Agronegócio

Competição de cultivares de soja traz soluções tecnológicas ao produtor

Evento reuniu 57 variedades da oleaginosa para ajudar produtores a escolher as sementes mais adaptadas às condições de solo e de clima da região

 Presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner, na área de cultivo da competição de cultivares -  (crédito: Maria Eduarda Lavocat/CB/D.a Press )
Presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner, na área de cultivo da competição de cultivares - (crédito: Maria Eduarda Lavocat/CB/D.a Press )

Uma competição de cultivares de soja, realizada ontem na Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), trouxe 57 variedades da oleaginosa, apresentadas por 13 empresas, com o objetivo de aumentar a produtividade da cultura, que é carro-chefe da pauta agrícola no DF. Na disputa, os produtores puderam conhecer as características de cada uma das cultivares e tiveram a oportunidade de escolher aquelas que melhor se adaptam às condições de solo e de clima da região. 

O presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner, explicou que a competição, realizada em oito hectares de plantio, é uma vitrine demonstrativa. "Cada barraca representa uma empresa, e nelas estão expostas as variedades de soja que as empresas têm disponíveis no mercado. O produtor visita as barracas e recebe instrução sobre as características das sementes: qual é o ciclo, se são resistentes a nematoides ou a alguma doença específica”, completou. 

O principal critério avaliado na competição é a produtividade, sendo avaliadas também outras características, como resistência da planta a doenças (bacterioses, ferrugem e nematoides), precocidade e comportamento das variedades de ciclo precoce, médio e tardio, em relação à produção.

José Guilherme esclarece que a partir dessa avaliação o produtor pode decidir qual semente é mais adequada para o seu contexto. “Depois disso, nós colhemos cada material, pesamos e divulgamos os resultados de produtividade. Dessa forma, o produtor não apenas conhece as características das cultivares, mas também vê na prática o desempenho delas”, ressaltou.

Pedro Capilé, 26, produtor, comenta a  experiência na competição de cultivares. "É muito importante ter um comparativo das sementes que estão no mercado, para saber qual alcança uma produtividade maior, que é o que produtor busca”, disse.

O produtor comentou que é interessante conhecer as variedades, e como elas se comportam, para entender o que se adapta melhor à sua propriedade. ”Um problema que o produtor tem é ficar perdido com as muitas variedades de sementes do mercado. Ter uma consultoria específica para o seu tipo de solo traz segurança”, completou.

Cleison Duval, presidente da Emater-DF, ressaltou que a competição é um evento tradicional e importante para os produtores. “O resultado daqui tem grande relevância para o Distrito Federal e também para os produtores de Goiás e Minas Gerais. Como o clima dessas regiões é parecido, os produtores tomam suas decisões baseando-se nessas informações”, esclareceu.

Segundo o presidente do órgão, escolher a variedade correta de acordo com o objetivo do agricultor impacta diretamente no resultado da safra. “A agricultura envolve riscos, então, quanto mais conseguimos mitigá-los, melhor será a tomada de decisão do produtor”, ressaltou.

Para Duval, a mudança genética das plantas está muito voltada para enfrentar eventos climáticos extremos. “Temos variedades de ciclo curto, ciclo médio e ciclo tardio, variedades que resistem mais à seca e à falta de água. Se plantar uma variedade de ciclo curto, terá uma produção rápida e resistente às condições climáticas,” explicou.

“Por exemplo, neste ano, no DF, deu tudo certo para quem plantou soja de ciclo curto, pois já está colhendo. Choveu na hora certa, e o regime de chuvas está favorável. Mas essa é a decisão que o produtor precisa tomar,” afirmou o presidente.

Leandro Canassa, CEO do Grupo Canassa, comentou a importância de participar da competição. "É um espaço para difundir nossa marca. Já é nossa terceira safra como multiplicadores de sementes e para nós é de suma importância fazer essa comunicação, trazendo tecnologias e materiais produtivos para o produtor", destacou.

Tendências

José Guilherme Brenner comenta que nesta safara houve uma busca por materiais mais precoces, porque reduzem o tempo da planta no campo e diminuem a exposição a doenças. "Outra tendência são variedades de porte mais baixo, porque facilitam o controle de doenças e reduzem o risco de acamamento (quando a planta tomba no solo). Além disso, houve um avanço significativo no desenvolvimento de materiais resistentes a nematoides, que são pequenos organismos presentes no solo e que podem comprometer a produtividade", salientou.

O secretário da Agricultura do DF, Rafael Bueno, se mostrou otimista com projeção de aumento de produtividade de 8% para a soja. “No ano passado, de acordo com levantamento da Emater-DF, essa atividade gerou quase R$ 1 bilhão em receita. A soja é o principal cultivo da primeira safra, que se inicia por volta de outubro. Agora, já estamos iniciando a colheita. No Distrito Federal, entre 30% e 40% da soja colhida é destinada à produção de sementes, o que agrega muito mais valor do que a produção de grãos e melhora a rentabilidade do produtor”, explicou.

"O grande desafio surge em anos de problemas climáticos, como observamos na safra 2023/2024, quando houve escassez hídrica. Tivemos uma má distribuição de chuvas, volumes reduzidos e períodos irregulares de precipitação. Isso resultou em uma soja mais fraca e leve, com menor quantidade aprovada para sementes. Este ano, no entanto, a situação é diferente. Há uma boa regularidade e distribuição das chuvas, além de baixa incidência de pragas e doenças, o que favorece a produção. O único desafio técnico tem sido o grande número de dias nublados, mais do que nos anos anteriores. Isso impacta o desenvolvimento da planta, aumentando o crescimento vegetativo em detrimento da produção de vagens, que é essencial para a produção de sementes", explica o secretário.

* Estagiário sob a supervisão de Eduardo Pinho

  • Cleison Duval, presidente da Emater , na área de cultivo da Coopa-DF
    Cleison Duval, presidente da Emater , na área de cultivo da Coopa-DF Foto: Maria Eduarda Lavocat
  • Stand de cultivo do Grupo Canassa
    Stand de cultivo do Grupo Canassa Foto: Maria Eduarda Lavocat
  • Área  da Coopa-DF onde as sementes de soja  foram plantadas para a competição
    Área da Coopa-DF onde as sementes de soja foram plantadas para a competição Foto: Maria Eduarda Lavocat
Maria Eduarda Lavocat
José Albuquerque*
JA
postado em 08/02/2025 04:00
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Competição de cultivares de soja traz soluções tecnológicas ao produtor
Agronegócio

Competição de cultivares de soja traz soluções tecnológicas ao produtor

Evento reuniu 57 variedades da oleaginosa para ajudar produtores a escolher as sementes mais adaptadas às condições de solo e de clima da região

 Presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner, na área de cultivo da competição de cultivares -  (crédito: Maria Eduarda Lavocat/CB/D.a Press )
Presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner, na área de cultivo da competição de cultivares - (crédito: Maria Eduarda Lavocat/CB/D.a Press )

Uma competição de cultivares de soja, realizada ontem na Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), trouxe 57 variedades da oleaginosa, apresentadas por 13 empresas, com o objetivo de aumentar a produtividade da cultura, que é carro-chefe da pauta agrícola no DF. Na disputa, os produtores puderam conhecer as características de cada uma das cultivares e tiveram a oportunidade de escolher aquelas que melhor se adaptam às condições de solo e de clima da região. 

O presidente da Coopa-DF, José Guilherme Brenner, explicou que a competição, realizada em oito hectares de plantio, é uma vitrine demonstrativa. "Cada barraca representa uma empresa, e nelas estão expostas as variedades de soja que as empresas têm disponíveis no mercado. O produtor visita as barracas e recebe instrução sobre as características das sementes: qual é o ciclo, se são resistentes a nematoides ou a alguma doença específica”, completou. 

O principal critério avaliado na competição é a produtividade, sendo avaliadas também outras características, como resistência da planta a doenças (bacterioses, ferrugem e nematoides), precocidade e comportamento das variedades de ciclo precoce, médio e tardio, em relação à produção.

José Guilherme esclarece que a partir dessa avaliação o produtor pode decidir qual semente é mais adequada para o seu contexto. “Depois disso, nós colhemos cada material, pesamos e divulgamos os resultados de produtividade. Dessa forma, o produtor não apenas conhece as características das cultivares, mas também vê na prática o desempenho delas”, ressaltou.

Pedro Capilé, 26, produtor, comenta a  experiência na competição de cultivares. "É muito importante ter um comparativo das sementes que estão no mercado, para saber qual alcança uma produtividade maior, que é o que produtor busca”, disse.

O produtor comentou que é interessante conhecer as variedades, e como elas se comportam, para entender o que se adapta melhor à sua propriedade. ”Um problema que o produtor tem é ficar perdido com as muitas variedades de sementes do mercado. Ter uma consultoria específica para o seu tipo de solo traz segurança”, completou.

Cleison Duval, presidente da Emater-DF, ressaltou que a competição é um evento tradicional e importante para os produtores. “O resultado daqui tem grande relevância para o Distrito Federal e também para os produtores de Goiás e Minas Gerais. Como o clima dessas regiões é parecido, os produtores tomam suas decisões baseando-se nessas informações”, esclareceu.

Segundo o presidente do órgão, escolher a variedade correta de acordo com o objetivo do agricultor impacta diretamente no resultado da safra. “A agricultura envolve riscos, então, quanto mais conseguimos mitigá-los, melhor será a tomada de decisão do produtor”, ressaltou.

Para Duval, a mudança genética das plantas está muito voltada para enfrentar eventos climáticos extremos. “Temos variedades de ciclo curto, ciclo médio e ciclo tardio, variedades que resistem mais à seca e à falta de água. Se plantar uma variedade de ciclo curto, terá uma produção rápida e resistente às condições climáticas,” explicou.

“Por exemplo, neste ano, no DF, deu tudo certo para quem plantou soja de ciclo curto, pois já está colhendo. Choveu na hora certa, e o regime de chuvas está favorável. Mas essa é a decisão que o produtor precisa tomar,” afirmou o presidente.

Leandro Canassa, CEO do Grupo Canassa, comentou a importância de participar da competição. "É um espaço para difundir nossa marca. Já é nossa terceira safra como multiplicadores de sementes e para nós é de suma importância fazer essa comunicação, trazendo tecnologias e materiais produtivos para o produtor", destacou.

Tendências

José Guilherme Brenner comenta que nesta safara houve uma busca por materiais mais precoces, porque reduzem o tempo da planta no campo e diminuem a exposição a doenças. "Outra tendência são variedades de porte mais baixo, porque facilitam o controle de doenças e reduzem o risco de acamamento (quando a planta tomba no solo). Além disso, houve um avanço significativo no desenvolvimento de materiais resistentes a nematoides, que são pequenos organismos presentes no solo e que podem comprometer a produtividade", salientou.

O secretário da Agricultura do DF, Rafael Bueno, se mostrou otimista com projeção de aumento de produtividade de 8% para a soja. “No ano passado, de acordo com levantamento da Emater-DF, essa atividade gerou quase R$ 1 bilhão em receita. A soja é o principal cultivo da primeira safra, que se inicia por volta de outubro. Agora, já estamos iniciando a colheita. No Distrito Federal, entre 30% e 40% da soja colhida é destinada à produção de sementes, o que agrega muito mais valor do que a produção de grãos e melhora a rentabilidade do produtor”, explicou.

"O grande desafio surge em anos de problemas climáticos, como observamos na safra 2023/2024, quando houve escassez hídrica. Tivemos uma má distribuição de chuvas, volumes reduzidos e períodos irregulares de precipitação. Isso resultou em uma soja mais fraca e leve, com menor quantidade aprovada para sementes. Este ano, no entanto, a situação é diferente. Há uma boa regularidade e distribuição das chuvas, além de baixa incidência de pragas e doenças, o que favorece a produção. O único desafio técnico tem sido o grande número de dias nublados, mais do que nos anos anteriores. Isso impacta o desenvolvimento da planta, aumentando o crescimento vegetativo em detrimento da produção de vagens, que é essencial para a produção de sementes", explica o secretário.

* Estagiário sob a supervisão de Eduardo Pinho

  • Cleison Duval, presidente da Emater , na área de cultivo da Coopa-DF
    Cleison Duval, presidente da Emater , na área de cultivo da Coopa-DF Foto: Maria Eduarda Lavocat
  • Stand de cultivo do Grupo Canassa
    Stand de cultivo do Grupo Canassa Foto: Maria Eduarda Lavocat
  • Área  da Coopa-DF onde as sementes de soja  foram plantadas para a competição
    Área da Coopa-DF onde as sementes de soja foram plantadas para a competição Foto: Maria Eduarda Lavocat
Maria Eduarda Lavocat
José Albuquerque*
JA
postado em 08/02/2025 04:00
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