Saúde

Asma: diagnóstico precoce e tratamento correto são pontos-chave

Apesar de atingir até 20% da população, a doença ainda é rodeada de desinformação e dificuldade de diagnóstico. Além disso, muitos subestimam sua gravidade

Eduardo Fernandes
postado em 23/06/2023 08:26
 (crédito: Reprodução: Sincerely Media/Unsplash)
(crédito: Reprodução: Sincerely Media/Unsplash)

Um problema respiratório bastante conhecido, mas que sempre precisa de atenção. A asma é uma doença muito comum no país, atingindo cerca de 20 milhões de pessoas. Além do alto número, o DATASUS, banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), ligado ao Ministério da Saúde, destaca que as internações provocadas pela enfermidade vêm crescendo constantemente em todo o Brasil. Um fator que preocupa e faz-se urgente a busca de soluções.

A estimativa é de que a asma alcance de 10% a 20% da população brasileira. Mesmo com o elevado percentual, a doença ainda carrega alguns obstáculos em relação à sua importância e ao diagnóstico precoce. Mauro Gomes, professor da disciplina de pneumologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, ressalta que muitos são os casos em que esse problema crônico é tratado erroneamente no país.

É normal, segundo o pneumologista, que muitos profissionais não saibam diagnosticar, de início, os sintomas que estão comumente ligados à asma. “Muitas pessoas chamam a asma de bronquite. É como uma mãe levar a criança ao pronto socorro e o pediatra passar apenas um xarope e achar que o problema está resolvido”, avalia Mauro Gomes.

A asma acompanha o indivíduo durante toda a vida, com crises de falta de ar, chiado no peito, podendo levar a hospitalizações graves e até mesmo à morte. Por isso, para o pneumologista, o reconhecimento da doença em fase inicial e o não negligenciamento dos sinais são fundamentais para que riscos fatais sejam evitados.

Sintomas

A asma é conhecida por provocar falta de ar ou dificuldade para respirar. Além disso, pode causar chiado no peito ou sensação de aperto na mesma região. Outro sinal bastante recorrente é a tosse. Vale lembrar que os incômodos podem variar nas diferentes horas do dia, piorando, ainda mais, pela noite.

Hospitalizações

De acordo com o DATASUS, cerca de 350 mil internações são feitas no Brasil anualmente.

Cenário global

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 235 milhões de pessoas convivem com a asma no mundo. A OMS, inclusive, acredita que a doença merece uma atenção e um olhar cuidadoso, apesar de sua taxa de mortalidade não ser tão alta.

Medicações

O uso de remédios contra a asma deve ser diário, de modo continuado, para desinflamar os brônquios, como afirma o pneumologista Mauro Gomes. “O objetivo do tratamento é usar medicação por bombinha, que são administrados por inalação. Consequentemente, após a desinflamação dos brônquios, as chances de o indivíduo ter crise de asma se reduzem. Ela vai ter uma vida sem limitações, sem tosse e sem chiado no peito.”

No Sistema Único de Saúde (SUS) esses insumos estão disponíveis.Os pacientes podem procurar na rede pública de saúde os fármacos necessários para o alívio da doença, bem como para a resolução da inflamação que persiste nos brônquios. Mesmo com as possibilidades de tratamento, ainda existem várias pessoas que sofrem com a asma grave no país.

Para aqueles que nem com os remédios ou o uso adequado da bombinha conseguem sanar as adversidades, o pneumologista explica que há medicamentos mais modernos, os imunobiológicos, surgindo na indústria farmacêutica. Eles funcionam como uma espécie de engenharia genética, em que são administrados anticorpos já preparados para combater as células que provocam inflamação no paciente.

Obstáculos

Ricardo Luiz de Melo Martins, professor de clínica médica da Universidade de Brasília (UnB) e médico pneumologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB), ressalta que, nos últimos anos, a asma grave é um dos maiores obstáculos vistos pelos profissionais da área. De acordo com ele, várias doenças respiratórias têm passado por esse risco e se agravado com o tempo.

Existem alguns cuidados que podem ser tomados a fim de evitar que a doença tenha maiores complicações. É muito importante ficar atento à prevenção, aos cuidados com o meio ambiente externo, por exemplo, com a qualidade do ar que respiramos, e ao ambiente interno, como abolir o consumo de cigarro em casa. Muito importante também é fazer a busca ativa de casos, para de pronto iniciar o tratamento da doença, recomenda o médico.

Internet: Uma pesquisa digital feita pelo Crônicos do Dia a Dia revela que o comportamentos dos internautas nas redes sociais e sites de busca têm impulsionado a automedicação de pacientes asmáticos. O alto custo de consultas, diagnósticos tardios e dificuldade em identificar sintomas são os principais motivos para essa nova tendência.

Palavra do especialista

Como solucionar os problemas de asma no país?

A principal maneira de começarmos a melhorar o problema da asma no Brasil é com informação. Primeiro, dando o nome correto à doença. Não é bronquite, isso é diferente da asma. As pessoas precisam conhecer o que é a patologia. Entender que não é apenas aquele momento de crise aguda de falta de ar, mas, sim, uma doença crônica que vai acompanhar ao longo da vida, envolvendo o uso de medicações por bombinhas até mesmo fora da crise, com o objetivo de desinflamar os brônquios.

Em qual período do ano a asma se torna mais crítica?

Assim como todas as doenças respiratórias crônicas, costumam se agravar no período de outono e inverno. Isso porque o ar frio e seco desta época do ano associado, principalmente nas grandes cidades, à poluição são fatores muito irritantes dos brônquios, que são os canais que levam o ar que respiramos desde o nariz e a boca até dentro dos pulmões. Eles são muito irritantes. Com isso, as pessoas que têm esses brônquios mais sensíveis, como quem tem asma, carregam mais chances de ter falta de ar. Por outro lado, nessa época de outono e inverno, é quando acontecem mais infecções respiratórias, principalmente por vírus. Elas se propagam mais entre as pessoas porque elas ficam em ambientes mais fechados, menos ventilados, há mais contato entre as pessoas. Sendo assim, as infecções respiratórias acontecem, provocando um maior risco de crise de falta de ar em quem tem asma.

Mauro Gomes é professor da disciplina de pneumologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

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