O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou, ontem, que líderes de países como a França e a Itália apoiem a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, prevista para ocorrer no próximo sábado, durante a Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, no Paraná.
"Eu espero que o meu amigo (Emannuel) Macron e a primeira-ministra da Itália (Giorgia Meloni) assumam a responsabilidade e que, no sábado, após fazer a reunião do Mercosul, com a participação da União Europeia, espero que tragam a boa notícia de que vão assinar o acordo e de que não vão ter medo de perder competitividade (com produtos brasileiros)", enfatizou Lula, em discurso na cerimônia da reunião do Conselho de Participação Social, no Palácio do Planalto.
Lula também comentou não haver sentido na resistência de produtores rurais franceses em relação ao acordo, porque os produtos da agricultura da França não competem com os do agro brasileiro. "O presidente Macron está muito preocupado com os produtores rurais franceses, que acreditam que vão perder competitividade na disputa com o Brasil. Eles não querem fechar o acordo agora porque a população está meio rebelde na França", completou.
Sem concorrência
O chefe do Executivo também afirmou já ter comunicado a Macron que os produtos do agro francês não competem com os do agro brasileiro. "Na verdade, são coisas diferentes, qualidades diferentes. E nós estamos cedendo mais do que eles (no acordo)", acrescentou.
No parlamento europeu, uma minoria significativa que representa países como França, Itália e Polônia posiciona-se de forma relutante ao acordo. Ontem, os deputados aprovaram, por 431 votos a 161, uma série de medidas que preveem mecanismos de salvaguarda para o setor agrícola, um dos mais insatisfeitos com esse processo. Produtos mais sensíveis, como carne bovina, aves e açúcar, serão supervisionados e, caso seja constatado um desequilíbrio prejudicial de mercado, a UE poderá aplicar tarifas adicionais.
Já países como Alemanha e Espanha defendem que o acordo beneficiará as exportações europeias, afetadas pelas tarifas comerciais dos Estados Unidos.
