
A 17ª edição da Campus Party Brasil reforça o espaço que a tecnologia tem aberto para novos negócios e soluções inovadoras. O evento nacional ocorre pela primeira vez na capital e vai até domingo no estádio Mané Garrincha, com aposta na força das startups e na aplicação da inteligência artificial, reunindo empreendedores, desenvolvedores e curiosos em busca de aprender e criar com as novas ferramentas.
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Segundo o presidente do Instituto Campus Party, Francesco Farruggia, a expectativa é movimentar o público — mais de 150 mil visitantes, sendo 20 mil apenas na Arena e 2 mil acampados — com oficinas voltadas ao uso de agentes de inteligência e reunir startups que já nasceram com apoio dessas ferramentas. "Vai ter muita gente fazendo oficinas para aprender a usar os agentes de inteligência, startups que já foram criadas com agentes inteligentes e pessoas que já estão fazendo negócios com isso", afirma.
O evento também abre espaço para empreendedores apresentarem soluções baseadas em inteligência artificial, como as startups BePair e a JuristIA, que traduzem na prática o potencial dessas novas tecnologias.
Apresentada pelos cofundadores Ujeverson Sampaio, 43, e Ricardo Kerr, 49, a BePair aposta na inteligência artificial para reduzir a perda de clientes por parte das empresas. A startup desenvolveu a metodologia PAIR (persona ativada por inteligência relacional), que identifica os sentimentos do consumidor, como tristeza, euforia ou raiva, e com isso, cria respostas alinhadas ao tom da marca.
As interações podem ocorrer por WhatsApp, chatbot ou até em plataformas como o Reclame Aqui. A solução também oferece bonificações ou vouchers para reverter insatisfações. "Custa nove ou dez vezes mais perder um cliente do que investir na retenção", destaca Kerr.
A JuristIA, do paranaense Fernando Torres, 30, reúne agentes inteligentes para automatizar tarefas diárias de advogados, que segundo ele, servem como um assistente. O sistema gera relatórios processuais, sugere perguntas para testemunhas em audiências e até as transcreve com identificação de quem está falando. Via WhatsApp, os profissionais acessam exemplos processuais e análises de documentos prontos para petições, por exemplo.
Criada por um advogado e programador, a startup busca reduzir o tempo gasto com tarefas administrativas e permitir que os usuários foquem apenas na prática jurídica. "Busquei fazer ferramentas que ajudassem os advogados a pensarem apenas no Direito. Então, digamos que eu preciso de um relatório, pra não perder tanto tempo olhando tudo do zero, desenvolvi o JuristIA", conta.
Rede social
A edição nacional da Campus Party é promovida pelo Instituto Campus Party, em parceria com o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-DF). Ontem foi o primeiro dia e os "campuseiros", como se denominam os participantes do evento, marcaram presença nas diversas palestras e atividades. Entre os nomes que abriram a programação estavam Sandeco Macedo e Antonio José de Souza.
Mais do que um festival de tecnologia, a Campus Party também funciona como ponto de encontro para quem busca networking e inclusão digital. Thais Souza, profissional de TI com mais de 12 anos de experiência, participa pela quarta vez — três delas fantasiada de Power Ranger amarela. "Venho para saber das novidades tecnológicas, trocar experiências, ver influenciadores da área de TI e assistir às palestras", conta, animada com a primeira edição nacional em Brasília.
Outro exemplo é Roosevelt Maurílio, 48, militar da Aeronáutica, que chegou ao evento após fazer um curso de empreendedorismo digital com a Brasil.IA, uma das iniciativas que estão presentes na Campus Party. Ele conta que a experiência foi um divisor de águas: "No início foi desafiador, porque eu não tinha muita familiaridade com tecnologia, mas o curso foi um pontapé para eu voltar a estudar. Agora comecei também o curso de análise de sistemas".
A Brasil.IA tem como proposta levar inclusão tecnológica a pessoas de todas as idades, com oficinas itinerantes que percorrem as regiões administrativas do DF. O projeto já formou alunos de até 75 anos e atende quem tem a partir de 11 anos. As aulas acontecem em carretas adaptadas, com duração de 20 dias e carga de 60 horas, incluindo material didático, uniforme, lanche e até garrafinha de água, tudo de forma gratuita.
A próxima etapa do projeto começa em 1º de julho, nas regiões do Jardim Botânico, Águas Claras, São Sebastião e Cruzeiro. Para obter mais informações, o contato pode ser feito pelos telefones: (61) 99851-3142 ou 99821-4208.
Ações de governo
O evento conta com o apoio do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-DF) e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), reunindo participantes do Brasil e de outros países em uma experiência imersiva voltada para o futuro.
"Ser empreendedor é um sonho, mas por que não também ser pesquisador? A FAPDF financia grande parte da pesquisa do DF, e queremos que vocês mergulhem conosco nesses desafios para contar novas histórias", declarou o diretor-presidente da FAPDF, Leonardo Reisman, na abertura. Ele reforçou a importância do engajamento dos participantes: "Espero contar muitas histórias com vocês, campuseiros, que vão participar desse processo. A Campus Party Brasil não sai mais de Brasília".
A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) apresentou os eixos estratégicos do Programa Segurança Integral e os ecossistemas que inspiram a realização dos hackathons "Cidadão mais seguro", "Cidade mais segura" e "Mulher mais segura". Os destaques do painel foram os principais projetos e tecnologias adotados pela pasta na prevenção à violência contra as mulheres, com ênfase no programa Viva Flor, iniciativa que já oferece proteção a mais de 1,1 mil mulheres no DF.
O encontro também marca o lançamento oficial de desafios voltados à criação de soluções tecnológicas para problemas sociais, em parceria com órgãos do governo, como a SSP-DF. Foram desenvolvidos três desafios principais: um voltado ao mapeamento de desordens; outro relacionado ao uso de tecnologia para auxiliar na prevenção e no combate à violência contra a mulher e ao feminicídio; e, por fim, um desafio promovido pela Polícia Civil, em parceria com a SSP, voltado à quebra de privilégios de segurança em celulares, dentro do espírito de um hackathon.
Os participantes terão a oportunidade de propor soluções reais e integradas por meio de hackathons, workshops e outras atividades práticas.
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Palestra: As oportunidades no Agro brasileiro – Um mercado de R$2,72 trilhões, com Takaki
14h10 (Palco Petrobras)
Palestra: Contribuições da inteligência artificial no processo de ensino e aprendizagem: resultado prático, com Claudia Barboza, Marcio Luiz Diaz e Ricardo Lima.
14h50 (Palco Petrobras)
Serviço da 17ª Campus Party Brasil
Data: de 18 a 22 de junho
Horário: das 9h às 20h
Local: Arena BRB Mané Garrincha (também conhecido como Estádio Mané Garrincha)
Ingressos: Podem ser adquiridos através do site oficial: http://brasil.campus-party.org/cpbr17/ingressos/