RODOVIÁRIA DO PLANO PILOTO

Veja detalhes sobre cobrança de estacionamento na Rodoviária do Plano

A cobrança começará no domingo (6/7), pelas vagas que ficam próximas ao Conic. O valor será de R$ 7 a hora

Mapa especifica a quantidade de vagas ao redor da rodoviária -  (crédito: Catedral)
Mapa especifica a quantidade de vagas ao redor da rodoviária - (crédito: Catedral)

O estacionamento da Rodoviária do Plano Piloto será cobrado a partir de domingo (6/7). A cobrança será feita de forma gradual, começando com as vagas localizadas próximas ao Conic e na plataforma superior, voltadas para o Setor de Diversões Sul. O valor da hora será de R$ 7 e o pagamento poderá ser feito por débito, crédito e pix nos terminais de autoatendimento, que ficarão localizados na plataforma superior. Também será possível pagar pelo aplicativo da Atlas Park.

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De acordo com a empresa Catedral, que administra a rodoviária, todos os veículos estacionados terão seguro incluído, o que oferece mais segurança aos usuários. Ao todo, são 2.902 vagas divididas conforme o mapa em destaque. Ainda segundo a empresa, a ideia é gerar receitas para modernizar a rodoviária.

As demais áreas do estacionamento passarão a ser tarifadas de forma escalonada, nos próximos dias, com aviso prévio à população. Quando forem tarifadas, as vagas atrás da rodoviária, perto do Conjunto Nacional, custarão R$ 12 a hora. Além da cobrança por hora, haverá opções de diária e planos para mensalistas. Os valores foram definidos com base em critérios técnicos e observação dos padrões praticados na região central.

Repercussão

A reportagem do Correio foi até os estacionamentos nos arredores da rodoviária e ouviu a opinião da população sobre a cobrança. Lavando carros no estacionamento em frente ao Conjunto Nacional, David Nascimento da Silva, 49 anos, mora em Sobradinho e trabalha no mesmo local há 35 anos. Ele acha que, com a privatização do estacionamento e o preço estabelecido, o movimento da região irá diminuir bastante. “Vão todos fugir daqui. Aqui vai virar um museu. Eu vou ficar sem serviço. Para mim, eles tinham que cobrar um valor normal para todo mundo poder encostar. Como não posso estar no ponto de outra pessoa para trabalhar, vou ficar desempregado”, afirmou.

Esperando uma corrida pelo aplicativo, Aurélio Araújo Ferreira, 37, mora em Sobradinho. Ele para todo dia na parte de cima como parte da estratégia das corridas. Aurélio é mais um que acha que a decisão é errônea, porque o custo de ser motorista de aplicativos é bastante alto, com gasolina, comida e a manutenção de carro. "As corridas eu pretendo continuar fazendo, agora, estacionar aqui, não vou mais. Todo mundo sai prejudicado. Não existem muitos estacionamentos grátis no centro de Brasília. Aqui era um local que podíamos parar e descansar um pouco. Agora, vai ficar mais difícil”, completou Aurélio.

A comerciante Maria de Jesus Miranda, 65, tem um comércio na parte de baixo da rodoviária e mora na Asa Norte. Ela usa o estacionamento cotidianamente e acredita que será impossível ir de carro, porque o preço será muito alto. Para ela, a cobrança vai prejudicar o comércio de todas as maneiras, porque alguns funcionários também têm carro. “Nem sempre eles vão conseguir pagar, porque o salário deles não dá para manter. Fatalmente teremos de pensar se conseguiremos permanecer na rodoviária”, expôs.

Análise

Especialista em mobilidade, o secretário executivo do Movimento pelo Direito ao Transporte (MDT) e integrante do Conselho de Transporte Público Coletivo do DF, Wesley Ferro, destaca que as grandes cidades no mundo usam a política de cobrança de estacionamento como forma de controlar o uso excessivo do automóvel.

"Acreditamos que o estacionamento em via pública deve ser cobrado. Um estudo técnico feito pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) identificou que, se o estacionamento em todas as áreas públicas fosse cobrado em R$ 4,50, isso geraria uma receita de quase R$ 3 bilhões por ano. Daria para financiar o transporte público de Brasília", afirma. "A nossa crítica é que não há garantia de que o valor cobrado pelos estacionamentos será convertido na melhoria da mobilidade urbana. Por mais que a concessionária pague uma outorga de 12,33% ao GDF, não há garantia da destinação dessa verba", complementa.

Wesley acredita que o valor arrecadado com os estacionamentos deveria ser utilizado para reduzir o impacto de subsídios que o GDF aporta, para reduzir tarifa do transporte público, melhorar infraestrutura de mobilidade para pedestres e ciclistas, entre outras melhorias. "Defendemos políticas de estacionamento para reduzir o protagonismo do automóvel, mas, dentro dessa modelagem de concessão, a receita será investida em melhorias apenas dentro da rodoviária", frisa. 

 

postado em 05/07/2025 06:00 / atualizado em 05/07/2025 22:05
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