Jean Charles de Menezes foi morto a tiros por policiais na estação de metrÎ de Stockwell, em Londres, em 22 de julho de 2005, após ser erroneamente identificado como suspeito de terrorismo.
Morador do mesmo prédio que um dos suspeitos dos atentados fracassados ocorridos um dia antes, Jean foi seguido desde que saiu de casa até entrar no trem.
Ele havia saído do seu apartamento que ficava em Tulse Hill, no sul da capital britânica, para realizar um trabalho como eletricista.
Uma série de erros operacionais, falhas de comunicação e suposições infundadas levaram os agentes a acreditar que ele era uma ameaça.
Seu comportamento (como voltar ao ônibus após encontrar o metrô fechado) foi visto como 'suspeito' pela polícia londrina.
Inicialmente, a polícia divulgou versões falsas, alegando que Jean Charles havia pulado a catraca e usado roupas volumosas, o que foi posteriormente desmentido por testemunhas e investigações.
Um relatório vazado revelou a sucessão de falhas da operação e levantou suspeitas de acobertamento.
Sua história foi retratada na série britânica 'Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto por Engano', lançada no Disney+ em 30 de abril de 2025.
Em entrevistas, a mãe de Jean rejeitou relatos iniciais de que o filho teria agido de forma suspeita, e sempre afirmou que ele foi um jovem educado e respeitador das leis.
A tragédia ocorreu no contexto de uma forte tensão após atentados terroristas em Londres, que provocaram a morte de 52 pessoas no dia 7 de julho.
Nenhum agente foi responsabilizado criminalmente pela morte de Jean. A Polícia Metropolitana foi multada por infringir normas de segurança.
'A polícia não veio a público e não corrigiu isso na imprensa. E quando a polícia ou o Estado mentem, encobrem ou espalham informações errôneas, o legado disso pode ser visto', disse a ativista Yasmin Khan.
Em 2016, a família teve um recurso rejeitado pela Corte Europeia de Direitos Humanos no qual se contestava a decisão de não processar os policiais.
O criador da série, Jeff Pope, levou cinco anos para concluir o projeto, alegando o peso e a responsabilidade de retratar o caso com precisão.
'Foi um material incrivelmente difícil de debater, e de entender o que você queria dizer. Foi extremamente importante conversar com o maior número possível de pessoas e fazer a pesquisa', disse ele.
A família, ainda profundamente abalada, continua a lutar para manter viva a memória de Jean Charles e buscar justiça.
Jean Charles de Menezes tinha 27 anos e era natural de Gonzaga, Minas Gerais. Ele havia se mudado para o Reino Unido em 2002.