
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS ouviu, nesta quinta-feira (27/11), o contador Mauro Palombo Concílio, responsável pela contabilidade de diversas empresas que receberam repasses da Amarbrasil, entidade investigada por envolvimento em fraudes contra aposentados e pensionistas. A oitiva ocorreu após a comissão adiar, novamente, a análise do requerimento que pede a convocação do advogado-geral da União, Jorge Messias. A matéria deve ser votada somente na próxima semana.
Concílio foi chamado a prestar esclarecimentos depois que a comissão confirmou que ele cuidava da contabilidade de empresas abastecidas com dezenas de milhões de reais provenientes da AmarBrasil. Durante o depoimento, o contador admitiu ter feito declarações de Imposto de Renda do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, mas afirmou não responder pela contabilidade das empresas ligadas ao operador. Antunes está preso na Penitenciária da Papuda desde o fim de outubro.
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Aos parlamentares, Concílio declarou ter ficado “surpreso” com as informações que apontam Antunes como líder do esquema fraudulento, alegando que, pelos dados aos quais tinha acesso, não havia indícios de irregularidades. Ele ressaltou que assinava pessoalmente todos os documentos fiscais e que, ao analisar extratos bancários, identificava créditos, bloqueios e liberações judiciais que lhe transmitiam “credibilidade” de que as operações eram legítimas.
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (PL-AL), confrontou o contador sobre sua participação na abertura de empresas usadas para movimentar recursos de associações conveniadas ao INSS. Gaspar questionou como um profissional experiente não teria percebido a existência de um esquema estruturado de lavagem de dinheiro. “Esse dinheiro, R$ 794 milhões, passou pela contabilidade do senhor”, afirmou. Concílio respondeu que apenas atendia às solicitações de clientes para abertura de pessoas jurídicas e que não tinha obrigação legal de verificar antecedentes ou investigar vínculos dos sócios.
Ao ser questionado sobre possível conflito de interesse, já que algumas dessas empresas recebiam recursos de associações presididas por pessoas que ele mal conhecia, Concílio alegou que não tinha contato direto com dirigentes e que sua atuação limitava-se ao cumprimento de exigências formais para abertura e manutenção das companhias. “O escritório trata da parte contábil. Chegando a documentação, somos obrigados a contabilizar”, disse.
Apesar das explicações, parlamentares afirmaram ter dificuldade em acreditar na ausência de suspeitas por parte do contador, sobretudo pelo volume de dinheiro movimentado e pela reincidência de estruturas semelhantes criadas por ele para diferentes envolvidos.

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