A remessa era originária da cidade de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e tinha como destino o bairro do Brooklyn, em Nova York. A apreensão ocorreu no Centro de Tratamento Internacionais dos Correios, o Ceint.
O volume postal era composto por cavalos-marinhos do gênero Hippocampus spp., que constam da lista da Convenção sobre o Comércio Internacionais da Fauna e Flora Silvestres Ameaçados de Extinção, o Cites. Essa lista promove a regulação do comércio internacional com o objetivo de afastar ameaças à conservação das espécies.
Os cavalos-marinhos estavam acomodados em meio a pacotes de café, o que sugere uma tentativa dos suspeitos de disfarçar o odor da carga para tentar driblar a fiscalização.
O Ibama informou que a carga não tinha a documentação obrigatória para transporte de espécies que estão na lista da Cites. Assim, foi aplicada multa de R$ 5 mil por espécime, com o valor total superando R$ 1 milhão.
O cavalo-marinho é uma espécie de peixe ósseo que desperta atenção justamente por seu visual exótico e comportamento único.
Com corpo esguio e focinho alongado, esse pequeno peixe pertence ao gênero Hippocampus. Seu corpo é coberto por placas ósseas, não por escamas, como ocorre em geral com os peixes.
O cavalo-marinho pode ser encontrado em águas tropicais e temperadas de todo o mundo, inclusive na costa brasileira.
Ele habita principalmente áreas de manguezais, estuários e recifes de coral, onde se camufla com maestria entre algas e corais para escapar de predadores.
Ao contrário da maioria dos peixes, que nadam na horizontal, o cavalo-marinho nada em posição vertical. Essa característica é rara no mundo aquático.
O cavalo-marinho não se destaca pelas habilidades de nadador. Ele usa uma pequena nadadeira dorsal que bate até 70 vezes por segundo, mas mesmo assim é muito lento. Por isso, costuma se prender a corais e plantas com a cauda preênsil para não ser levado pelas correntes.
Para se camuflar,o cavalo-marinho pode mudar de cor de acordo com o ambiente. Essa habilidade ajuda a escapar de predadores e também é usada durante o ritual de acasalamento.
Apesar da aparência delicada, o cavalo-marinho é um predador ágil. Ele se alimenta de pequenos crustáceos, como copépodes e larvas de camarão, que suga com rapidez por meio de seu focinho tubular.
Como não possui dentes nem estômago, ele precisa se alimentar com frequência para sobreviver.
Uma das características mais fascinantes dessa espécie é o sistema de reprodução. Ao contrário da maioria dos animais, é o macho quem fica 'grávido'. A fêmea deposita os ovos em uma bolsa incubadora presente no ventre do macho, onde eles são fertilizados e mantidos até o nascimento.
Dependendo da espécie, o período de gestação pode durar de dez dias a seis semanas, e cada gestação pode resultar no nascimento de até mil filhotes.
Antes do acasalamento, macho e fêmea realizam uma dança sincronizada que pode durar dias. Eles nadam juntos, mudam de cor e entrelaçam suas caudas em um comportamento considerado um dos mais belos do reino animal.
Muitas espécies formam casais fixos durante toda a temporada reprodutiva. Alguns podem permanecer com o mesmo parceiro por toda a vida.
Existem cerca de 45 espécies conhecidas de cavalo-marinho. Algumas têm 'narizes' mais longos, outras mais curtos. Há espécies do tamanho de um grão de arroz, como o Hippocampus denise, e outras que podem chegar a 30 cm.
Infelizmente, o cavalo-marinho está sob ameaça. A destruição de habitats costeiros, a poluição dos mares e a captura para uso ornamental e medicinal são os principais fatores que colocam várias espécies em risco.
No Brasil, o cavalo-marinho é protegido por lei e sua captura é proibida sem autorização dos órgãos ambientais. Preservar esse símbolo da biodiversidade marinha é fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas costeiros.
Além disso, o cavalo-marinho é um importante indicador da saúde dos oceanos. Isso porque onde há presença da espécie é um sinal de que o ambiente está equilibrado.