Policiais civis da Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) prenderam, em Santa Bárbara de Goiás, a mãe acusada de matar a própria filha asfixiada com um cabo de computador, em 28 de maio do ano passado, no apartamento da filha, na Asa Norte. O crime foi classificado como feminicídio no Distrito Federal.
O Correio mostrou que uma reviravolta surpreendente enquadrou a morte de Letícia Santos Silva, 26 anos, como feminicídio. Jacivânia dos Santos Silva, 51, mãe da vítima, era considerada foragida desde o fim de junho deste ano.
Inicialmente, o caso foi tratado como suicídio pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), mas em fevereiro deste ano, a suspeita confessou o assassinato.
As investigações da PCDF, corroboradas com a oitiva de testemunhas, revelaram que Jacivânia administrou medicamentos para simular um suicídio da filha. Letícia foi arrastada pela própria mãe dentro do imóvel, utilizando um cabo de computador amarrado ao pescoço. A vítima sofria de bipolaridade.
Em depoimento à polícia, Jacivânia relatou que o incidente começou na manhã de 28 de maio do ano passado – dia do crime –, quando ela, Letícia e o neto, de 3 anos, estavam na praça de alimentação de um shopping na Asa Norte. Letícia teria agredido o filho, o que levou um homem desconhecido a revidar com tapas nas costas dela, causando constrangimento à acusada.
Segundo os investigadores ouvidos pela reportagem, de volta ao apartamento, Letícia, visivelmente agitada, tomou seus medicamentos regulares sob a supervisão de Jacivânia, que confessou ter adicionado rivotril ao suco da filha sem seu conhecimento. Após tomar os remédios, Letícia foi se deitar, mas acordou e expressou descontentamento com a presença do filho, afirmando que a criança “arruinava sua vida”.
Jacivânia declarou à polícia que, temendo uma reação da filha contra o neto, pegou um cabo de computador e estrangulou Letícia, arrastando-a para o quarto e deixando-a inconsciente na cama. Após o crime, ela fugiu do apartamento com o neto.
“Não interfona”
De acordo com as investigações, um pastor amigo da família foi chamado por Jacivânia ao apartamento após o crime. Ela confessou ao religioso que havia matado a própria filha, mas, de acordo com os policiais, ocultou essa informação para a apuração policial.
Posteriormente, o pastor detalhou à polícia que mentiu no depoimento e disse que falaria tudo que sabia. Aos policiais da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), disse que recebeu mensagens pelo WhatsApp de Jacivânia, pedindo que ele e a esposa fossem ao apartamento de Letícia. "Quando chegar me avisa, para não interfonar", escreveu a acusada. Para os policiais, o intuito da mensagem era despistar as investigações.
O pastor relatou que quando entrou no imóvel, encontrou a porta do quarto de Letícia trancada e, por isso, teve que arrombá-la. Lá, constatou que a vítima estava gelada, deitada na cama com um cabo enrolado no pescoço. Logo em seguida, afirmou ter telefonado para a polícia, mas antes da chegada da equipe policial, Jacivânia já havia emplacado fuga com o neto.
Os bombeiros, após serem acionados, constataram que Letícia ainda apresentava sinais vitais, mas, apesar dos esforços, ela morreu no local.
Prisão
Enquanto a PCDF indiciou Jacivânia por homicídio, a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e aceita pelo Tribunal do Júri de Brasília, enquadrou o crime como homicídio, com emprego de asfixia e recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima, com qualificadora de feminícidio.
O pastor foi denunciado por fraude processual e favorecimento pessoal. A ré chegou a cumprir prisão temporária durante as investigações após confissão, mas obteve um habeas corpus que revogou a medida. Com a denúncia, um mandado de prisão preventiva foi expedido pela Vara de Execuções Penais (VEP) e, até a diligência que levou à ré para a cadeia, ela era considerada foragida da polícia.
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