Novo levantamento do Atlas da Notícia, iniciativa do Projor que mapeia iniciativas de jornalismo local no Brasil, indica nova redução dos desertos de notícia no país. Dados publicados nesta quinta-feira (10/7) apontam que 208 municípios do país passaram a contar com pelo menos um veículo de comunicação local, o que representa uma diminuição de 7,7% nos locais que não contavam com nenhuma iniciativa de mídia para a população local.
Os veículos on-line, aponta a pesquisa, são o carro-chefe da mudança. O número de iniciativas na internet, 5.245 no levantamento de 2023, alcançou a marca de 5.712, aumento de 8,9%. Desses, 1.856, ou 32,5%, são blogs ou outros canais individuais.
Embora o número de iniciativas online tenha apresentado crescimento, o Atlas identificou que 334 veículos na web fecharam entre 2023 e 2025.
Sérgio Spagnuolo, coordenador de dados do Atlas da Notícia e diretor do Volt Data Lab, aponta duas tendências presentes no novo censo: "A contínua substituição de veículos impressos por digitais e o nascimento de pequenas iniciativas jornalísticas, mesmo que blogs ou veículos puramente de redes sociais, em antigos desertos de notícias".
Desigualdade regional
Segundo o novo levantamento, o Brasil conta com a 4.994 rádios, 2.852 jornais impressos, 1.251 emissoras de televisão e 5.712 veículos on-line. São 14.809 veículos em atividades, distribuídos em 3.066 dos 5.570 municípios do país. O censo mostra que 2.504 das localidades não têm uma mídia local. Juntos, esses locais contabilizam 20,66 milhões de pessoas, 10,2% da população brasileira, que vivem em desertos de notícias.
O líder em números absolutos é o Nordeste, com 890 desertos, 49,61% do total de município. Mas os novos dados são otimistas. Foi a região que apresentou maior crescimento no número de iniciativas locais. Em relação ao censo de 2023, a região passou a contar com 283 novos veículos e 143 municípios saíram da definição de deserto de notícias.
Em números proporcionais, no entanto, o Sudeste apresenta mais municípios sem canais locai. 830 municípios, 49,76%, da região são considerados desertos de notícias.
Os dados do levantamento são públicos e podem ser acessados no site do Atlas da Notícia. Nesta edição, a 7ª deste a criação do projeto, a pesquisa foi financiada pelo Google e teve apoio institucional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), Associação Brasileira de Ensino em Jornalismo (ABEJ) e Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor).
