VIOLÊNCIA

Educadora parental sobre caso de homem que agrediu criança: "Acontece todos os dias"

Segundo influenciadora Isabelli Gonçalves, esse tipo de comportamento violento ocorre de forma frequente dentro de casa como "forma de educação" 

Homem de 41 anos agrediu uma criança durante apresentação em festa junina, em Vicente Pires -  (crédito: Material Cedido ao Correio)
Homem de 41 anos agrediu uma criança durante apresentação em festa junina, em Vicente Pires - (crédito: Material Cedido ao Correio)

A educadora parental e influenciadora digital acerca de assuntos sobre maternidade Isabelli Gonçalves, conhecida por comandar o perfil "Depois que pari duas" nas redes sociais, comentou, nesta terça-feira (17/6), o caso do homem que subiu ao palco de uma apresentação escolar de festa junina, no Distrito Federal, e agrediu uma criança de 4 anos. 

Em vídeo, a mulher, pós-graduanda em neurociência e desenvolvimento infantil e autora de livros sobre comportamento de pais e filhos, afirma que, embora o episódio recente tenha chocado a internet, esse tipo de violência é mais comum do que parece. “A verdade é que essa cena acontece todos os dias”, explica. “Na sala, na cozinha, no quarto. Só que, quando é dentro de casa, a gente chama de ‘educação’.” 

Isabelli reforça que o comportamento de adultos não é “de agora”. Por isso, ela reitera que a “educação emocional”, abordagem que defende, é importante para todas as faixas etárias.  

“Não é coisa da nova geração”, esclarece. “É uma questão de segurança, porque quem não aprendeu a lidar com frustração, com medo, com raiva desde pequeno cresce assim, reagindo com violência.  Acha que tem direito sobre o corpo do outro, mesmo que o outro seja uma criança de 4 anos.” 

Esse comportamento ocorre frequentemente, segundo ela, não apenas de forma pública, mas entre famílias. “Todos os dias tem gente dentro da própria casa achando que tem direito sobre o corpo do próprio filho e reagindo com violência: dando tapa na boca quando o filho age com malcriação, dando chinelada quando o filho não obedece, dando cintada. E aí, o que difere?” 

De acordo com Isabelli, “não tem diferença entre o pai no palco e o tapa ‘pra aprender a obedecer’”. Ela reforça que “bater em criança é violência”, independentemente do local em que ocorre. 

A educadora ressalta que o episódio que chocou a internet foi, de fato, “horrível”, mas diz que espera que ele tenha funcionado como alerta para pais que relativizam a violência por considerarem que, quando se trata do próprio filho, o uso da força é permitido ou aceitável. 

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“Espero que tenha servido para a gente ver o quão absurdo é um adulto daquele tamanho partir para cima e agredir uma criança”, finaliza. “O quão discrepante é essa diferença de tamanho e que todo mundo normaliza acontecer dentro de casa porque é uma forma de educação.” 

postado em 17/06/2025 15:53
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