
O universo tecnológico deixou de ser exclusivo para humanos. Agora, os pets também podem ser beneficiados com a modernidade digital. A adoção de medidas tech, como coleiras inteligentes, comedouros automáticos, tapetes autolimpantes, microchips rastreadores e brinquedos eletrônicos, tem facilitado a rotina tanto dos tutores quanto dos animais, promovendo segurança, conforto e qualidade de vida.
De acordo com a médica veterinária Mariana Solano, os benefícios são reais e funcionam de forma mais efetiva quando os animais passam muito tempo na ausência do tutor. "A vida é corrida, nem todas as pessoas conseguem passar o dia cuidando do pet. Por isso, essas alternativas tecnológicas entram para preencher algumas lacunas do dia a dia, como alimentação, higiene, segurança e interatividade."
Entre as opções disponíveis, os tutores podem adotar aparelhos que se tornam aliados desde a saúde do animal até a diversão. No mercado, há coleiras inteligentes que monitoram passos, sono e sinais de estresse, ajudando responsáveis e veterinários a identificarem mudanças no comportamento. Para a segurança, as câmeras interativas também ganharam espaço. Com elas, é possível observar o pet em tempo real, falar com ele e até lançar petiscos a distância. "Essa comunicação visual e sonora tranquiliza muito os bichinhos mais sensíveis", diz a especialista.
Na higiene, tapetes e caixas autolimpantes usam sensores para remover resíduos e manter o ambiente sempre organizado. Já na diversão, a tecnologia também marca presença. Brinquedos eletrônicos, como bolinhas automáticas e lançadores inteligentes, ajudam a gastar energia e reduzem comportamentos destrutivos, deixando os pets mais equilibrados e os tutores mais tranquilos.
"Os comedouros e bebedouros modernos também garantem qualidade de vida, pois controlam a alimentação ao longo do dia e mantêm uma rotina estável mesmo quando o tutor não está em casa", destaca a profissional. Na segurança, a veterinária reforça que microchips e rastreadores com GPS permitem localizar o pet rapidamente em caso de fuga, oferecendo proteção extra em situações de risco.
Leia também: Natal para todos: festividade com animais exige cuidado e atenção
Leia também: Tudo o que você precisa saber para viajar com animais de estimação
Provando que os benefícios são concretos, a criadora de conteúdo digital Cecília Dunningham vive com dois gatos e um cão da raça chihuahua e, recentemente, começou a usar comedouros inteligentes e fontes de água automáticas. "Minha vida ficou mais fácil. Eu aciono o comedouro e ele despeja comida sem a necessidade de eu estar presente. Quando se trata da fonte, os gatos amam, pois eles não bebem água parada." Segundo a tutora, ela não se imagina voltando para os aparelhos tradicionais nunca mais.
Com uma visão que vai além da profissão, a veterinária Mariana Solano, que também é tutora, reforça que a tecnologia não pode substituir o contato humano e a atenção diária. Para ela, cada família deve avaliar se faz sentido investir em aparelhos modernos dentro da rotina. "O fato é que a modernidade, mesmo que esteja aqui para nos ajudar, não substitui carinhos, brincadeiras e amor." Segundo a veterinária, é importante analisar se o investimento pode melhorar a vida do animal ou se pode gerar dependência excessiva do tutor à tecnologia.
Qualidade de vida
Foi com o intuito de proporcionar bem-estar e proteção que a BlinDog, startup voltada ao setor pet, desenvolveu uma coleira para cães e gatos cegos. De acordo com Luana Wandecy, CEO da empresa, a iniciativa surgiu após a experiência pessoal com a poodle Princesa, cadela que perdeu a visão por conta da catarata. "Ela batia nos móveis e paredes mesmo que não mudássemos nada de lugar. Em alguns dias, o focinho dela sangrava de tanto esbarrar pela casa. Era muito doloroso vê-la sofrendo."
A coleira, que pesa aproximadamente 40 gramas, funciona de forma rápida e inteligente por meio de alertas vibratórios. Quando o pet se aproxima de um obstáculo, o aparelho vibra e, com isso, o animal começa a associar que, sempre que recebe o alerta, se não mudar o percurso acabará batendo em algo. "Isso faz com que o bichinho ganhe confiança e se sinta mais seguro, além de evitar perigos", comenta.
Além disso, Luana explica que a bateria dura até dois dias e serve para pets de todos os portes e idades, incluindo aqueles que também são surdos, já que eles conseguem aprender com os estímulos vibratórios. "Também temos uma inteligência no aparelho que faz com que ele não emita vibrações quando o pet estiver tomando água, comendo, dormindo na caminha ou junto ao seu tutor", conta.
Com essa inovação, Pipa, cachorrinha que desenvolveu uma doença neurológica e perdeu a visão da noite para o dia, ganhou uma nova vida. "Como ela é medrosa, desde que tudo aconteceu, ela parou de brincar e só ficava deitada, bem quietinha. Após a obtenção do aparelho, ela voltou a ser independente e feliz." Para Bianca Alves, tutora da cadela, a tecnologia proporcionou qualidade de vida de forma prática e sem incômodos.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
Saiba Mais

Revista do Correio
Revista do Correio
Revista do Correio