Entrevista

Governo reforça busca ativa por população de rua, anuncia Celina Leão

O GDF pretende intensificar as ações para a população mais vulnerável, como a busca ativa para atender esse público. "Queremos cuidar, qualificar e colocar para trabalhar essas pessoas", disse a governadora em exerício do DF, Celina Leão, ao CB.Poder

A governadora em exercício do DF, Celina Leão, participou da edição desta quarta-feira (9/7) do CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. A chefe do Executivo falou com as jornalistas Denise Rothenburg e Mariana Niederauer sobre o programa Acolhe DF e o novo modelo de atendimento às populações em vulnerabilidade. “Ninguém merece viver em situação de rua. Às vezes, as pessoas se acostumaram com aquilo, mas essa não é uma condição que um ser humano nasceu para viver", disse durante a entrevista.

Como funciona o programa Acolhe DF?

Criamos um novo fluxograma de atendimento às pessoas em situação de rua do DF. Estamos fortalecendo à busca ativa, não somente a Secretaria de Desenvolvimento Social, mas todas as administrações poderão fazer essa busca. A Secretaria de Justiça, responsável pela política antidrogas, tem os convênios com todas as comunidades terapêuticas. Após sair dessas comunidades, acompanharemos o cidadão para ele não voltar à dependência química. Queremos buscar essa pessoa na rua, cuidar, qualificar e colocar para trabalhar. Assim que entendemos como um ciclo completo. Fui pessoalmente fazer essa busca ativa, porque devemos dar o exemplo. Vi pessoas que queriam sair dessa condição de situação de rua.

Quais serão os serviços oferecidos para as mulheres em situação de vulnerabilidade? Qual a diferença com relação a Casa da Mulher brasileira?

Atualmente, o GDF tem 31 equipamentos e cada um deles tem um perfil para fazer os seus respectivos atendimentos, mas todos eles trabalham em redes. A ideia é que a mulher tenha muito próximo da sua residência um atendimento. Em Santa Maria, foi inaugurado o sétimo comitê de atendimento às mulheres, que ficam nas administrações do DF. São salas totalmente adaptadas para atender as vítimas de violência doméstica, porque muitas delas não querem ir para uma delegacia. Elas vão atrás de informação e acolhimento, e esses espaços estão preparados para atender essas mulheres.

Existem estados de saúde que não podem esperar, como o câncer e questões mais urgentes. Como pacientes serão atendidas? Terão mais credenciamentos dos hospitais privados para ajudar nessa questão? 

Soltamos um novo credenciamento e nós vamos soltar para várias especialidades. Dessa vez soltamos oftalmologia, cabeça-pescoço, proctologia, para que a gente tenha uma celeridade na fila de cirurgia. O parceiro que credenciar, não é o preço da tabela SUS, é uma tabela bem mais atrativa. Além disso, há uma obrigatoriedade do próprio parceiro fazer os exames de imagem ou de sangue, para que ele não sobrecarregue a rede, e a gente consiga agilizar essas cirurgias eletivas. Ampliamos o atendimento no Hospital de Base com a criação de uma nova ala para o tratamento da quimioterapia. Dobramos a capacidade do base de atendimento da oncologia em um atendimento de qualidade, mas nós ainda temos uma fila grande nessa parte oncológica, e o secretário, nesse mês, está soltando também o edital para que possamos fazer todos os atendimentos e atender essa demanda que é recorrente na rede. 

Quais são os projetos do governo, para esses próximos meses, na valorização da educação pública? 

Os professores sabem o nosso compromisso, até porque eu não acredito que você possa transformar uma população sem educação. Quando você vai em um país igual o Japão, que eu tive a oportunidade de estar esses dias atrás, você vê uma população que realmente se faz valorizar pelo respeito, mas ele tem um princípio básico, que é a valorização da educação, e nós também temos esse entendimento. Houve uma paralisação grande (dos professores) e acredito que há necessidade de sempre estar dialogando com os nossos professores, e não é por não querer fazer um reajuste, como você gostaria de fazer. Entendemos que foi feito um pacto de um reajuste com os professores, uma negociação com o sindicato, que possibilitou a saída dos professores da greve, e o nosso entendimento é que cada vez mais a gente possa estar valorizando a educação, mostrando que isso é uma prioridade para nós, para o nosso governo.

Estamos em período de férias escolares e muitas famílias vão ao Zoológico de Brasília. Haverá alguma programação especial? O zoo vai ficar aberto durante esse período todo?

Quando nós criamos o programa Vai de Graça, o zoológico se tornou o nosso equipamento público mais visitado. As pessoas têm um carinho emocional pelo zoo que é incrível. Tivemos o problema da gripe aviária e ele teve que ficar totalmente interditado. Mas reabrimos o espaço, e tem programação, sim, tem programação de colônia de férias, de várias atividades que sempre acontecem no zoológico. Perdemos uns dias pelo problema da gripe aviária, mas foi resolvido.

Na política, como está funcionando a Federação Progressistas-União Brasil? 

Sempre me dei muito bem com os políticos da União Brasil, o presidente Antônio Rueda sempre foi um grande amigo, uma pessoa que sempre teve muita dignidade comigo no trato, no ajuste, na eleição passada ele nos ajudou. Para nós, aqui no DF, nunca tive nenhuma dificuldade. É uma força que realmente se une aqui no DF. Vamos montar uma belíssima nominata para fazermos deputados e tenho certeza que isso vai reforçar a força da União Progressista (UP).

Sua campanha para o governo está fechada? 

Não posso falar isso, porque é muita arrogância dizer que está fechado. Mas, o Estatuto prevê que naqueles estados onde você tem alguém exercendo mandato, eu tenho o direito de ser a candidata da federação. Mas eu prefiro muito mais falar que política é construção. Não é pelo direito. O direito não me traz a liderança, mas sim a forma como eu dialogo com esses políticos, o respeito que eu tenho pela classe política. Não pela imposição, mas sim pela liderança de responsabilidade, de compromisso com a cidade é assim que eu entendo. Acho que essa grande aliança que estamos fazendo de centro-direita, aqui no DF, que vai nos possibilitar termos vitória e dar continuidade ao trabalho que está sendo executado.

Assista à entrevista

 

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Como funcionará a busca ativa?

Poderá ser feita por todas as secretarias e administrações regionais. Antes, era exclusividade da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes).

Atuação será feita em:

Centros urbanos;

Áreas comerciais;

Praças, parques e feiras livres;

Locais identificados por órgãos públicos, entidades da sociedade civil ou cidadãos.

A avaliação da possível dependência química será feita pela Sedes ou pela Secretaria de Saúde.

Caso o transtorno seja confirmado, o acolhido será encaminhado para comunidades terapêuticas conveniadas ao programa Acolhe DF.

As pessoas que manifestarem interesse pelo tratamento serão conduzidas à Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus). Casos mais graves serão encaminhados diretamente à Secretaria de Saúde.

Após o tratamento, a Sejus coordenará a reinserção social, com ações como:

Encaminhamento a programas de alfabetização e escolarização;

Cursos de capacitação profissional;

Inserção em vagas de emprego, inclusive com reserva de cargos públicos para pessoas em situação de rua, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet).