A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados iniciou, nesta quarta-feira (10/9), a fase de oitivas no processo que envolve a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP). A sessão, conduzida pelo relator, deputado Diogo Garcia (Republicanos-PR), começou às 11h30 e contou com o depoimento, por videoconferência, de Walter Delgatti Neto, conhecido como hacker de Araraquara.
Também está prevista a participação do especialista em provas digitais Michel Spiero, e de Zambelli, que está presa na Itália e aguarda julgamento de extradição.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
No depoimento, Delgatti confirmou que realizou invasões a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) entre 2022 e 2023 a pedido da deputada. Segundo ele, o objetivo de Zambelli era fragilizar a confiança nos sistemas de Justiça e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O hacker, que está preso desde agosto de 2023, relatou ter se encontrado com a parlamentar em agosto de 2022, em um hotel, ocasião em que trocaram contatos. Segundo o depoimento, Zambelli pediu inicialmente que ele cuidasse da segurança de seu gabinete, mas depois passou a solicitar invasões a órgãos, como Superior Tribunal Federal (STF) e TSE.
“Ela queria que eu conseguisse comprovar que o sistema era violável, pois queria desacreditar o discurso da época sobre a segurança do sistema de Justiça e do TSE”, afirmou Delgatti.
O depoente afirmou ainda que, a pedido da deputada, chegou a produzir um despacho falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, utilizando o acesso obtido ao sistema do CNJ. Ele também revelou que recebeu ajuda financeira de Zambelli, que teria prometido um emprego como forma de apoio, mas não cumpriu a promessa.
Alteração de registros
Um ponto discutido na audiência foi a criação do usuário “Adolfo Majado Filho” nos sistemas do CNJ. O hacker, porém, afirmou que adulterou os registros de data para dificultar a detecção da invasão, garantindo que a conta foi criada apenas em 2023.
Contexto
No depoimento, Delgatti também resgatou episódios anteriores de sua trajetória como hacker, citando a Operação Spoofing, quando acessou mensagens da Lava Jato a partir do Telegram de um procurador em Araraquara (SP), sua cidade natal. Ele reforçou que não havia ligação de Zambelli com esses fatos e que só se aproximou da deputada em 2022.
Próximos passos
O processo contra Carla Zambelli tramita na CCJ sob a Representação nº 2/25 e, após análise na comissão, seguirá para decisão do plenário da Câmara. A deputada segue detida em território italiano, aguardando a definição sobre sua extradição para o Brasil.
Carla Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão em regime fechado pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e à perda de mandato parlamentar, decisão que será analisada pela Câmara. Além disso, ela cumpre outra condenação de cinco anos e três meses determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com uso de arma. Delgatti, também condenado, responde pelo crime de falsidade ideológica.
Oitivas da CCJ no caso Carla Zambelli
-
Início da fase de oitivas: A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara iniciou a fase de depoimentos no processo da deputada licenciada Carla Zambelli.
-
Depoimento do hacker Walter Delgatti Neto: Por videoconferência, Delgatti confirmou que invadiu sistemas do CNJ a pedido de Zambelli. O objetivo, segundo ele, era fragilizar a confiança na Justiça e no TSE.
-
Acusações contra Zambelli: Delgatti relatou que a deputada solicitou invasões a sistemas do CNJ, STF e TSE e que ele chegou a produzir um despacho de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.
-
Alteração de registros: A defesa de Zambelli argumentou que a conta "Adolfo Majado Filho" foi criada em 2020. No entanto, o hacker afirmou que adulterou a data para 2020 para dificultar a investigação, garantindo que a criação da conta ocorreu em 2023, após o contato com a deputada.
-
Outros envolvidos: Além de Delgatti, a CCJ prevê ouvir o especialista em provas digitais Michel Spiero. A deputada Zambelli, que está presa na Itália, ainda não foi ouvida.
-
Condenação de Zambelli: A deputada já foi condenada a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema do CNJ e a cinco anos e três meses por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.
-
Próximos passos: O processo, que tramita na CCJ, seguirá para o plenário da Câmara para uma decisão final sobre a perda de mandato da deputada.
Saiba Mais
-
Política Fux alfineta e diz que não vai citar decisões de colegas: "deselegante"
-
Política Fux vota pela exclusão da acusação de organização criminosa contra Ramagem
-
Política Michelle critica revista em Fusca: "Tivemos que abrir para ver se o Jair estava lá"
-
Política Fux concorda com advogados sobre dificuldade para analisar 70 terabytes de provas
-
Política Julgamento de Bolsonaro no STF, dia 4: o voto de Luiz Fux
-
Política Fux critica postura de Mauro Cid, mas mantém delação premiada
