
Todo lar leva consigo a importância de celebrar uma pausa. Em um mundo tão acelerado, estar dentro do próprio espaço pode ser uma maneira de se reconectar com a calmaria presente na natureza. Assim, os jardins internos surgem como uma alternativa para aqueles que, em casa, buscam um modo de levar estética e funcionalidade, reduzindo os níveis de estresse e aumentando a sensação de relaxamento.
Essa ideia, de certo modo, está cada vez mais inserida nos projetos interiores. Isso, sobretudo, depois do período pandêmico. Neste ano, a CasaCor Brasília apresenta inúmeros espaços com jardins internos. O tema Semear Sonhos favorece esse conceito, que surge como uma válvula de escape para moradores que desejam mais tranquilidade em suas residências.
O arquiteto Mateus Martins e a sócia Juliane Valente são os idealizadores do ambiente Ótica. Inspirado nos pilotis residenciais das superquadras, traduz de maneira crua a essência urbana e natural da capital federal. "Nosso espaço emerge do reconhecimento de Brasília como a realização do sonho concretizado: uma cidade-jardim que integra de modo exemplar a natureza e o urbanismo", afirma Mateus.
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Nesse contexto de conexão com o ambiente urbano e o natural, as idealizações dos profissionais aparecem em elementos característicos das superquadras, que promovem a criação de espaços urbanos conectados às áreas verdes, facilitando a circulação livre e a relação estreita com o coletivo e meio natural. Além disso, valoriza o próprio espaço expositivo, destacando a janela original da Casa do Candango, que abriga a mostra em 2015, como elemento central.
Assim, reforça o uso de elementos naturais, como a incidência solar e a ventilação. "O jardim interno remete à conexão entre o urbano e o natural, um dos princípios almejados pelo manifesto da CasaCor 2025. Ademais, proporciona um microclima ao ambiente e contribui de forma tanto estética quanto funcional", acrescenta Mateus. Segundo o profissional, os jardins internos estimulam os sentidos quando introduzem tons de verde e texturas que quebram a monotonia dos ambientes.
Mais do que isso, regulam o microclima, filtram o ar naturalmente, removendo toxinas e aumentando a umidade, fator muito importante na cidade. Na visão de Mateus, o contato com a natureza reduz o estresse, melhora o humor e aumenta a sensação de relaxamento. Assim, tais projetos são fundamentais para moradores, não somente pelo encantamento que levam ao lar, mas também pelos benefícios que agregam às residências.
Equilíbrio e acolhimento
Nesse mesmo olhar, Arthur Depieri e Cleber Depieri criaram o espaço Refúgio dos Sonhos, nesta CasaCor 2025. O ambiente nasceu do convite à introspecção e à conexão com o essencial. Ambos os profissionais buscaram desenvolver um lugar em que morar fosse sinônimo de pausa, respiro e acolhimento. Uma atmosfera que integra o design contemporâneo à presença viva da natureza, abraçando e despertando memórias afetivas, sempre entrelaçando a sofisticação e a elegância do paisagismo.
"A natureza é o elemento central do conceito. Ela traz equilíbrio, melhora a qualidade do ar, influencia positivamente o humor e cria um vínculo emocional com o espaço. No Refúgio dos Sonhos, o jardim não é um complemento, mas, sim, parte da essência do projeto. Ele simboliza vida, renovação e a importância de desacelerar para observar o que realmente importa. Além da importância para humanizar ainda mais os espaços, tornando-os mais agradáveis e com a sensação de fuga da cidade grande", descreve Cleber, proprietário da Depieri Paisagismo.
Para o profissional, o jardim interno atua como um núcleo de energia e serenidade. Ele é capaz de filtrar a luz natural, criar jogos de sombra, estimular os sentidos e estabelecer uma transição suave entre áreas internas e externas. "Essa presença verde transforma a percepção do espaço: o ambiente deixa de ser apenas um cômodo e se torna uma experiência sensorial completa e mais humanizada", detalha.
De acordo com Cleber, o jardim interno pode ser integrado de diversas formas ao ambiente. Contudo, isso vai depender da leitura do espaço e da escolha correta das espécies e dos elementos decorativos. Em estilos minimalistas, o jardim pode ser um ponto focal, com poucas espécies de formas marcantes. Em propostas mais rústicas, pode se espalhar de forma orgânica, quase selvagem. Já em ambientes sofisticados, pode-se dialogar com mobiliário e iluminação para criar uma composição elegante e atemporal.
"O segredo é entender que o jardim deve conversar com a narrativa do ambiente e não competir com ela", ressalta Cleber. Por isso, é importante saber a dose correta. E, claro, evitar os erros que, nesse contexto, são mais comuns, como não considerar as necessidades reais das plantas — luminosidade, ventilação e irrigação aparecem nessa lista. "Para evitar problemas, é fundamental estudar o microclima de cada espaço, optar por espécies adequadas e planejar a irrigação e a drenagem desde o início do projeto."
Existem plantas para cada cômodo?
Na visão de Cleber Depieri, cada cômodo tem condições únicas de luz, umidade e ventilação. A escolha correta potencializa o bem-estar e garante que o verde se mantenha saudável e bonito. “Em ambientes com menos ventilação e menos luminosidade, como lavabos, temos de pensar em plantas mais resistentes, limitando bastante a escolha da espécie, enquanto em salas e lugares com maior ventilação e luminosidade, temos um leque maior de espécies para propor”, finaliza.
Serviço
33ª CasaCor Brasília
Data: até 12 de outubro de 2025
Local: Casa do Candango — SGAS 603
Visitação: de terça a sexta-feira, das 15h às 22h. Sábados e feriados, das 12h às 22h. Domingo, das 12h às 21h
Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia para estudante, professor, PCD e seu acompanhante e pessoas com 60 anos ou mais).
Vem aí!
Em breve você poderá votar e reconhecer os projetos que mais inspiram, emocionam e transformam. O 8º Prêmio Correio Braziliense CasaCor vai celebrar o melhor da arquitetura, do design de interiores e do paisagismo. Fique ligado que as votações logo estarão disponíveis.