sociedade

Censo mostra que litoral concentra população do país

Maioria dos brasileiros em uma estreita faixa, de apenas 150km de largura, segundo levantamento do IBGE. São aproximadamente 111 milhões de pessoas, ou seja, 54,8% dos cidadãos

A região administrativa do DF reúne pouco mais de 14 mil pessoas por km², segundo o Censo Agregado -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
A região administrativa do DF reúne pouco mais de 14 mil pessoas por km², segundo o Censo Agregado - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
postado em 22/03/2024 03:55 / atualizado em 22/03/2024 14:00

A maioria dos brasileiros continua morando no litoral, em uma estreita faixa de apenas 150km de largura. Isso representa que 54,8% da população brasileira — aproximadamente 111 milhões de pessoas — vive próximo ao mar. A constatação é do Censo 2022 Agregado por Setores Censitários Preliminares — População e Domicílios, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Setor censitário é uma unidade territorial de coleta e divulgação de dados estatísticos do IBGE. É uma unidade menor que estado, município, distrito e subdistrito, oferecendo dados territoriais mais detalhados em níveis regionais. Para se ter uma ideia, enquanto o país tem 26 estados e 5.570 municípios, o instituto delimita 452.338 setores censitários. Nas palavras dos pesquisadores, é como "colocar uma lupa" em cima dos municípios. Na divulgação de ontem, foram apresentados os dados de população e domicílios pelo recorte do setor censitário.

"Esses dados são muito usados pelo poder público, pesquisadores, universidades. É uma oportunidade que se tem de se chegar a dados em nível local, em um recorte muito mais detalhado, explicou o pesquisador Raphael Moraes.

Em algumas regiões, a concentração de pessoas no litoral é ainda mais acentuada — como em Santa Catarina, onde 75,4% da população vive próxima ao mar. De acordo com o levantamento do IBGE, cerca de 4,6% dos brasileiros moram a até 150km das fronteiras do país com outros países, enquanto os 41% restantes da população estão distribuídos na região intermediária entre a faixa litorânea e a que tangencia as nações vizinhas.

O Censo Agregado também lança luz sobre a realidade das áreas urbanas. A região central de São Paulo, por exemplo, destaca-se por apresentar a maior proporção de domicílios desocupados da capital paulista. São 58,7 mil residências particulares sem uso — o equivalente a 20,7% do total da metrópole. Esse fenômeno contrasta com a situação na zona leste da cidade, que tem o maior número de domicílios e o menor percentual de unidades vazias.

O levantamento traz um recorte das favelas brasileiras. A Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, continua sendo a segunda maior favela do Brasil, perdendo apenas para o Sol Nascente, no Distrito Federal.

Além disso, três favelas cariocas se destacam entre os lugares com maior densidade populacional no país. Liderando a lista, está a Rocinha, com 48,3 mil pessoas por quilômetro quadrado. Em seguida, vem o Jacarezinho, com 36 mil habitantes por quilômetro quadrado, e o Complexo da Maré, com 29 mil habitantes por quilômetro quadrado.

Águas Claras lidera densidade

A Região Administrativa de Águas Claras, com pouco mais de 14 mil pessoas por km², apresenta a maior densidade populacional do Distrito Federal, de acordo com o Censo 2022 Agregado por Setores Censitários Preliminares — População e Domicílios. Em uma área calculada em cerca de 9,1 km², residem em torno 128,4 mil pessoas.

A alta densidade populacional pode ser atribuída, em grande parte, à predominância de prédios altos, que possibilitam acomodar um grande número de moradores em uma área relativamente compacta.

No Distrito Federal, que abriga mais de 1,1 milhão de domicílios particulares, os dados revelam que cerca de 15,58% dessas moradias encontram-se desocupadas — o que corresponde a 182.657 casas sem moradores. A maioria desses domicílios vazios estão concentrados em Ceilândia, uma das regiões mais populosas do DF, com aproximadamente 19,2 mil imóveis particulares sem moradores.

No que se refere ao esgotamento sanitário, 49,03 milhões de brasileiros ainda não conseguem descartar os rejeitos de maneira adequada. Desse total, 39 milhões despejam seus dejetos em fossas rudimentares ou buracos, e mais de 4 milhões têm rios, lagos ou o mar como destino do esgoto. O restante vai para valas ou outros tipos de locais de descarte não especificados.

Além disso, 1,18 milhão de brasileiros não têm banheiro nem sanitário. Em 3.505 municípios, menos da metade da população mora em domicílios com coleta de esgoto. Na Região Norte, menos de 1/4 da população faz a destinação correta do esgoto. (Com Agência Estado)

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi

 

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