Segurança Pública

Comissão de Direitos Humanos da Câmara viaja ao Rio após megaoperação

Parlamentares aliados de Lula repudiam a operação mais letal da história do país e cobram responsabilidade do governador Cláudio Castro (PL)

Comissão de Direitos Humanos da Câmara anuncia ida ao Rio de Janeiro para discutir megaoperação
 -  (crédito: Vanilson Oliveira/CB/DA.Press)
Comissão de Direitos Humanos da Câmara anuncia ida ao Rio de Janeiro para discutir megaoperação - (crédito: Vanilson Oliveira/CB/DA.Press)

Um dia após a operação policial que deixou mais de 100 mortos no Rio de Janeiro, deputados da base do governo federal, que integram a Comissão de Direitos Humanos, anunciaram que vão ao estado nesta quinta-feira (30/10) para acompanhar a situação. A comitiva pretende se reunir com familiares das vítimas, organizações civis e autoridades estaduais. O grupo criticou duramente a condução da política de segurança pública do governador Cláudio Castro (PL) e pediu investigação independente sobre as mortes.

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

A deputada Talíria Petrone (PSol-RJ) classificou a ação como “massacre promovido pelo governo estadual” e disse que o episódio “escancara a falência do modelo de segurança pública no Rio”. “Nós vivemos a dor do que foi o Carandiru, com 111 mortos, e hoje são 134 vidas perdidas, podendo chegar a 200. Há décadas enxugamos sangue, sem resultados, e o governador Cláudio Castro é responsável direto por esse cenário”, afirmou. Ela defendeu uma força-tarefa nacional e maior atuação da União.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) manifestou indignação com a operação. Para ela, o episódio tem motivação política e repete um padrão de violência que atinge principalmente as comunidades mais pobres. “Não há segurança para quem mora na favela. Essas ações sempre acontecem perto das eleições. Eles não foram lá para prender ninguém, foram para matar”, disse.

Benedita lembrou sua experiência como ex-governadora e defendeu o uso de inteligência e planejamento. “Prendi líderes do tráfico sem dar um tiro. Por que agora, com tantos recursos, o Estado não consegue fazer o mesmo?”, questionou.

O deputado Reimont (PT-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, destacou a discrepância entre as operações da Polícia Federal e as da Polícia Militar do estado. Segundo ele, ações federais apreenderam toneladas de drogas e prenderam dezenas de traficantes em 2025 sem nenhuma morte. “Enquanto isso, no Alemão e na Penha, temos quase 150 mortos e relatos de execuções na mata. Não se combate o crime com mais violência de Estado”, afirmou.

A comitiva deve visitar o Complexo do Alemão, o Instituto Médico-Legal (IML), a Defensoria Pública e a Procuradoria-Geral de Justiça do Rio.

O líder do governo na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), defendeu que a resposta federal será “no sentido oposto” ao da política de Castro, com foco em inteligência e investigação.

Ele confirmou que o ministro Lewandowski e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, estão a caminho do Rio. “Vamos montar uma força-tarefa de inteligência, como na Operação Carbono Oculto, que desbaratou o esquema financeiro do PCC sem um disparo”, disse. Segundo o parlamentar, a resistência de Cláudio Castro à PEC da segurança tem como motivo “o medo de investigações autônomas que atinjam conexões políticas e policiais envolvidas com o crime organizado”.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

  • Google Discover Icon
postado em 29/10/2025 16:59 / atualizado em 30/10/2025 10:40
x