CB.Saúde

Psiquiatra aponta os principais sinais de estado de desesperança

Especialista do Hospital Sírio-Libanês, André Botelho alerta para os fatores que levam ao suicídio e recomenda a melhor maneira de agir ao perceber alguém com comportamentos depressivos

Nesta quinta-feira (18/09) , o CB.Saúde — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília — recebeu André Botelho, coordenador da psiquiatria do Sírio-Libanês. Às jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte o entrevistado falou sobre o crescimento no índice de suicídios entre os jovens e a importância de debater o tema.

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Segundo o especialista, desde 2023, o Distrito Federal está na terceira posição do ranking de entes federativos com maiores casos de autoextermínio. Ele afirma que o suicídio é um processo e envolve diversos fatores: “O sofrimento psíquico é multifacetado, vêm de várias ordens — questões climáticas, políticas, sociais, culturais — que vão construindo a rede de uma estrutura que gera, a partir do momento que a pessoa está inserida nesses contextos, uma dor interna”. 

O psiquiatra aponta os principais sinais de que um indivíduo se encontra em estado de desesperança: “Uma pessoa que se mostra sem perspectivas de como agir diante de uma situação aguda ou demonstra desespero, em que a angústia e o sofrimento se mostram invariáveis, impossibilitados de ter algum espaço de escuta”. Transtornos psiquiátricos, como ansiedade, depressão e bipolaridade também são questões que aumentam os riscos de autoextermínio.

Outro fenômeno preocupante, de acordo com o especialista é a FOMO, sigla para “fear of missing out”, que em tradução livre para o português significa “medo de ficar de fora”. O médico explica como a condição pode gerar sofrimento: “A FOMO é a necessidade de se ocupar e estar em todos os espaços. Na ausência dessa possibilidade, que é uma exigência sobre-humana, traz uma autodepreciação: ‘eu não sou capaz de estar’ ou ‘eu sou rejeitado’. Então, são sentimentos de rejeição que vão favorecer a pessoa a se esvaziar de sentido”.

Assista à entrevista completa

Ao perceber que uma pessoa próxima demonstra comportamentos depressivos, o profissional recomenda que se identifique os agentes de sofrimento do indivíduo. “A melhor forma é que possamos, dentro de um ciclo de cuidado, perceber que o outro está sofrendo e, assim, procurar os espaços e ajudas especializadas”, explicou.

 * Estagiária sob supervisão de Márcia Machado

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