Crise

Creche comunitária pode fechar as portas por falta de doações

A creche Monte Moriá, em São Sebastião, ajuda aproximadamente 60 crianças em risco social, além de apoiar mulheres em vulnerabilidade e refugiados

Eduardo Fernandes*
Pedro Ibarra
postado em 30/10/2021 16:54 / atualizado em 30/10/2021 19:06
A creche ajuda aproximadamente 60 crianças em risco social -  (crédito: Reprodução/Instagram)
A creche ajuda aproximadamente 60 crianças em risco social - (crédito: Reprodução/Instagram)

Por falta de recursos, a creche comunitária Monte Moriá, localizada em São Sebastião, pode ter de encerrar as atividades. O local, que existe há cinco anos, necessita de doações para continuar funcionando. O espaço abriga crianças em risco social, além de dar apoio a mulheres em vulnerabilidade, que sofrem violência doméstica ou que precisam trabalhar fora de casa.

De acordo com Maria do Carmo Martins, 40 anos, diretora e presidente da iniciativa, o lugar também ajuda refugiados venezuelanos. Durante o período de isolamento social devido à pandemia da covid-19, a creche continuou oferecendo as atividades. “A gente fez distribuição de alimentos para crianças e suas famílias e também para muitos refugiados”, explica a diretora.

O atendimento da creche é gratuito. Sem fins lucrativos ou ajuda governamental, para manter as portas abertas eles contam com ajuda da comunidade. Cerca de 60 crianças de 1 a 4 anos e 52 mães são ajudadas pela instituição, e a lista de espera para participar é grande.

A assistência às crianças é feita com alimentos, higiene e acompanhamento pedagógico. O apoio também é voltado para o convívio doméstico dos meninos e meninas, por meio de denúncias ao Conselho Tutelar em caso de abusos ou violência.

Por conta da pandemia, algumas pessoas deixaram de ajudar a creche financeiramente. Segundo Maria do Carmo, muitos doadores morreram em decorrência da covid-19 e outros perderam o emprego.  A responsável se preocupa com a atual situação do local, pois tem medo de perder o espaço pelas contas atrasadas. 

A diretora relata que, para tentar melhorar o cenário, abriu um processo para credenciar a creche junto à Secretaria de Educação. O cadastro, contudo, ainda não foi obtido. As reformas pedidas pelo GDF e outras melhorias foram feitas, e Maria do Carmo aguarda a confirmação do processo.

Para mais informações sobre como ajudar a creche Monte Moriá, basta ligar para os números (61) 3335-1554 e (61) 98450-7961, ou entrar en contato pelas redes sociais ou site.

Mães precisam da creche

“Se chegar ao ponto de fechar a creche, não só eu, mas muitas mães vão ficar sentidas”, conta Silvana Lima, 37, cuja filha de três anos frequenta a instituição. A menina é a terceira filha da mulher a ser acolhida pela Monte Moriá. Os dois filhos mais velhos, hoje com 7 e 8 anos, frequentaram o local até completarem 4 anos, idade limite de participação. “A creche para mim e meus filhos é uma bênção. Eles me ajudam com alimentos, brinquedos, cestas básicas. Todo mês eu recebo itens”, explica a mãe.

Silvana é empregada doméstica e mora em São Sebastião e lembra que conseguiu a primeira vaga com ajuda de uma ex-patroa. “Morava até longe da creche (na época), mas, pelo cuidado que eles têm com as crianças, não importa a distância”, comenta a mulher.

Ela conta que a Monte Moriá esteve presente em momentos de dificuldade da família dela. “Teve uma vez que eu não tinha nada em casa para comer e eles me deram uma compra completa. Caí em lágrimas”,  emociona-se.

A mãe acredita na recuperação da Monte Moriá e torce para que o local dê a volta por cima e supere as dificuldades enfrentadas atualmente. “Sei que eles são uma equipe que sempre luta para melhorar, a cada dia. Com força, eles não vão permitir que feche”, confia Silvana.

*Estagiário sob supervisão de Ana Isabel Mansur

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação