Parlamento

Impasse entre anistia e isenção do IR marca coletiva com Lindbergh e Paulinho da Força

Líder do PT afirma que votação da revisão de penas ameaça travar avanço da proposta de isenção do Imposto de Renda, enquanto o relator da anistia insiste em colocar tema em pauta já na próxima semana

Um dia após se reunir com a oposição para discutir sobre a proposta de anistia na Câmara dos Deputados, o relator da proposta, agora chamada por ele de “dosimetria”, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), se reuniu com deputados da base governista.

O encontro foi marcado pelo impasse entre a proposta que beneficia presos do dia 8 de janeiro de 2023 e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — em discussão desde o início da legislatura — e a votação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, prevista para entrar na pauta da próxima semana. Enquanto Paulinho quer que a matéria entre na votação da próxima semana, o líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ), pede para que a pauta do governo seja priorizada.

Para o líder do PT, o risco é que a insistência em pautar a anistia prejudique a tramitação da isenção do IR, considerada prioridade pelo governo.

“Na próxima semana temos a votação da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil. Qualquer assunto como esse pode tumultuar a pauta. Se colocarmos revisão de penas junto, há uma grande chance de não votarmos o IR, que impacta diretamente a vida do povo brasileiro”, disse Lindbergh.

Paulinho, no entanto, sinalizou que seu relatório pode ser apresentado já na segunda-feira (29). “Ainda tenho uma série de conversas hoje, vou falar com o presidente da Câmara, Hugo Motta  (Republicanos-PB), para acertar o calendário. Mas tudo leva a crer que é possível votar na terça-feira (30). Até porque, se não votar isso, não vota IR”, disse o relator, que também reconheceu que saiu do encontro com a base governista sem nenhum apoio.

“Foi importante ouvir a posição do PT, que já esperava que fosse contrária tanto à anistia quanto à dosimetria. Portanto, está dentro da minha contabilidade. Saio com zero voto, mas essa conta será feita no plenário”, afirmou.

Benefício a Bolsonaro

Do outro lado, Lindbergh foi ainda mais incisivo ao afirmar que a proposta de dosimetria beneficia diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado por tentativa de golpe de Estado.

“Ele [Paulinho] falou abertamente que tem redução de penas para Jair Bolsonaro. Eu tive acesso ao texto: golpe de Estado cairia para dois a seis anos, menos que um roubo de celular. É uma interferência brutal do Legislativo em um julgamento em curso”, criticou o petista.

O líder também acusou setores da oposição de tentar condicionar a votação da isenção do IR à flexibilização da pena de Bolsonaro, algo que considera inaceitável. “Não vai ter um movimento claro de dizer que ou cedemos na revisão de penas ou não vota imposto de renda. Nossa posição é unânime. O presidente Hugo Motta precisa entender que pautar esse tema é um risco de escalar uma crise institucional e inviabilizar uma pauta essencial ao país”, completou Lindbergh.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

https://www.correiobraziliense.com.br/webstories/2025/04/7121170-canal-do-correio-braziliense-no-whatsapp.html

 

Mais Lidas