
Um dia depois de ter acusado o governo federal de não prestar apoio ao estado no combate ao crime organizado, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), firmou parceria com o Ministério da Justiça para enfrentar a crise de segurança pública.
Castro e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, fizeram reunião no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, e anunciaram, em entrevista coletiva, a criação do Escritório Emergencial contra o Crime Organizado.
Lewandowski disse que o governo federal colocou à disposição vagas em presídios federais de segurança máxima para a transferência de líderes de facções. Também anunciou o aumento do efetivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a disponibilização de peritos criminais e profissionais da Força Nacional e de outros estados para intensificar as atividades de inteligência.
"Estamos aqui por determinação do presidente Lula, que, após ter vindo do exterior, imediatamente convocou uma reunião ministerial de emergência para tomar pé da crise emergencial da segurança pública do Rio e se colocou à disposição do Governo do Estado do Rio de Janeiro, sobretudo em apoiar o governador neste momento de crise", afirmou o ministro.
Castro, por sua vez, disse ter ficado "feliz em compreender que o ministro e sua equipe entenderam que o problema da segurança pública é transnacional e que o estado do Rio de Janeiro é um dos principais epicentros". "Várias propostas foram colocadas a nós, e saiu da nossa conversa a criação desse escritório emergencial de enfrentamento ao crime organizado, que será coordenado pelos secretários de segurança estadual e federal, Victor Santos e Mário Sarrubbo, para que nossas ações sejam 100% integradas a partir de agora", destacou o governador.
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PEC da Segurança
O titular da Justiça ressaltou que o modelo da estrutura que será executada no estado será um escopo do que ele quer discutir com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/2025, que propõe alterações na segurança pública e estão em tramitação no Congresso.
"Esse é um embrião daquilo que queremos discutir com os parlamentares, porque queremos fazer o entrosamento das forças federais, estaduais e até municipais no enfrentamento deste flagelo, desta verdadeira patologia que é a criminalidade", frisou o ministro.
A PEC, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara em julho deste ano, está parada na Casa. Nesta quarta-feira, o relator, deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE), ressaltou a importância de colocar a medida em pauta com urgência.
"A situação no Rio reforça a necessidade de votar a PEC. Ainda tem muito debate pela frente, até porque o que governo mandou não resolve nada, é apenas carta de intenções", afirmou.
Terrorismo
Durante a coletiva, Lewandowski dissociou terrorismo de facção criminosa, depois de ser questionado sobre o Projeto de Lei nº 1283/2025, apresentado pelo deputado Danilo Forte (União-CE) na Câmara e que sugere "ampliar as motivações do crime de terrorismo, especificar infraestruturas críticas e serviços de utilidade pública, estender a aplicação da lei a organizações criminosas e a milícias privadas que realizem atos de terrorismo".
Para Lewandowski, terrorismo e facção criminosa são coisas diferentes. "O terrorismo defende uma questão ideológica, com atentados esporádicos. Já as facções criminosas são constituídas por grupos de pessoas que praticam crimes que estão na legislação do nosso país", frisou.

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