Popular entre fãs de todas as idades, Odair José apresentou, na noite desta quinta-feira (10/7), o show Clássicos, para um Teatro dos Bancários lotado, em Brasília. De forma acústica, entoou os principais sucessos da carreira para um público apaixonado, na 39ª edição do ArteFato, iniciativa cultural que traz shows para a capital.
A apresentação dos hits da carreira do músico, que durou pouco mais de 55 anos, mostrou o legado da trajetória de Odair José. São 40 discos que começaram a ser lançados quando ele era um jovem, mas permanecem com canções amadas até hoje. Do primeiro ao último disco, Odair construiu uma viagem no tempo para os espectadores.
O músico é uma dessas figuras que mostram que o mundo mudou, mas que o que toca o público é atemporal. Com canções sobre as próprias vivências, ele parece alcançar o ouvinte, independentemente da geração. Seja sob a alcunha de "Bob Dylan da Central do Brasil" ou em adjetivos como brega, ele continua relevante.
"O ser humano se repete muito em emoções e tudo. Então, não é muito difícil ter feito uma música há 50 anos e ela permanecer importante até hoje. Basta ela ser relevante para as pessoas", avaliou Odair José em entrevista durante a passagem de som. "Fico frustrado quando faço uma música e percebo que ela pode ser passageira", afirmou.
O artista conta que pensa muito todas as músicas antes de gravá-las e, ainda na cabeça, consegue perceber qual composição será perene para ele e para o público. "Na hora em que faço a canção, percebo quando ela tem uma força", disse Odair, que classifica os seus 40 álbuns em: "20 muito bons e outros 20 que davam para melhorar".
Mesmo crítico do próprio trabalho, ele entende que o que fez está marcado na história e nos sentimentos das pessoas que o acompanham. "Vou tirar você desse lugar já tem 53 anos tocando as pessoas e tenho certeza de que vai durar muito mais que eu", refletiu o artista. "Estava conversando com um amigo que deixou a bonita frase: o importante não é o que você leva, é o que você deixa", cravou Odair.
O compositor enxerga que a melhor maneira de as pessoas o conhecerem e se lembrarem dele é por meio das músicas. "Quero que se lembrem dos temas que levantei. Batalho por igualdade social, para colocar pautas que fazem as pessoas pensarem e conversarem sobre coisas que não querem, têm medos e preconceitos", destacou. "Eu sou contra qualquer tipo de preconceito. Quero que as pessoas se lembrem de um Odair José que lutou pela igualdade dos humanos como um todo", relatou.
Sobretudo, Odair José quer ser lembrado pelo trabalho que teve para ser um cantor popular. "Fazer música para todo mundo é muito mais difícil do que fazer para poucos. O simples é complicado de ser feito", avaliou. "Faço música para todas as pessoas."
Essa popularidade se reverteu em um show lotado em Brasília e Odair agradeceu ao público que o acompanha desde o início da carreira. "Tenho uma música que diz: 'a felicidade não existe, o que existem são momentos felizes' e quero retribuir esse carinho da cidade com um momento feliz", enfatizou o cantor, que sabe que o momento feliz dele sempre será estar no palco.
