
Apesar da retaliação do governo ao Centrão por ter ajudado a enterrar a MP do IOF, na semana passada, o União Brasil mesmo assim faz pressão para emplacar Wilton Mota na presidência do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). O partido, com o PP — juntos formam a federação União Progressista —, dera, dias atrás, um ultimato a seus filiados para que abandonassem os cargos que ocupavam no Executivo, inclusive prometendo punir quem preferisse continuar. Mas tem atuado para, mesmo dizendo-se fora e votando contra o governo no Congresso, para manter postos de perfil estratégico.
O Serpro é uma das empresas públicas mais cobiçadas, devido à importância das informações que armazena e pelo volume de negócios que pode alavancar nos próximos anos. O órgão é responsável pelo processamento de dados do governo e teve receita líquida de R$ 4,1 bilhões no ano passado, maior do que todo o orçamento do Ministério de Turismo — ocupado por Celso Sabino, que se rebelou contra a determinação do União Brasil, decidiu permanecer no posto e enfrenta um processo interno de expulsão. Quem também ignorou a determinação partidária foi o ministro dos Esportes, André Fufuca, tanto que, no último dia 8, foi afastado da vice-presidência nacional do PP e do comando do diretório estadual do Maranhão pelo presidente nacional da legenda, senador Ciro Nogueira (PI).
O Serpro também está se preparando para implementar a estrutura de suporte da Reforma Tributária, o sistema de soberania digital de dados e os estudos para regulação do uso de inteligência artificial (IA). A instituição gerenciar sistemas como os da Receita Federal e desenvolve soluções digitais para aumentar a transparência nos gastos públicos.
Padrinhos
Atual diretor de Operações do Serpro por indicação do União, Mota, porém, está confiante na força dos padrinhos políticos — uma delas a senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO) — ao ponto de ter feito convites para integrar sua "futura" equipe. Mas, naquilo que depender do governo, dificilmente ele ocupará o cargo. O Palácio do Planalto vem mapendo os cargos de segundo e terceiro escalões e apadrinhados do União e do PP e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, tem o aval do presidente para seguir com a faxina. O governo quer aproveitar a popularidade em alta para deixar claro que não faz sentido manter indicações de partidos que têm trabalhado para impor derrotas, sobretudo na Câmara, às propostas que lhe são de interesse.
O Planalto decidiu exonerar os apadrinhados do União, do PP e do PSD — que não deu ultimato para que ninguém deixasse o governo Lula — depois da derrubada da medida provisória que substituiria o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas jurídicas e físicas. A "limpa" alcança cargos na Caixa Econômica Federal, na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e na superintendências no Ministério da Agricultura.
As exonerações não param por aí. No Diário Oficial da União (DOU) de ontem, constavam as demissões de diretores ligados ao Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, incluindo da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). A expectativa é de que as exonerações de afilhados do Centrão vão continuar e atingir todos os deputados que votaram contra o governo na derrubada da MP.
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