
Uma operação conduzida pelo Ministério Público de São Paulo prendeu, ontem, Eduardo Magrini, o "Diabo Loiro", apontado como um dos responsáveis pelo esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo o MP-SP, ele está envolvido na prática de crimes há pelo menos 30 anos e acumulando condenações por tráfico de drogas e uso de documentos falsos. Magrini também é conhecido nas redes sociais e se apresenta como influenciador — a conta que mantém no Instagram tem, aproximadamente, 105 mil seguidores, na qual ostenta fotos com carros de luxo, de viagens e com itens exclusivos.
A incursão, batizada de Off White, foi realizada em Campinas e mira o esquema de lavagem de dinheiro ligado a Sérgio Luiz de Freitas Filho, o "Mijão", e Álvaro Daniel Roberto, o "Caipira". Os dois estão na lista dos traficantes mais procurados do país.
Na ação, o suspeito Luís Carlos dos Santos foi morto depois de fingir que se renderia aos policiais que foram à sua casa, em um condomínio de luxo no bairro Colinas do Ermitage, no distrito de Sousas. Ele tentou fugir pela varanda, mas voltou atirando contra os agentes. Na troco de tiros, um sargento da Polícia Militar foi atingido, mas sem gravidade.
Luís Carlos é pai de Rafael Luís dos Santos, outro dos investigados na Off White, e ambos são apontados como integrantes do esquema de lavagem de capitais operado por Maurício Silveira Zambaldi — conhecido como "Maurício Dragão", que foi preso, em agosto, também em Campinas, pela suspeita de estar por trás do financiamento de um plano do PCC para assassina um promotor público.
Principal alvo da operação de ontem, "Diabo Loiro" é um dos envolvidos nos ataques do PCC ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de São Paulo, em 2006. Ele também faz parte da "Sintonia FM" da facção, que cuida dos pontos de venda de drogas.
"Diabo Loiro" é apontado pelo MP-SP como o principal canal entre o PCC é uma rede de agiotas e influenciadores digitais, que movimentava grandes quantias de dinheiro obtidas com o tráfico de drogas. O grupo mistura os valores ilícitos a recursos provenientes de atividades empresariais legais para dificultar o rastreamento pelas autoridadee e pelo sistema financeiro. Para ocultar a origem ilícita dos recursos, a quadrilha utilizava diferentes estratégias, sobretudo a utilização de fintechs e criptomoedas.
Além disso, nas postagens que faz no Instagram "Diabo Loiro" se diz amigo do campeão do UFC Charles do Bronx. Também mostra, em uma das publicações, ter ganhado um relógio de luxo do cantor MC Ryan SP. O lutador e o músico não foram alvos da operação, que cumpriu nove mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão, além do sequestro e do bloqueio de 12 imóveis de alto padrão e de valores existentes em instituições bancárias.
A operação de ontem é o segundo grande golpe contra as finanças do PCC. Em 28 de agosto, a facção sofreu um duro baque com a Operação Carbono Oculto, deflagrada em conjunto pela Polícia Federal (PF), pela Receita Federal (RFB) e o MP-SP, cujo principal objetivo foi desmantelar um dos braços de atuação no setor de combustíveis — sobretudo a adulteração com metanol — e no mercado financeiro.
Ataque à quadrilha do Pix
A PF cumpriu, ontem, novos mandados de prisão contra suspeitos de envolvimento no ataque hacker que desviou R$ 813 milhões por meio do sistema Pix. Foram 19 ordens de prisão preventiva e sete de prisão temporária. Como parte dos alvos está no exterior, a corporação pediu ajuda, além da Interpol, a autoridades da Espanha, Argentina e Portugal para cumprir os mandados.
Segundo a PF, o dinheiro foi desviado de contas usadas por bancos e instituições de pagamento para administrar transferências Pix de seus clientes. Foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão e 26 de prisão nas cidades de Goiânia, Brasília, João Pessoa, Belo Horizonte. Em Minas Gerais, os alvos estavam nos municípios de Betim e Uberlândia. Em Santa Catarina, os mandados foram destinados às cidades de Itajaí e Balneário Camboriú; na Bahia, em Camaçari; e, em São Paulo, no município de Praia Grande, além da capital do estado.
Foram determinadas também medidas de bloqueio de bens e valores, na ordem de até R$ 640 milhões. De acordo com a PF, os investigados são suspeitos de terem cometidos crimes de invasão de dispositivo informático e furto mediante fraude eletrônica, além de lavagem de dinheiro.
Considerado o maior ataque cibernético ao sistema financeiro brasileiro, a invasão hacker aconteceu por meio da empresa de tecnologia C&M Software (CMSW), que interliga instituições financeiras aos sistemas do Banco Central. O dinheiro foi desviado por meio de transferências fraudulentas via Pix.
A segunda fase da Operação Magna Fraus é desdobramento da investigação aberta em julho. Na primeira etapa do inquérito, a PF prendeu um funcionário terceirizado da C&M, que confessou ter facilitado o ataque. A quadrilha era altamente organizada e especializada, inclusive com pessoas especializadas em realizar invasões hackers.
Os criminosos obtinham contas de instituições de pagamento para a movimentação rápida de valores. A partir daí, convertiam o dinheiro em criptoativos e faziam transações entre carteiras de ativos virtuais ponto a ponto, sem qualquer registro ou controle.
O dinheiro das fraudes, depois de tornado criptoativos, era revertidos em dinheiro e bens no Brasil e no exterior para uso dos integrantes do esquema.
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