PL Antifacção

Líder do PT cobra substituição do relator do PL Antifacção

Deputado aponta retrocessos no parecer elaborado por Guilherme Derrite, como cortes de recursos da Polícia Federal. Segundo ele, texto desmonta instrumentos essenciais de combate ao crime organizado

Lindbergh Farias:
Lindbergh Farias: "A gente viu tentativa de criar uma nova PEC da blindagem" - (crédito: Gabriel Paiva/Ascom PT na Câmara)

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), defendeu, nesta segunda-feira (17/11), a substituição do relator do PL Antifacção, deputado Guilherme Derrite (PP-SP), após afirmar que a condução do parecer elaborado por ele provocou “bagunça legislativa”, retrocessos e suspeitas sobre eventuais interesses na desidratação dos mecanismos de investigação e asfixia financeira do crime organizado.

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Segundo Lindbergh, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), poderia ter evitado a crise ao nomear um relator “neutro” e disposto a trabalhar com a base do texto enviado pelo governo.

“Se o presidente Hugo Motta quisesse corrigir essa confusão toda, ele conversaria com o relator Derrite, explicaria as motivações e escolheria outro relator. Nem precisa ser nosso, há vários nomes do Centrão. Mas que partisse do texto do governo. Por que ele não coloca o PL Antifacção? Porque não quer reconhecer que foi enviado pelo Executivo”, afirmou.

O líder ainda citou três pontos “inegociáveis” para a base de Lula: recompor o perdimento extraordinário de bens, restaurar os recursos da Polícia Federal e retomar, no texto, o tipo penal de facção criminosa. Ele afirmou que o relatório atual desmonta instrumentos essenciais de combate ao crime organizado.

“O perdimento de bens foi desmontado. Parece uma tentativa de proteger alguém envolvido com organização criminosa”, disse. Ele lembrou que operações recentes, como a Carbono Oculto — que apreendeu R$ 1,2 bilhão, incluindo quatro navios da Refit —, não seriam possíveis com as regras propostas por Derrite. “Se já estivesse valendo esse relatório, essas apreensões não ocorreriam.”

Pressão dos governadores

O parlamentar também responsabilizou governadores alinhados à extrema-direita pela pressão sobre o Congresso para enfraquecer a atuação da Polícia Federal em seus estados. “Alguns governadores não aceitam a linha de integração das polícias com fortalecimento da PF. No fundo, dizem que a PF não deve atuar contra o PCC ou o Comando Vermelho no seu estado”, frisou. Ele relacionou essa resistência às investigações em curso, como a operação revelada pelo ministro Alexandre de Moraes sobre lavagem de dinheiro envolvendo o Comando Vermelho e seu braço político no Rio.

Corte de R$ 360 milhões

O líder reiterou que o corte de R$ 360 milhões da PF segue no relatório mais recente, mesmo após recuos parciais. Os recursos, segundo ele, deveriam ser mantidos a partir do Funapol, do Fundo Antidrogas e do Fundo Nacional de Segurança Pública. “A gente viu tentativa de criar uma nova PEC da blindagem. Recuaram em parte, mas cortaram recursos. Recompor o orçamento da PF é central”, destacou.

Terrorismo 

Sobre o destaque que tenta reinserir trechos relativos ao crime de terrorismo, o líder enfatizou que o governo trabalhará para derrotá-lo, afirmando que bancos, fundos de investimento e instituições financeiras já alertaram sobre os riscos ao país. “Quando um país é classificado como terrorista, fundos internacionais não podem investir. Isso afeta a Bolsa e pode mexer até na classificação de risco. O ministro Haddad me falou isso. Não vamos aceitar aventuras”, sustentou.

Ele classificou o tema como “provocação bolsonarista” e citou declarações recentes do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). "Falou até em bombardear barcos na Baía de Guanabara. É uma desculpa para criar contencioso com os Estados Unidos", acrescentou.

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Por Wal Lima
postado em 17/11/2025 18:34 / atualizado em 17/11/2025 18:35
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