
O excesso de "mimos" e agrados com animais de estimação pode ser prejudicial à saúde dos pets. De acordo com especialistas, cachorros que recebem cuidados que vão além da saúde e entram no campo estético podem desenvolver dificuldades de socialização, experienciar aumentos de agressividade e ansiedade.
Fabiana Volkweis, professora de medicina veterinária do Centro Universitário de Brasília (Ceub), alerta que os cachorrinhos enquadrados nesses cenários são, muitas vezes, influenciados pelo que ela chama de "humanização exagerada". A descrição, conforme a veterinária, é capaz de instaurar estresse e mudanças comportamentais aos cachorros. Os atos dizem respeito aos momentos em que o tutor "trata o cão como uma pessoa".
Excessos de cuidados com os pets
O "luxos" com os pets se refletem de diferentes maneiras, como detalha a especialista. A compra de vestimentas e acessórios humanos, até outros mais complexos, como sessões de banhos aromáticos, sessões de cromoterapia e alisamento dos pelos, são exemplos.
Fabiana destaca que é preciso ter atenção para que a linha do bem-estar não seja ultrapassada com direção ao exagero. Muitos dos serviços, no campo do excesso, têm somente apelo estético. Podem, também, apenas satisfazer desejos dos donos, e não gerar benefícios aos animais
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"Temos visto (uma) procura crescente por procedimentos que não trazem ganhos para os pets, como chapinha nos pelos, penteados e tratamentos estéticos sem função clínica. Isso atende mais aos desejos dos tutores do que às reais necessidades dos animais", explica.
Há ainda um alerta para banhos e uso de perfumes em excesso. Para muitos dos animais, as consequências podem ser irritabilidade, alergias e coceira. "O risco de banhos muito frequentes é a alteração da barreira lipídica da pele do cão. Essa camada natural protege o animal. Quando removida com muita frequência, pode abrir caminho para dermatites causadas por fungos e bactérias", explica.
Soluções para o bem-estar dos animais
Isso não significa, contudo, que o dono deve abrir mão dos cuidados com os animais. De acordo com a especialista, algumas raças, portadores de pelos "que embolam com facilidade", se beneficiariam de um serviço como um alisamento, por exemplo. "É uma forma de cuidado, não um capricho", destaca.
Outras atitudes, como terapias alternativas, também são incentivadas. Acupuntura, musicoterapia, aromaterapia e cromoterapia são exemplos. No entanto, embora possam ter efeito positivo, e possam ser usadas como complemento, "não substituem tratamentos convencionais".
A professora ainda oferece diferentes alternativas para que o equilíbrio seja mantido. Uma rotina bem distribuída, com espaço para brincadeiras e convívio com outros animais é classificada como essencial.
"O enriquecimento ambiental, a prática de atividades físicas e a convivência com outros cães e humanos são essenciais. As creches para pets, por exemplo, podem ser uma boa alternativa, desde que o local seja bem avaliado e o animal passe por um período de adaptação", explica. É, além disso, essencial observar a saúde do cão antes de investir em cuidados especiais, desde que sejam "necessários", e não apenas regalias.
"Se o pet demonstra desconforto, irritabilidade, insegurança, coceira ou mudanças na pelagem, é sinal de que algo não está funcionando bem. Nessas horas, é importante reavaliar a frequência e a real necessidade dos serviços oferecidos”, ressalta a especialista.
O mercado de “humanização” dos pets, inclusive, está em alta. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o mercado pet brasileiro faturou R$ 75,4 bilhões em 2024 — que inclui venda de rações, de animais e produtos veterinários. 1% do faturamento fica com o chamado "mercado de luxo pet".
Ciência e Saúde
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