Samambaia 36 anos: as amizades, cultura e olhar social da cidade
A quadrilha Si Bobiá, a Gente Pimba transformou as festas juninas
de Samambaia e do DF, além de ser um espaço de acolhimento
Si Bobiá, A Gente Pimba é composta por costureiras, maquiadores, coordenadores e famílias inteiras envolvidas na produção do espetáculo - (crédito: Luiz Fellipe Alves/CB)
A música embalada pela sanfona, o barulho das botas batendo no chão e o colorido dos figurinos são apenas parte da história da Si Bobiá, a Gente Pimba. Fundada oficialmente em 1992, mas com ensaios que começaram dois anos antes, a quadrilha surgiu do sonho de Claudecy Martins, que queria fortalecer os laços de uma comunidade que ainda estava se formando em Samambaia.
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"A quadrilha nasceu da vontade de unir o povo, de ver a comunidade junta, sorrindo, dançando e acreditando na cultura", lembra Claudecy, fundador e puxador da Pimba desde o início. O nome, curioso e divertido, foi inspirado em uma quadrilha da Paraíba, como forma de homenagear e agradar o pai de Claudecy, que inicialmente não apoiava sua dedicação à arte. "Foi um jeito de conquistar o apoio dele", conta, rindo.
Com o tempo, o grupo se profissionalizou, conquistando espaço em concursos regionais, nacionais e até sendo convidado para se apresentar na Europa. Hoje, a Si Bobiá, a Gente Pimba é referência tanto pela excelência artística quanto pelo impacto social que promove.
"A gente acreditava que era possível ser mais. É possível não ficar só em Samambaia. É possível profissionalizar os grupos. E, de fato, isso vem acontecendo. Hoje nós temos grandes quadrilhas aqui. Em Brasília são 63, e Samambaia é um celeiro desses grupos. Nós realizamos sonhos com a quadrilha", afirma Claudecy.
31/07/2024 Credito: Ed Alves/CB/DA.Press. Cidades. Si Bobia a gente Pimba - Campea 2º Candangão de quadrilhas Juninas do DF e Entorno.
(foto: Ed Alves/CB/DA.Press)
Arte que acolhe
Mais do que dançar, a Pimba se destaca pelo trabalho social. Durante a pandemia, os integrantes se mobilizaram para levar alegria e comida típica de festa junina a moradores de rua. Para eles, quadrilha é sinônimo de amor, solidariedade e pertencimento.
Nos bastidores, há costureiras, maquiadores, coordenadores e famílias inteiras envolvidas na produção de cada espetáculo. Crianças, jovens e adultos formam uma verdadeira comunidade movida pela arte e pela vontade de transformar realidades.
"Por conta da quadrilha eu acho que eu aprendi a ser gente. Eu acho que eu não sei fazer outra coisa", diz Heloisa Martins, filha de Claudecy, de 26 anos. "Se a gente pudesse, a gente vivia só de quadrilha. É a melhor parte do ano, o São João", completa.
Heloisa, que antes se dedicava às artes marciais, encontrou na dança um novo caminho e uma forma de se reconectar com o pai.
A Pimba sempre busca trazer mensagens sociais e humanas em suas apresentações. O tema do último espetáculo refletiu sobre a falta de amor no mundo, um chamado à empatia em tempos de guerra e intolerância.
"A mensagem da apresentação desse ano foi a falta de amor no mundo. As guerras. Muitas pessoas preferem lançar bombas do que estender a mão, do que dar flores, do que dar água. A gente sempre busca trazer uma mensagem positiva. Falamos daquilo que o coração está cheio, que é o que a arte nos entrega", explica Arthur Rickson, conhecido como Maxiló, coordenador e responsável pelos temas das apresentações.
Hoje, mais de três décadas depois do primeiro ensaio, a Si Bobiá, a Gente Pimba é sinônimo de orgulho para Samambaia e para o movimento junino brasileiro. "Em Samambaia é que se fazem as melhores quadrilhas do DF. A nossa missão é continuar espalhando alegria, união e cultura por onde a gente passa", conclui Claudecy.