RECONHECIMENTO

Dorrit Harazim é homenageada pelo Prêmio Vladimir Herzog

Cerimônia de premiação ocorrerá em 27 de outubro, em São Paulo

Dorrit Harazim será homenageada pelo Prêmio Vladimir Herzog na edição deste ano -  (crédito: Divulgação/Abraji)
Dorrit Harazim será homenageada pelo Prêmio Vladimir Herzog na edição deste ano - (crédito: Divulgação/Abraji)

A jornalista e documentarista Dorrit Harazim será homenageada na 47ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, marcada para 27 de outubro, em São Paulo. A escolha reconhece mais de cinco décadas de um jornalismo comprometido com a verdade e com a escuta sensível das pessoas, da cobertura de guerras e crises internacionais à imersão em realidades invisíveis dentro do Brasil.

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Nascida em Zagreb, capital da Croácia, Dorrit chegou ao país aos cinco anos, em um navio de refugiados da Segunda Guerra Mundial. Aos 17 anos, voltou à Europa para estudar na Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e concluiu seus estudos na Sorbonne, em Paris.

Seu caminho no jornalismo começou em 1966, como pesquisadora da revista francesa L’Express. Pouco depois, integrou a equipe fundadora da revista Veja, onde atuou em diferentes funções, de repórter a chefe do escritório da Editora Abril em Nova York. Foi repórter de campo em momentos decisivos da história mundial: cobriu a guerra no Camboja, o golpe militar no Chile, o escândalo Watergate e o apartheid na África do Sul. Em 1973, tornou-se uma das primeiras mulheres a viajar sozinha por países árabes, durante a crise do petróleo.

Além disso, a jornalista sempre se destacou pela atenção aos detalhes e empatia com seus personagens. Em 2012, ao escrever o perfil da atleta Fabiana Murer, mergulhou no universo do salto com vara para compreender o que movia a esportista. “Você não pode entrevistar alguém sem saber muito sobre o assunto, porque é descortês e ineficiente chegar sem saber mais do que o entrevistado pensa que você sabe”, disse.

A jornalista também se dedicou a retratar histórias de brasileiros comuns. Para compreender o cotidiano das mulheres presas, chegou a dormir em celas do presídio feminino Talavera Bruce, no Rio de Janeiro. "Jornalismo é apurar o que você não sabe e retratar da forma mais próxima da verdade aquilo que foi capaz de apurar", diz.

Com passagens por veículos como Veja, O Globo e a revista piauí, da qual foi cofundadora, Dorrit coleciona quatro Prêmios Esso e o Prêmio Gabriel García Márquez de Jornalismo, na categoria Excelência, sendo a primeira brasileira a conquistá-lo.

Prêmio Herzog

Na mesma edição do prêmio, a comissão organizadora também presta homenagem in memoriam a Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo conhecido pela defesa incansável dos direitos humanos e da democracia. Segundo os organizadores, ambos representam vozes que ecoam os princípios de solidariedade e respeito à vida.

Criado em 1979, o Prêmio Vladimir Herzog homenageia o jornalista morto sob tortura pela ditadura militar, em 1975, e celebra anualmente trabalhos e trajetórias que defendem a liberdade de expressão e a justiça social.

A 47ª edição do prêmio é organizada pelo Instituto Prêmio Vladimir Herzog, com apoio de 18 instituições da sociedade civil, entre elas, a Abraji, ABI, Fenaj, OAB Nacional e a PUC-SP, e patrocínio da Petrobras e do governo federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.

 

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postado em 14/10/2025 18:22 / atualizado em 14/10/2025 18:22
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