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Jorge Amado: vida e obra de um dos mais célebres escritores brasileiros, morto há 24 anos


Há 24 anos, no dia 5 de agosto de 2001, morreu Jorge Amado, um dos mais célebres escritores brasileiros. Vítima de insuficiência cardíaca, ele partiu poucos dias antes de completar 89 anos de idade.

Por Flipar
Bernard Gotfryd/Wikimédia Commons

Amado deixou uma herança literária e cultural que resiste ao tempo, celebrando o povo, os sabores, os amores e as contradições da Bahia, sua terra natal, e do Brasil.

Bernard Gotfryd/Wikimédia Commons

Jorge Leal Amado de Faria nasceu em 10 de agosto de 1912, em Itabuna, no sul da Bahia, e cresceu em Ilhéus, região marcada pelo ciclo do cacau.

- Reprodução do Flickr Arquivo Nacional do Brasil

Foi essa terra fértil em dramas humanos e conflitos sociais que forneceu o cenário para muitos de seus livros mais conhecidos.

Divulgação/Prefeitura de Ilhéus

Na adolescência, Jorge Amado se mudou para Salvador, e mais tarde para o Rio de Janeiro, onde se formou em Direito, embora nunca tenha exercido a profissão.

Domínio Público/Wikimédia Commons

Desde jovem, ele se dedicou ao jornalismo e à militância política. Jorge Amado foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro e chegou a ser preso, além de precisar se exilar por suas posições, tendo vivido no Uruguai, na Argentina, na França e na República Tcheca.

- Domínio Público/Wikimédia Commons

A obra de Jorge Amado é marcada por dois momentos principais. O primeiro, mais engajado politicamente, inclui romances como “Cacau”, “Suor” e “Jubiabá”, que retratam a luta dos trabalhadores e as desigualdades sociais.

Fundação Jorge Amado

Nos anos seguintes, sem abandonar a crítica social, sua escrita tornou-se mais voltada à celebração da cultura popular, com personagens exuberantes e tramas permeadas de beleza, religiosidade e humor.

Flickr Ricardo Timão

Livros como “Capitães da Areia”, de 1937, “Gabriela, Cravo e Canela”, 1958, “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de 1966, e “Tieta do Agreste”, de 1977, se tornaram clássicos não apenas da literatura, mas também da televisão e do cinema brasileiros.

Divulgação

Isso graças às bem-sucedidas adaptações. Seus personagens - como Pedro Bala, Gabriela, Vadinho e Tieta - tornaram-se arquétipos da alma brasileira.

- Divulgação

A adaptação cinematográfica de “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de Bruno Barreto, foi a maior bilheteria da história do cinema brasileiro por mais de 30 anos - de 1976, ano de seu lançamento, até 2010, quando “Tropa de Elite 2” assumiu esse posto. O filme, protagonizado por Sônia Braga e José Wilker, foi visto por mais de 10 milhões de espectadores.

Reprodução/ Dona Flor E Seus Dois Maridos

As obras de Jorge Amado foram traduzidas para mais de 50 idiomas. Ele é um dos autores brasileiros mais lidos de todos os tempos.

Flickr Governo Memória

O escritor baiano foi membro da Academia Brasileira de Letras, eleito em 1961, e recebeu diversas condecorações no exterior, como a Legião de Honra da França. Seu prestígio internacional também ajudou a projetar a literatura brasileira no exterior.

Fundação Jorge Amado

O escritor era próximo de grandes nomes da música popular brasileira, como Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia e Chico Buarque.

Instagram @poetaviniciusdemoraes

Todos esses artistas, de algum modo, foram tocados pela Bahia retratada por ele. Sua obra ecoa nas letras de músicas e em homenagens explícitas: “Modinha para Gabriela”, por exemplo, foi composta por Caymmi para a novela baseada em “Gabriela, Cravo e Canela”. A música virou clássico instantâneo e ajudou a eternizar a personagem.

Fundação Jorge Amado

Além disso, o autor frequentava festas populares e terreiros de candomblé, onde a música é expressão viva da cultura. Ele valorizava o papel da musicalidade afro-brasileira como força narrativa, identitária e política - um traço marcante tanto em seus romances quanto na música baiana que floresceu nas décadas seguintes.

Fundação Jorge Amado

Ao lado da esposa, a também escritora Zélia Gattai, construiu uma vida dedicada à arte, à política e à defesa da cultura brasileira. Eles foram casados por 56 anos - de 1945 até a morte do escritor, em 2001.

Acervo Zélia Gattai/Fundação Jorge Amado

Dessa união, nasceram os filhos João Jorge a Paloma. O escritor também era pai de Lila, fruto do casamento de Jorge Amado com Matilde Garcia Rosa.

Acervo Zélia Gattai/Fundação Jorge Amado

O casal viveu por décadas em Salvador, onde a casa que compartilharam hoje abriga a Fundação Casa de Jorge Amado, no bairro do Pelourinho.

Acervo Zélia Gattai/Fundação Jorge Amado

A Fundação Casa de Jorge Amado é um espaço dedicado à preservação de sua memória e incentivo à literatura.

joquerollo/Wikimédia Commons

Mesmo passadas mais de duas décadas desde sua morte, Jorge Amado continua vivo na imaginação de leitores de diferentes gerações. Sua obra, acessível e profundamente brasileira, continua sendo relida, adaptada e estudada.

Fundação Jorge Amado