com o ministro relator (Alexandre de Moraes) como aqui no plenário, foi batido muito no processo que ele foi coagido inicialmente pela Polícia Federal e depois por Moraes”, afirmou o advogado Jair Alves Pereira. Ele atua ao lado de Cezar Bittencourt, responsável por intermediar a delação com a PGR.

Cid, que firmou o acordo em 2023, não acompanha presencialmente as sessões no STF. Sua delação é considerada peça-chave pela acusação para comprovar o envolvimento do ex-presidente e de aliados na tentativa de subverter a ordem democrática.

A defesa também questionou áudios e registros apresentados por outros réus para contestar a validade do acordo. “Em nenhum momento esse áudio vaza qualquer coisa em relação à colaboração premiada. Ele confronta as ideias da investigação, o que é normal e legítimo dentro do Estado Democrático de Direito”, disse Pereira.

Segundo o advogado, é aceitável que haja críticas à condução das investigações e até mesmo às decisões judiciais, mas não se pode deslegitimar um acordo já homologado pelo STF. Para ele, a estratégia das demais defesas busca apenas enfraquecer um instrumento fundamental para o avanço da apuração sobre a trama golpista.

Assista ao julgamento:

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