Na China, Coreia do Sul e EUA, adultos estão usando chupetas como forma de buscar conforto emocional semelhante ao que se tem durante a infância.
Relatos de adeptos nas redes sociais apontam benefícios como sensação de calma, melhora no sono e até auxílio no abandono do cigarro.
As chamadas “chupetas para adultos”, feitas de silicone ou borracha, são vendidas em plataformas de e-commerce e chegam a custar mais de R$ 400 quando personalizadas.
No entanto, especialistas em saúde mental alertam que o hábito pode gerar efeitos psicológicos negativos.
Psicologicamente, o hábito pode levar à regressão comportamental e prejudicar o desenvolvimento emocional.
Fisicamente, segundo dentistas, o uso de chupetas pode causar problemas dentários, disfunções na articulação da mandíbula e infecções bucais.
'Em adultos, esses problemas tendem a ser ainda mais difíceis de corrigir do que em crianças, muitas vezes exigindo tratamento ortodôntico complexo', explicou ao Terra o cirurgião-dentista Júlio Brant, especialista em Radiologia Oral.
'Outro ponto é o acúmulo de placa bacteriana: se a chupeta não for higienizada adequadamente, ela se torna um foco de microrganismos, aumentando o risco de cáries, gengivites e mau hálito', acrescentou.
Embora pareça um hábito inofensivo, especialistas reforçam que não há comprovação de benefícios psicológicos duradouros.
'Ao invés de aliviar o estresse, pode gerar problemas que demandam tratamentos complexos e prolongados”, comentou a cirurgiã dentista Diana Fernandes.
O ator Ary Fontoura, de 92 anos, criticou a nova moda em um vídeo nas redes sociais: 'Não é uma loucura, gente? Usar chupeta para tirar o estresse', começou ele.
'É a criança virando adulto, é o adulto virando criança. Onde é que vai parar isso? Alexa, dispara um meteoro na Terra!', brincou o ator.
Nos comentários, alguns seguidores concordaram com a indignação. 'O mundo acabou em 2012, isso aqui é a matrix', escreveu um. 'E eu aqui lutando pra tirar a do meu bebê de 2 anos', disse outra.
A chupeta é um objeto criado para acalmar bebês, funcionando como substituto do seio materno ao proporcionar o movimento de sucção, que transmite conforto e segurança.
Em diferentes culturas, era comum oferecer às crianças pedaços de pano embebidos em mel, pedaços de couro ou pequenos objetos para chupar, com o mesmo objetivo de tranquilizar.
A chupeta como é conhecida hoje foi inventada no início do século 20. O primeiro a patenteá-la foi o farmacêutico Christian W. Meinecke, em 1901, nos Estados Unidos.
O acessório chamado 'baby comforter' era feito de borracha vulcanizada, que já apresentava a ideia de um bico com uma base arredondada.
A partir daí, outras versões começaram a ser produzidas, incorporando materiais mais seguros e formatos ergonômicos.