
São Paulo — A preservação da Amazônia, o fortalecimento de comunidades tradicionais e a responsabilidade corporativa diante da crise climática estiveram no centro do debate durante o segundo dia do SAP Now AI Tour Brazil, realizado desde terça-feira (19/8), no Transamerica Expo Center, em São Paulo. O evento reúne mais de 3 mil pessoas para discutir como a inteligência artificial pode impulsionar a transformação digital das empresas de forma ética e sustentável.
No painel de sustentabilidade desta quarta-feira (20/8), o presidente da SAP Brazil, Rui Botelho, ressaltou que a sustentabilidade está no DNA da SAP há mais de 15 anos. A empresa, segundo ele, busca alinhar suas próprias operações, como a redução do consumo de água e energia, a gestão de resíduos e a transição da frota para veículos elétricos, com metas ousadas, como a neutralização total das emissões de carbono até 2030. “Nós mapeamos toda a cadeia de produção de carbono da SAP e o que não conseguimos reduzir, compensamos. Ao mesmo tempo, oferecemos soluções para que nossos clientes também consigam controlar seus indicadores e reportar resultados de forma auditável e transparente ao mercado”, destacou.
Mas a estratégia da SAP não se limita ao ambiente corporativo. Há mais de uma década, a multinacional alemã mantém parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), apoiando projetos que unem tecnologia, gestão e impacto social em comunidades da região. “Aprendemos que a floresta vale mais em pé. Nosso apoio com tecnologia de gestão, voluntariado e recursos ajudou a estruturar empreendimentos locais, impactando milhares de pessoas”, completou.
O debate contou também com Luciana Coen, diretora de Comunicação Integrada da SAP Brazil, da líder indígena e empreendedora Neurilene Cruz, dona do Restaurante Sumimi na Comunidade Indígena Três Unidos, e Sônia Consiglio, professora e referência em ESG, pioneira nos debates da COP-30.
Neurilene compartilhou a experiência de sua comunidade amazônica e o impacto do apoio da Fundação Amazônia Sustentável e da SAP. “Para nós, é muito difícil ter acesso a tecnologia, e esse intercâmbio nos trouxe visibilidade. A parceria nos permite manter nossa cultura, fortalecer nossa identidade, gerar renda para a comunidade e manter a floresta viva, mostrando que culinária indígena existe e pode ser valorizada”, afirmou. Ela destacou que o restaurante nasceu há 15 anos, impulsionado por mulheres indígenas determinadas a transformar a realidade local e preservar o conhecimento ancestral.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Sônia complementou que o setor privado é motor do desenvolvimento sustentável e que iniciativas como as da SAP demonstram que é possível alinhar negócios à preservação ambiental. Ela citou projetos de restauração e conservação florestal que geram empregos e oportunidades para comunidades locais, destacando a importância da COP-30, que ocorrerá este ano no Brasil, em Belém, como fórum para implementar mecanismos efetivos de proteção da Amazônia.
Além disso, ela lembrou que a conferência, que nasceu a partir da Rio-92, tem como missão negociar compromissos globais para limitar o aquecimento do planeta e que esta edição terá um significado simbólico especial. “Estamos completando dez anos do Acordo de Paris e agora entramos na fase de implementação prática. O fato de a COP acontecer na Amazônia atrai atenção mundial para as florestas e reforça o papel do Brasil como líder em diplomacia climática”, explicou.
A professora defendeu que as empresas devem enxergar a sustentabilidade não apenas como responsabilidade, mas como oportunidade. “Quando você aporta expertise e recursos em projetos de conservação e restauração, gera empregos locais, movimenta a economia e fortalece comunidades. Isso é desenvolvimento sustentável e também é oportunidade de negócio”, destacou.
*A jornalista viajou a convite do evento
Brasil
Brasil
Brasil