
A busca por um lar único é o propósito de muitas pessoas. Aquele ambiente que consiga transmitir a personalidade do morador, sem perder o estilo e a elegância. Nesse caminho, é normal que diferentes formatos estejam em contraste. Tais diferenças, de certo modo, são encontradas entre a simplicidade e a exuberância, na riqueza dos detalhes ou no exagero deles. O maximalismo e o minimalismo são atemporais. Por isso, descobrir sua identidade contribui para uma casa acolhedora e recheada de conforto.
E antes que pense equivocadamente, nenhuma das duas maneiras é a "pior". Muito pelo contrário, afinal de contas, tal ideia vai da personalidade de cada pessoa. Contudo, é interessante focar na beleza desses mundos e em como, mesmo nas diferenças, conseguem apresentar boas propostas. Para o arquiteto e corretor de imóveis Douglas Galvão, no contexto do lar, o maximalismo e o minimalismo chegam de forma contrastante, mas com muita personalidade.
"O minimalismo se caracteriza pelo uso de poucos elementos, com foco em um espaço funcional e 'mais tranquilo', reduzindo os excessos em prol da sensação de calma e amplitude. Em contrapartida, na casa maximalista, as cores, as texturas, os estilos e os objetos se misturam, trazendo uma autenticidade singular", ressalta. Na visão do profissional, o morador maximalista encontra ordem dentro do próprio caos. É nesse excesso que ele descobre um lugar repleto de alento.
Quanto à organização do ambiente, geralmente aparece de forma orgânica, à medida que os novos elementos — pinturas, texturas e objetos — são adicionados ao espaço. "Os itens, quase sempre, carregam memória afetiva, como memórias de viagens, família e momentos únicos, materializados nesses componentes e em referências para o lar", afirma. Diferente do minimalista, que encaixa a famosa filosofia do "menos é mais", mostrando que esse ideal é um estilo de vida, pois deixa a pressão e consumo de lado, especialmente para viver no que considera como pouco, mas suficiente.
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Diferentes personalidades
Ainda que tenham ideias opostas, o arquiteto Rick Hudson explica que os estilos criam contextos únicos para os lares. "Enquanto o minimalismo preza pela simplicidade e por poucos elementos e informações, o maximalismo investe na exuberância e na ocupação dos ambientes, misturando diferentes estilos. Só por essas definições é possível, também, prever traços de personalidade dos moradores de cada um desses espaços", destaca o profissional.
De acordo com ele, pessoas minimalistas, normalmente, prezam pela funcionalidade e por objetos e áreas multiuso. Adoram a praticidade e focam apenas no essencial, dando utilidade para cada elemento que existe no ambiente. "Os maximalistas costumam apreciar o excesso de informação e, nesses casos, vale o ditado 'mais é mais'. São pessoas calorosas, comunicativas e que gostam de contar histórias através da casa."
Para muitos, casas com excesso de informações podem aparentar, por vezes, desorganização e falta de harmonia. O arquiteto, porém, avalia o contrário quanto a essa indagação. O fato de possuir exagero em adornos e decoração, além do excesso de cores e texturas, não impede que ocorra setorização de elementos. Entretanto, para que isso aconteça, é fundamental que exista a criação de uma espécie de sincronia.
"A organização por tamanhos e tipos de materialidade também auxilia em ambientações mais harmônicas. Um último ponto importante é equilibrar a relação fundo x figura, por exemplo: um papel de parede com listras largas e cores vibrantes (fundo), tendo nele apenas um quadro ou escultura iluminados (figura), o que ainda cria uma relação maximalista, porém com foco para um elemento apenas", acrescenta.
Benefícios práticos e emocionais
Ambientes minimalistas trazem sempre praticidade na limpeza e manutenção do espaço e, normalmente, são espaços que sensibilizam menos as pessoas, podendo ser utilizados facilmente para encontros sociais, profissionais e eventos. "Casas maximalistas aguçam a curiosidade e têm muita facilidade em reter a atenção das pessoas que querem entender toda a informação presente. A depender da organização dos elementos, costumam ser lugares muito aconchegantes e convidativos, ótimos para agregar pessoas", descreve Rick Hudson.
Na visão do arquiteto, a existência de objetos, essenciais ou não, tem impacto direto na forma como é utilizado um ambiente. Mais do que isso, é importante pensar sobre quais sensações e interações o morador deseja causar no espaço, sobretudo considerando o projeto de interiores que o lar terá. "O design minimalista costuma ser o caminho mais certeiro para espaços pequenos e que requerem pouca manutenção. É uma solução interessante para aqueles que ainda estão descobrindo seus gostos e estilos", completa.
Por outro lado, os ambientes maximalistas exigem mais atenção na manutenção da limpeza, visto que possuem, não só maior quantidade de objetos, como também variedade de materiais para limpeza. Fora o quesito organização e limpeza, os espaços maximalistas são verdadeiros diários da vida do morador e contam histórias prendendo a atenção das pessoas por meio de sua decoração. "São locais que estimulam a criatividade, a permanência e a observação", finaliza o arquiteto.
Revista do Correio
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