
A exclusividade de cada peça, com cores e desenhos que resistiram ao tempo, tornou o azulejo vintage um grande protagonista na decoração. O valor estético e histórico faz com que esse elemento possa ser integrado a diversos cômodos da casa, desde a sala de jantar até o teto do lavabo. O segredo para transformar o lar com esse ingrediente especial é saber harmonizar o antigo com o novo.
Para o arquiteto Rick Hudson, o valor histórico das peças vintage garante que elas sejam usadas em locais de destaque. "Por serem mais exclusivas e, em alguns casos, até fora de fabricação, os azulejos vintage geralmente ganham locais de protagonismo dentro do projeto de decoração. E exatamente por esse valor histórico podem ser utilizados em qualquer cômodo da casa, sejam eles áreas molhadas ou não", afirma o especialista.
Com isso, acaba que as possibilidades se tornam variadas e vão além dos tradicionais banheiros e cozinhas. De acordo com o profissional, uma paginação no piso da sala ou um painel na sala de jantar, por exemplo, são ótimas alternativas para os azulejos. "Um painel nas bancadas da cozinha e lavanderia, e por que não, no piso, teto e paredes de um lavabo ou banheiro", acrescenta.
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Integrando o tempo
Um receio comum nos projetos de interiores é o medo de que o ambiente fique datado com a utilização de peças antigas. Na visão de Rick Hudson, essa não deve ser exatamente a preocupação. A escolha de um objeto vintage traz consigo a intenção de marcar a passagem do tempo na decoração, evidenciando o novo e o antigo nessa composição. Na hora de decorar, o objetivo final é imaginar o melhor cenário para incluir elementos contemporâneos com outros do passado.
A versatilidade do azulejo vintage permite que ele se adapte a diversas necessidades estéticas e funcionais. Entre as ideias mais criativas, o arquiteto destaca: transformar o azulejo em um "tapete" paginado, criando um desenho no piso geral ou marcando a transição entre ambientes; utilizar as peças como tampo de mesas de jantar, emolduradas como quadros ou como utensílios menores — bandejas, porta-copos, apoios de panela.
Vintage x retrô
Para entender o valor da peça original, é crucial saber a diferença entre o azulejo vintage e o retrô. A designer de interiores Aline Silva, da InteriorAS Design, resume a distinção. "A diferença está principalmente na alma da peça", completa. O azulejo vintage é original, realmente pertenceu à outra época. Tem marcas do tempo, pequenas imperfeições, e é justamente isso que o torna tão especial. É como se cada peça guardasse uma história, um fragmento de vida de quem passou por ali.
"Já o azulejo retrô é uma releitura. Ele é produzido hoje, mas inspirado nos desenhos, nas cores e nos formatos antigos. Ou seja, traz a estética do passado, mas com a tecnologia e a durabilidade atuais", destaca Aline. Contudo, ambos são especiais e podem ser incluídos nas decorações.
Na avaliação da profissional, o ideal é que o morador busque a melhor maneira de contar uma bonita história dentro de casa, com o uso desses elementos. "O vintage é o elo entre o que fomos e o que ainda queremos ser. É o design contando histórias, e eu acredito profundamente que espaços com memória são sempre mais humanos e verdadeiros."
Cuidados importantes
A primeira regra de ouro é: evitar produtos abrasivos, pois eles podem desgastar os desenhos e tirar o brilho natural das peças. "O ideal é usar apenas sabão neutro e um pano macio, sem esfregar com força," orienta Aline.
Além da superfície, a atenção deve se voltar ao elemento mais sensível: o rejunte. Para protegê-lo, a designer de interiores Aline Silva sugere a aplicação de uma resina protetora específica ou a realização de limpezas delicadas com vinagre diluído em água. Essa rotina ajuda a conservar a cor e a integridade dos azulejos sem agredir o material.
Para a especialista, o cuidado vai além da técnica. É um gesto de valorização: "Cuidar desses azulejos é quase um ato de amor. Eles carregam o tempo, a memória e a alma da casa e, com um pouco de atenção, continuam encantando por muitos anos. Cuidar do que é antigo é uma forma de preservar as histórias que moram nos espaços."

Revista do Correio
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