Racismo

Motoboy negro e idoso branco são indiciados por lesão corporal; PM nega racismo

A Polícia Civil do estado também indiciou o motoboy Everton Henrique Goandete da Silva por resistir a prisão; caso ocorreu no sábado (17) e corregedoria da Brigada Militar não viu racismo na conduta dos agentes

Homem negro chama a polícia após ameaça e acaba preso  -  (crédito: Reprodução/Instagram )
Homem negro chama a polícia após ameaça e acaba preso - (crédito: Reprodução/Instagram )
postado em 23/02/2024 18:00

A Polícia Civil e a Brigada Militar do Rio Grande do Sul apresentaram, nesta sexta-feira (23/2), os resultados das apurações sobre o caso do homem negro agredido com um canivete por um homem branco e detido logo em seguida, em Porto Alegre no último sábado (17).

A vítima da agressão, o entregador Everton Henrique Goandete da Silva, de 40 anos, e o agressor, Sérgio Camargo Kupstaitis, de 71 anos, foram indiciados no inquérito policial por lesão corporal leve e Everton também foi indiciado por resistir à prisão.

Na sindicância da Brigada Militar que investigou a conduta dos policiais envolvidos na prisão, não houve reconhecimento de agressão tampouco de racismo por parte dos PMs. Portanto, não foi apurado crime militar ou crime comum.

A sindicância indicou, no entanto, uma transgressão disciplinar, quando os agentes permitiram que o morador Sérgio fosse ao apartamento e não o conduziram detido no porta-malas da viatura, como ocorreu com Everton. O homem branco foi transportado à delegacia no banco traseiro do veículo.

Everton comentou, na segunda (19), a abordagem dos policiais. “Foram para cima de mim como se eu fosse um saco de lixo. E eu não sou um saco de lixo. Eu sou um trabalhador com todo mundo que tem nessa rua”, afirmou.

O governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), se manifestou, ainda no sábado pelas redes sociais. “Renovo minha absoluta confiança na Brigada Militar e nos homens e mulheres que compõem nossas forças de segurança. Inclusive, em respeito aos dedicados profissionais que as integram, é que a apuração da conduta será célere e rigorosa”, escreveu ele no X (antigo Twitter), após divulgar que determinou a abertura da sindicância na corporação.

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, por sua vez, disse que acionaria a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, para que acompanhasse o caso e ajudasse na “construção de políticas de maior alcance”.

“É preciso que as instituições passem a analisar de forma crítica o seu modo de funcionamento e aceitar que em uma sociedade em que o racismo é estrutural, medidas consistentes e constantes no campo da formação e das práticas de governança antirracista devem ser adotadas. Em outras palavras, é preciso aceitar críticas e passar a adotar medidas sérias de combate ao racismo em nível institucional”, pontuou ele.

 


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