
Senadores de diferentes partidos demonstraram confiança com a formação do colegiado eleito ontem (4/11) para compor a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O Correio conversou com alguns parlamentares e o sentimento comum entre eles é de que a comissão possui qualidade técnica e credibilidade. A CPI será presidida por Fabiano Contarato (PT-ES) e terá Hamilton Mourão (Republicanos-RS) como vice. Na relatoria está Alessandro Vieira (MDB-SE).
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O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) afirmou à reportagem que a escolha dos três titulares “dá credibilidade à CPI”. Segundo ele, a experiência de Contarato e Vieira, ambos delegados, e o histórico de Mourão no Exército formam uma equipe competente.
“Uma CPI que tem um tripé formado por Alessandro Vieira, Fabiano Contarato e o general Hamilton Mourão não tem como ser questionada. São três homens preparados, com história. Eu não tenho dúvida de que eles vão fazer a diferença”, declarou.
Kajuru comparou a seriedade da nova comissão com a da CPI da Covid, que era composta pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), na presidência, Randolfe Rodrigues (Rede -AP) como vice e Renan Calheiros (MDB-AL) como relator, segundo ele, formada por hombridade e responsabilidade.
“Vivemos uma polarização, mas ela não será maior que a boa intenção desses três homens. Essa CPI precisa entrar até o cotovelo na realidade do país. Eu não enxergo pizza no final, porque ali há gente que não quer manchar a própria carreira política”, completou o senador.
Calendário apertado
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) também demonstrou otimismo. Ela afirmou estar satisfeita com a escolha do senador Mourão e disse que pretende acompanhar de perto as investigações e oitivas. “Com o meu vice-presidente sendo o general Mourão, fiquei muito feliz. O Contarato e o Alessandro, por serem delegados, têm uma habilidade muito grande. Acho que eles vão fazer um grande trabalho. Não faço parte formalmente da CPI, mas vou dar trabalho para eles. Vou estar presente o tempo todo, porque acredito que as duas CPIs acabam se encontrando: não existe esquema grande sem o crime organizado por trás”, afirmou fazendo referência à CPMI do INSS.
Damares, no entanto, manifestou preocupação com o calendário apertado e o recesso parlamentar, já que a Casa só volta no dia 1° de fevereiro. “A única preocupação é o tempo. A CPI começa em novembro, e o recesso atrapalha. A partir de 15 de dezembro até fevereiro, tudo para. Então o desafio será manter o ritmo, com diligências e audiências mesmo nesse período”, ponderou.
O senador Esperidião Amin (PP-SC) também ressaltou os integrantes da CPI. Ele defendeu que as CPIs adotem o que ele chamou de “exceção da verdade”. Ou seja, garantir que informações comprovadas não sejam suprimidas dos relatórios finais. “Essa CPI tem futuro pela qualidade das pessoas escolhidas e pela indignação da sociedade. O delegado Fabiano Contarato é comprometido com sua carreira e já deu provas disso. Alessandro Vieira é um homem honesto, sério, e Mourão traz experiência militar e institucional. Temos nomes bons, próximos da verdade e dos fatos convincentes”, afirmou Amin.
O Correio também conversou com senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que destacou que a CPI é uma resposta institucional a uma preocupação crescente da sociedade com o avanço das facções criminosas. Ele lembrou que o pedido de criação da comissão é anterior aos episódios recentes de violência no Rio de Janeiro. “Alguma coisa iria desdobrar dentro do Congresso, e a CPI é um instrumento legítimo. Foi proposta antes dessa confusão toda no Rio. O Senado estava atento e nada mais natural do que seguir seu trabalho, ouvindo e apurando. Não podemos ser reféns de grupos organizados, narcotraficantes e da bandidagem”, declarou.
Para o senador, a formação da mesa demonstra equilíbrio político e comprometimento. “Há um equilíbrio claro, a comissão está seis a cinco. E o perfil dos escolhidos dá tranquilidade: quem está na presidência e na relatoria tem personalidade e preparo para investigar doa a quem doer”, frisou.
O senador Jorge Seif (PL-SC) também elogiou os nomes definidos e afirmou confiar no trabalho da CPI. Ele destacou que o crime organizado “se modernizou” e que o país vive uma escalada alarmante de poder financeiro das facções. “Tem que respeitar a história do Contarato e do Alessandro Vieira, ambos ligados à segurança pública. Eu acredito que farão um bom trabalho. O crime organizado se refinou, entrou em atividades legais, tem usinas de etanol, postos de gasolina, fintechs, mercado financeiro. O papel do legislador é investigar isso, independentemente de partido”, disse.
O parlamentar revelou estar elaborando um dossiê sobre a ascensão do narcotráfico no Brasil e que pretende entregar o estudo à CPI, nos próximos dias. “Trabalhei nisso por quase nove meses. O brasileiro hoje tem medo de sair de casa. O policial está depressivo, enfrenta bandido com armas de guerra. Essa CPI precisa ir fundo. Eu tenho certeza de que, com esse time, vai entregar resultados reais para a segurança pública”, concluiu.

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