Bichos

Coisa de bicho: por que a escolha certa de produtos faz toda a diferença

Entenda por que os produtos humanos são incompatíveis com a pele dos animais e como garantir a higiene e a saúde do seu melhor amigo de forma segura e eficaz

Cuidar de um bichinho nem sempre é tarefa fácil, e cuidar da higiene, o que pode ser um grande trabalho -  (crédito:  Reprodução/Freepik)
Cuidar de um bichinho nem sempre é tarefa fácil, e cuidar da higiene, o que pode ser um grande trabalho - (crédito: Reprodução/Freepik)

Cuidar de um bichinho nem sempre é tarefa fácil, é preciso passear, dar comida e água, atenção e carinho, e cuidar da higiene, o que pode ser uma grande tarefa. E pode se tornar comum que, na correria do dia a dia, muitos tutores recorram aos próprios produtos de higiene na hora de dar banho em seus bichinhos. Afinal, um xampu é um xampu, certo? Errado. O que parece uma solução prática pode, na verdade, colocar a saúde do seu animal de estimação em risco, causando desde simples irritações até intoxicações graves. A pele e o metabolismo dos animais são bem diferentes dos nossos, e ignorar essas diferenças pode ser fatal.

Os amigos de quatro patas merecem o melhor, e o cuidado com seu pet começa na atenção aos detalhes. Escolher os produtos certos não é um luxo, mas uma necessidade para garantir a saúde e o bem-estar do seu companheiro.

Uma das razões mais importantes para evitar o uso de produtos humanos é a diferença no pH da pele. Enquanto a pele humana é mais ácida (com pH em torno de 5,5), a dos cães e gatos é mais neutra, com pH que varia entre 6,5 e 7,5. "Produtos humanos alteram esse equilíbrio, favorecendo o desenvolvimento de dermatites", explica a médica veterinária Grasiela Meireles. 

A veterinária e doutora em saúde animal Kássia Vieira complementa, destacando que essa diferença no pH, somada à estrutura da pele dos animais, torna o uso de xampus genéricos perigoso. "Os animais não têm glândulas sudoríparas espalhadas pelo corpo como nós, e isso torna a pele deles muito diferente", afirma.

Ingredientes e riscos 

O que às vezes pode acabar não ocorrendo aos tutores é o risco de intoxicação, que está entre os principais perigos de usar produtos humanos em pets. "Muitos desses produtos contêm substâncias tóxicas para os animais, como altas concentrações de álcool, parabeno, corantes e fragrâncias artificiais. Além disso, durante o banho, o animal pode acabar engolindo parte do produto, aumentando o risco de intoxicação", explica Kassia. 

Os produtos de higiene humana, como xampus, condicionadores e sabonetes, contêm substâncias que são seguras para nós, mas podem ser altamente tóxicas para os pets, como parabeno, sulfatos, fragrâncias artificiais, álcool e conservantes que podem causar ressecamento e irritar a pele dos pets. 

Além dos produtos de higiene, maquiagens e perfumes também são perigosos. As maquiagens podem conter metais pesados, enquanto os perfumes, com suas altas concentrações de álcool e fragrâncias, podem causar alergias cutâneas e irritação ocular. Até mesmo fragrâncias fortes podem ser um problema — como o olfato dos cães é muito mais sensível, o cheiro intenso pode causar irritação e problemas respiratórios.

A ingestão acidental, que pode acontecer quando o pet lambe o pelo ou engole parte da água do banho, é um grande risco. Grasiela alerta para se manter atento a qualquer sinal de possível intoxicação, que pode incluir salivação excessiva, vômito, diarreia, tremores e até alterações neurológicas. "Os sintomas variam dependendo da substância ingerida, mas em caso de suspeita, não hesite em procurar um médico veterinário o mais rápido possível", acrescenta. 

Se os produtos de higiene já representam um risco, os medicamentos humanos são um perigo mortal. Analgésicos e anti-inflamatórios comuns, como paracetamol, ibuprofeno e aspirina, são altamente tóxicos para cães e gatos e podem levar à morte.
A veterinária Kássia Vieira é enfática: "É extremamente proibido dar analgésicos ou anti-inflamatórios humanos sem prescrição veterinária". O paracetamol, por exemplo, não é metabolizado pelos cães, e os gatos têm uma reação de intoxicação muito rápida.

O recomendado

Mas, afinal, o que os bichinhos podem usar? Alguns tutores podem considerar os produtos específicos mais caros e optar por não investir, mas o custo maior reflete a segurança e a eficácia de tais itens. "As fórmulas são ajustadas ao pH e à fisiologia da pele dos animais, e passam por testes de segurança específicos para pets, em que o desenvolvimento é focado em minimizar riscos de alergias e intoxicações", explica Grasiela. 

Esses produtos também levam em conta o tipo de pele e de pelagem de cada pet, e as opções hipoalergênicas são mais recomendadas, com menos corantes e fragrâncias leves. Em caso de emergências, é sempre preferível recorrer à limpeza apenas com água ou soro fisiológico. Se for realmente necessário, alguns sabonetes infantis neutros são menos agressivos que outros disponíveis, mas também devem ser analisados com cuidado e atenção aos ingredientes, e procurar a recomendação de um veterinário. 

Em caso de emergência 

Se você, por acidente, usou um produto humano no seu pet, a veterinária e doutora em saúde animal Kássia Vieira orienta a enxaguar bem o animal apenas com água morna para retirar o máximo do produto. Em seguida, é crucial observar a reação do bichinho. Sinais de alerta como coceira intensa, vermelhidão, descamação, vômitos, tremores ou falta de apetite indicam a necessidade de buscar ajuda veterinária imediatamente. Para manter a saúde e a higiene do seu pet de forma segura, as especialistas recomendam:

  • Sempre usar produtos específicos para animais, ajustados ao pH e ao tipo de pelagem.

  • Optar por produtos hipoalergênicos, com menos corantes e fragrâncias.

  • Respeitar a frequência de banhos ideal para o seu pet, que pode variar de 15 em 15 dias para cães de pelo curto a uma vez por semana para cães de pelo longo. Gatos, por sua vez, raramente precisam de banhos.

  • Nunca administrar medicamentos sem prescrição veterinária.

  • Realizar consultas veterinárias periódicas para avaliar a saúde da pele do animal.

*Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte

 


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postado em 24/08/2025 06:00 / atualizado em 24/08/2025 06:00
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