Crime

Contrato de lavanderia do hospital de Sobradinho é investigado pela polícia

Investigação teve início em junho de 2021 com base em denúncia anônima de que haveria superfaturamento em contratos da lavanderia do hospital

Ana Maria Pol
postado em 24/09/2021 09:54 / atualizado em 24/09/2021 18:27
Operação coordenada pela Decor -  (crédito: PCDF/Divulgação)
Operação coordenada pela Decor - (crédito: PCDF/Divulgação)

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos, na manhã desta sexta-feira (24/9), no Hospital Regional de Sobradinho (HRS) e na sede da Secretaria de Saúde, na Asa Norte, por equipes do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor). De acordo com a Polícia Civil do DF (PCDF), a operação - denominada Roupa Suja -, pretende apurar possível superfaturamento em contratos de lavanderia no HRS.

Segundo a corporação, a investigação teve início em junho de 2021 com base em uma denúncia anônima, que trouxe a informação de que o superfaturamento estaria ocorrendo por meio da alteração para maior da pesagem diária das roupas encaminhadas para lavagem pelo hospital. O denunciante informou, ainda, que a conduta contaria com a participação de agentes públicos do hospital e dos administradores da lavanderia.

Através das apurações, foi possível identificar provas que corroboram integralmente as suspeitas. De acordo com a PCDF, há fortes indícios de que a pesagem vem sendo feita de forma irregular e precária, sem as devidas cautelas formais. Em tese, isso viabiliza a adulteração de valores e o desvio de verbas públicas.

Além disso, agentes do departamento identificaram que os valores movimentados com o serviço de lavanderia sofreram aumentos progressivos significativos, ainda que se considerem índices regulares de inflação. “A título de exemplo, tem-se que entre os anos de 2018 e 2019 o montante desembolsado pelo poder público subiu cerca de 300%. No ano de 2020, o montante subiu novamente em percentual aproximado de 60%. Cabe notar que o contrato vigente, celebrado entre a lavanderia e a Secretaria de Saúde, é de aproximadamente R$ 3 milhões e já se trata do terceiro termo aditivo, sendo certo que o montante total já movimentado é de cerca de R$ 6 milhões”, informou a corporação.

A polícia investiga possível superfaturamento de lavanderia do hospital
A polícia investiga possível superfaturamento de lavanderia do hospital (foto: PCDF/Divulgação)

Para a ação, 60 policias do Decor foram às ruas e cumpriram nove mandados de busca e apreensão em endereços vinculados aos investigados, no DF e nas cidades de Anápolis (GO) e Caldas Novas (GO). Dentre os locais alvos da operação estão as residências dos agentes públicos e empresários, a sede da pessoa jurídica contratada, o Hospital Regional de Sobradinho e a sede da Secretaria de Saúde.

Em nota, a Secretaria de Saúde do DF informou que “vai colaborar com as investigações, disponibilizando todas as informações solicitadas pela Polícia Civil, de maneira transparente e de acordo com a legislação”.

Crise no HRS

A ação ocorreu logo após uma crise no Hospital Regional de Sobradinho, que suspendeu os atendimentos por mais de um dia no bloco Materno Infantil. O espaço, que estava fechado desde que a pasta decretou bandeira negra, devido a um curto circuito que ocorreu na noite de quarta-feira (22/9), voltou a funcionar na manhã desta sexta-feira (24/9), sob ordem do secretário de saúde do Distrito Federal, general Manoel Pafiadache.

Durante a suspensão, os pacientes que estavam internados no local foram transferidos para outras unidades de saúde. A superintendente da Região Norte, Sabrina Gadelha, ressaltou que o HRS recebeu imediatamente apoio de hospitais da rede que se manifestaram para receber os bebês e as mães. Os pacientes foram transferidos com a ajuda do Serviço Móvel de Urgência (Samu) e ambulâncias do Núcleo de Apoio e Remoção de Pacientes (NARP).

Os pacientes da unidade de terapia intensiva (UTI) Neonatal foram transferidos para o Hospital São Francisco (3); Hospital Santa Marta (2). Os da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatais (Ucin) foram transferidos para o Hospital Regional da Asa Norte (2); e Hospital Regional de Planaltina (1). As gestantes de alto risco foram recebidas no Hospital Materno Infantil de Brasília Dr. Antônio Lisboa (3), no Hospital Regional da Asa Norte (6) e no Hospital Regional de Taguatinga (1). Além disso, três gestantes em trabalho de parto foram transferidas para o Hospital Regional de Planaltina (HRP).

A bandeira negra é decretada em casos excepcionais e significa que o hospital está fechado para receber novos pacientes, ficando suspensas, até segunda ordem, as consultas agendadas.

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    Bloco infantil do Hospital de Sobradinho segue interditado após queda de energia Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
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