
A 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida) instaurou, nesta sexta-feira (29/10), procedimento de investigação criminal para apurar denúncias de descumprimento da Portaria SES nº 269/2024 no Hospital Regional de Samambaia (HRSam).
A norma determina o acolhimento, a classificação de risco e o atendimento de todas as gestantes no primeiro serviço de emergência gineco-obstétrica. No entanto, relatos apontam que servidores ainda não identificados teriam orientado gestantes classificadas como prioridade amarela e verde a buscar atendimento em outras unidades, restringindo a assistência apenas aos casos considerados graves (prioridade vermelha).
A denúncia inclui a ocorrência de pelo menos três óbitos de bebês entre os dias 31 de julho e 3 de agosto de 2025, supostamente relacionados à recusa de atendimento no hospital.
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Segundo a promotora de justiça Alessandra Morato, responsável pela Pró-Vida, a investigação será limitada ao período e às condutas descritas na portaria. Entre as diligências previstas estão a identificação de gestores, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e vigilantes plantonistas no período de 17 de julho a 3 de agosto, a realização de oitivas, a obtenção de autorização dos familiares para acesso a prontuários e a perícia indireta desses documentos médicos por especialistas do MPDFT. O prazo inicial para conclusão da investigação é de 90 dias.
“Desde 2019, a Pró-Vida acompanha os serviços de ginecologia e obstetrícia do HRSam. Nos anos de 2022 e 2023 houve redução de denúncias, acompanhada do aumento de enfermeiros obstetras e do engajamento da equipe no mapeamento de intercorrências e correção de fluxos de atendimento. Ocorre que este ano houve aumento de pedidos de investigação e ainda não temos dados para identificar onde está a falha. É gravíssima a acusação de descumprimento da Portaria SES nº 269/2024, principalmente quando associada à morte de bebês”, afirmou Morato.
A investigação busca esclarecer as circunstâncias do suposto descumprimento da portaria e a eventual responsabilização de envolvidos, garantindo maior transparência e segurança no atendimento obstétrico no HRSam.
A reportagem entrou em contato com a SES-DF, que afirmou que trabalha de maneira transparente com os órgãos de controle e sempre que questionada e demandada responde dentro do prazo solicitado a todos os questionamentos realizados, estando sempre à disposição para esclarecimentos.
Cidades DF
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