Câmara dos Deputados

CCJ reavalia diligências em processo que pode cassar mandato de Zambelli

Relator pediu ao STF novos documentos e a retirada do sigilo do caso; deputada declarou esperar ser libertada em breve na Itália

"Processo foi todo injusto", disse Zambelli durante depoimento nesta quarta-feira (24/9) - (crédito: Renato Araújo/Câmara dos Deputados)

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados vai reavaliar diligências no processo que pode resultar na cassação do mandato da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP). O relator da Representação nº 2/25, deputado Diego Garcia (União-PR), informou nesta quarta-feira (24/9) que reiterou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de documentos considerados essenciais para a instrução do caso, além da solicitação de retirada do sigilo sobre os autos.

“Solicitamos e já foi enviada uma nova diligência, pedindo justamente a peça que conteria as provas referentes às falas dela com o Delgatti. Analisando os autos, não encontramos esse documento. Então, estamos reiterando o pedido e pedindo também o levantamento do sigilo, para que os parlamentares tenham acesso e para que eu possa utilizar, caso seja necessário, no momento de apresentar meu voto”, declarou Garcia ao Correio.

Segundo ele, a continuidade da instrução depende da resposta do STF. “Tendo a resposta, aí eu vou decidir informar o presidente se encerramos essa fase ou se apresento novas diligências”, explicou ele se referindo a uma indefinição de data para retornarem à apreciação do tema na comissão.

Durante a sessão de hoje, Zambelli mostrou esperança e que espera ser libertada em breve na Itália, onde está presa, mas voltou a atacar a condução do processo pelo Supremo. “Em pouco tempo, não vou estar mais dentro de um presídio, vou estar solta, porque o processo foi todo injusto, do começo até o final, e espero que consiga provar isso aqui também na CCJ e no Plenário”, disse.

A parlamentar destacou que autoridades italianas teriam estranhado o papel do ministro Alexandre de Moraes no julgamento. “O ministro foi vítima, relator e julgador. Quando falei, começaram a rir. Disseram: ‘Isso não existe, fala a verdade para a gente’.”

Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto foram condenados em agosto de 2023 pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que resultou na inserção de documentos falsos, como um mandado de prisão contra Moraes. A deputada também foi condenada à perda do mandato, decisão que ainda depende de confirmação pela Câmara.

Defesa e acusações

No depoimento, Zambelli refutou as acusações de Delgatti sobre supostos contatos frequentes. “Converso com as pessoas mesmo quando me enganam, sou meio tonta, não tem outra explicação”, afirmou. Ela ainda negou que pudesse ter tido influência no episódio. “O crime foi em janeiro de 2023. Mesmo que eu tivesse dado ordem, não serviria de nada, porque o Lula já tinha ganhado.”

A CCJ já ouviu Delgatti Neto e testemunhas favoráveis à deputada, como o especialista em provas digitais Michel Spiero e o ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro.

Zambelli também citou o ex-deputado Daniel Silveira (RJ) e apontou uma “sanha persecutória” do Supremo contra parlamentares. “No meu caso, só houve um grau de jurisdição, Moraes não aceitou recurso e me colocou em prisão preventiva, que não existe para deputado”, argumentou.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

  • Google Discover Icon
Por Wal Lima
postado em 24/09/2025 15:16 / atualizado em 24/09/2025 15:20
x