
A 33ª edição da CasaCor Brasília ocupa a Casa do Candango, na 603 sul, entre 13 de agosto e 12 de outubro. Desta vez, os projetos seguem o tema Semear Sonhos, que se divide em três principais eixos: sonhos coletivos, ecossistemas em cooperação e confluência de saberes. O evento reúne criatividade, inovação e compromisso social ao apresentar ambientes que priorizam funcionalidade e inclusão, com destaque para projetos desenvolvidos para atender às necessidades de idosos e crianças no espectro autista.
Além de adaptados para oferecerem conforto, segurança e praticidade, os ambientes acessíveis prezam pela estética. O designer de interiores Glauter Suassuna desenvolveu um espaço de 66m², intitulado Raízes do Amanhã, pensado em um casal de octogenários, no qual um dos parceiros vive com Alzheimer. Entre os principais elementos da adaptação para pessoas mais velhas estão os corrimãos, a iluminação perto do chão, a cama autoral, que protege contra quedas, e o controle por comando de voz. “Os idosos podem acionar o Corpo de Bombeiros, o médico deles e ter registrados os números de pessoas da família para que possam ligar em caso de emergência”, ressalta Glauter.
A escolha das cores dos espaços foi feita com a ajuda de gerontólogos, geriatras e neurocientistas, que afirmaram que o amarelo e o vermelho ajudam o cérebro dos idosos a decodificar e manter uma memória melhor, pois, no decorrer da idade, eles perdem a percepção do verde e do azul. “O conceito foi trazer o belo para essa fase tão importante da vida das pessoas”, destaca o arquiteto Daniel Mendonça, que auxiliou no projeto. “Tirar o cinza da terceira idade e trazer cor, vida e alegria, que é o que eles têm muito a oferecer para a gente”, acrescenta.
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Pesquisa na faculdade
Com o projeto Mundo Azul, Caio Frederico e Marcia Urbano inauguram a presença da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB) na mostra. O quarto projetado pela dupla homenageia Pedro Paulo Troncoso, filho da arquiteta, que está no espectro autista. O ambiente acolhedor é uma representação do quarto do próprio PP, como é carinhosamente chamado pelos familiares, quando ele tinha 10 anos. “Ele tinha uma beliche, em que colocava um cobertor, cobria e dormia embaixo para se sentir mais acolhido, ficar mais silencioso e mais aconchegante. Então, a gente tentou reproduzir isso aqui”, conta a irmã de Pedro Paulo e arquiteta, Clara Mello.
Para divulgar a causa e fazer com que as pessoas entendam as dificuldades dos autistas, Clara Mello também colaborou com o projeto. Ela projetou um painel para o quarto que representa um alterego do irmão mais novo, nomeado Thunder PP, que o garoto criou quando era criança para representar um herói que combatia o “João Bullying”, personagem inspirado em um menino que o maltratava na escola.
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De acordo com o pesquisador diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, Caio Frederico, a arquitetura sensorial, inclusiva e acessível é um tema muito discutido na academia. Então, Marcia Urbano reuniu alunos em um projeto de extensão voltado para o assunto, que resultou no plano arquitetônico do Mundo Azul. O ambiente permite que a criança circule e exerça atividades diferentes, especialmente o centro do quarto, um espaço de práticas, que pode ser usado para atividades escolares, desenhos e para as crianças exercerem a criatividade. “Ao ficar nesse canto de atividade, ele é abraçado, porque o meio do quarto é criado quase como uma bolha de proteção”, afirma o professor.
No total, a mostra da CasaCor conta com 49 ambientes, assinados por 67 profissionais — alguns que sempre participam da instalação e outros estreantes. De acordo com Eliane Martins, uma das idealizadoras do evento, além de apresentar arquitetos e designers talentosos, a CasaCor tem o compromisso de ser um local acessível. “A partir de quinta-feira, a gente vai ter um intérprete de libras e a parte tátil do evento para pessoas com deficiência visual. A gente está procurando cada vez mais a inclusão das pessoas, e isso também vem nos projetos”, salienta.
SERVIÇO
33ª CASACOR Brasília
Data: de 13 de agosto a 12 de outubro de 2025
Local: Casa do Candango — SGAS 603
Visitação: de terça a sexta-feira, das 15h às 22h. Sábados e feriados, das 12h às 22h. Domingo, das 12h às 21h
Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia para estudante, professor, PCD e seu acompanhante e pessoas com 60 anos ou mais).
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