EXPOSIÇÃO

Brasilienses e turistas realizam uma visita à memória da capital

Visitantes se encantam com a exposição Quando os brasilienses se encontram, promovida pelo Correio Braziliense. Mostra traz 42 imagens históricas que retratam momentos marcantes da capital e segue aberta ao público até 23 de abril

Exposição fotográfica 'Quando os brasilienses se encontram', do Correio Brasiliense, na Casa de Chá -  (crédito:  Luis Nova exp CB/DA Press.)
Exposição fotográfica 'Quando os brasilienses se encontram', do Correio Brasiliense, na Casa de Chá - (crédito: Luis Nova exp CB/DA Press.)

Apesar da chuva que caiu na tarde dessa quarta-feira (9/4), brasilienses e turistas não deixaram de prestigiar o segundo dia da exposição Quando os brasilienses se encontram, promovida pelo Correio Braziliense na Casa de Chá. Com 42 imagens históricas que retratam momentos marcantes da capital, a mostra celebra os 65 anos de Brasília e segue aberta ao público até 23 de abril.

A exposição na Praça dos Três Poderes transformou um dos pontos turísticos mais simbólicos da cidade em uma galeria viva de memórias e resgate de tempos passados. Em meio as decisões políticas que são tomadas nos prédios da Praça dos Três Poderes, o espaço se encheu de olhares curiosos e alegres diante de registros que contam a trajetória política, social e cultural de Brasília.

Entre os visitantes, a goiana Carla Alcântara, terapeuta, 23 anos, que vive na capital há cinco, ficou impactada com a imagem de uma manifestação pró-impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. "Eu achei muito bacana ver os jovens ali, unidos por uma causa. Hoje, a gente não vê isso com tanta frequência. Eu me senti representada, e emociona ver esse tipo de engajamento", comentou. Para ela, Brasília virou a sua casa: "Eu não quero mais sair. Me sinto parte dessa cidade, que une tantos povos diferentes", disse.

Khadige Hussein, 59, de Piracicaba (SP), se emocionou ao rever a história registrada pelas lentes do jornal. "Os jovens de hoje não são tão conscientizados como eram antes. Essas imagens me marcaram porque me levaram de volta no tempo. Foi emocionante", declarou, enquanto caminhava pela exposição acompanhada de Carla Alcântara.

O bancário Luiz Gustavo Camilo, 45, de Aracaju (SE), veio ao DF para um evento corporativo e aproveitou para revisitar pontos turísticos da capital, entre eles, a Praça dos Três Poderes. Ele conta que a manifestação pró-impeachment de Collor também o marcou. "Eram manifestações pacíficas, bem diferentes. Lembro da minha mãe, professora de história, falando que aquilo era um momento histórico. E hoje eu estou aqui, revivendo tudo isso", contou.

  • De Aracaju (SE), a trabalho no DF, Luiz Gustavo Camilo resgatou memórias da mãe
    De Aracaju (SE), a trabalho no DF, Luiz Gustavo Camilo resgatou memórias da mãe Davi Cruz/CB/D.A Press
  • Elisabeth celebrou o aniversário de 49 anos na exposição
    Elisabeth celebrou o aniversário de 49 anos na exposição Davi Cruz/CB/D.A Press
  • A goiana Carla Alcântara e a paulista Khadige Hussein destacaram as manifestações pelo impeachment de Collor
    A goiana Carla Alcântara e a paulista Khadige Hussein destacaram as manifestações pelo impeachment de Collor Davi Cruz/CB/D.A Press
  •  Maria Estela, Marise Dória e Renan Figueiredo: amigos voltando no tempo
    Maria Estela, Marise Dória e Renan Figueiredo: amigos voltando no tempo Luis Nova esp./CB/D.A Press
  •  O aposentado Reinaldo de Lima relembrou a morte de JK, em 1974
    O aposentado Reinaldo de Lima relembrou a morte de JK, em 1974 Luis Nova exp CB/DA Press.

Raízes profundas

Mesmo para quem veio de outras localidades, Brasília também é sinônimo de raízes profundas. A corretora Elisabeth Rosa, 49, que chegou à capital aos 21, celebrou o aniversário da cidade no mesmo dia em que comemorava o próprio. "Hoje é meu aniversário e também estamos próximos da festa da cidade que me acolheu. Me sinto enraizada. Esta cidade me deu tudo, e tocou ver uma imagem de 1984, sobre as Diretas já! Eu tinha 6 anos e me lembro da minha mãe me explicando sobre democracia. Brasília é utopia e realidade ao mesmo tempo. Aqui, a gente constrói e reconstrói memórias", ressaltou a maranhense, com emoção.

A exposição também atraiu pessoas que vivenciaram a história. Como o aposentado Reinaldo Pimenta de Lima, 69, que viveu de perto momentos decisivos da cidade. Ele chegou a Brasília em 1974 e conta que se lembra claramente do clima após a morte do presidente Juscelino Kubitschek. "Lembro quando o JK morreu. A cidade parou. Foi uma tristeza enorme. E agora, ver essa imagem aqui na exposição, revivo tudo. Essas fotos nos fazem lembrar que Brasília é construída por todos nós, dia após dia", afirmou.

Maria Estela Barbosa, 81, revisitou cenas que presenciou quando era mais jovem. "Fomos acompanhar a festa da chegada dos jogadores campeões do mundo com a nossa seleção, em 1970. Foi uma festa linda e, com certeza, eu estava nessa foto", destacou. "A gente andava de carona, ninguém tinha medo. Era uma cidade cordial, acolhedora. Essa exposição me lembrou tudo isso. Foi como voltar no tempo", acrescentou, ao lado dos amigos, Renan Tavares Figueiredo e Marise Barreto Dória.

Aberta até 23 de abril, a mostra Quando os brasilienses se encontram convida moradores e visitantes a apreciarem os grandes acontecimentos da capital. Mais do que uma homenagem aos 65 anos da cidade, é um resgate sensível e afetivo da memória coletiva que continua a ser escrita pelas mãos e pelos olhos de quem vive e ama a cidade.

 


DC
postado em 10/04/2025 05:27
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