
Na sequência do debate sobre "O impacto e diferenciais da gestão feminina em governos e no setor privado", tema do primeiro painel do 4º Brasília Summit, as emoções foram destaque nas falas da superintendente do Sebrae-DF, Rose Rainha, e da médica especialista em longevidade do Hospital Vila Nova Star Fernanda Catena. “Por muito tempo, a emoção feminina foi confundida com fragilidade, mas ela é, na verdade, a força que humaniza decisões, impulsiona a coragem e transforma a liderança”, disse Rose Rainha.
A representante do Sebrae mostrou que apenas 6% dos CEOs do planeta são mulheres, percentual que se repete nas empresas brasileiras. E que apenas 38% dos cargos de comando estão em mãos femininas. Para ela, é uma distorção porque as mulheres têm capacidade de construir uma liderança criativa, com algumas características que são próprias do gênero feminino.
“Pesquisas mostram que a mulher, na liderança, tem mais facilidade de estar mais próxima dos seus liderados, o que tem causado mudanças sociais profundas em muitas empresas. No setor público, as mulheres lideram com sensibilidade social e foco nos resultados, promovendo educação, inclusão e bem-estar coletivo com transparência e empatia”, disse a executiva.
Ela destacou a importância da presença das mulheres nos cargos de chefia das empresas do setor privado. Para Rainha, a mulher leva ao ambiente de trabalho “esse cuidado que ela teve, historicamente, com a família, com os filhos; ela leva isso para o seu ambiente de liderança.”
“No setor privado,empresas com liderança feminina são mais inovadoras e produtivas, criam ambientes colaborativos e fortalecem equipes com confiança e propósito”, concluiu a superintendente do Sebrae-DF.
“Brain fog”
A médica especializada em longevidade do Vila Nova Star Fernanda Catena reforçou a importância de a mulher cuidar do seu equilíbrio físico e psicológico no processo de construção de sua carreira. Ela lembra que, para atingir os postos mais altos da organização para a qual trabalha, a mulher acaba deixando o autocuidado em segundo plano. Mas esse equilíbrio é fundamental para evitar o que os estudiosos chamam de “brain fog”, ou névoa mental, que costuma afetar mulheres a partir dos 40, 50 anos de idade — período em que o organismo feminino passa por mudanças por causa da menopausa.
“Exatamente nessa fase, no auge da carreira, aparece um sintoma que acomete 70% das mulheres a partir dos 40 anos e que pode atrapalhar muito a nossa trajetória profissional. Estou falando do braim fog (sensação de confusão, dificuldade de memória, raciocínio lento), essa névoa mental. O cérebro não lida bem com falta de energia”, disse ela.
A médica foi taxativa ao afirmar que essas mudanças no metabolismo atingirão todas as mulheres, em algum grau, em algum momento da vida. Por isso, ela crê na necessidade de “educar a sociedade” para essas mudanças metabólicas que são características do corpo e da mente das mulheres.
“Os sintomas da menopausa são frustros (incompletos, não identificados plenamente) e, muitas vezes, a gente os justifica por outros motivos, como os filhos pequenos, a carga de trabalho alta”, alerta a especialista. Por isso, ela defende que os médicos também tenham informação sobre esses processos que envolvem o envelhecimento da mulher.
Além do acompanhamento médico constante, ela fez questão de destacar a importância dos exercícios físicos na vida das mulheres. Sem essa atividade regular, segundo ela, o corpo deixa de produzir substâncias que são essenciais para a performance física e intelectual, justamente na fase da vida em que a mulher mais precisa. “Assim, aquelas áreas que estavam acometidas pela falta de estrógeno (hormônio que regula o sistema reprodutor feminino) começam a funcionar melhor. Também melhora nosso padrão de sono, que, em 80% das mulheres acima de 50 anos, sofre alterações”, explica ela.
“Todo mundo sabe que o exercício físico é importante, mas é exatamente para chegar nesses lugares mais altos (da carreira) que a gente abdica deles, deixa de ser nossa prioridade. Nosso autocuidado fica deixado de lado, a gente perde esse grande poder do cérebro feminino se deixa de estimulá-lo com atividade física”, lamentou a médica. Mas ela concluiu sua participação no debate com uma mensagem de otimismo: “Se mantivermos nossa saúde mental, com certeza, vamos chegar, cada vez mais, ao topo”.
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