Faltam exatos 100 dias para o Natal, e a contagem regressiva para uma das datas mais aguardadas do ano movimenta o comércio do Distrito Federal. Entre confraternizações, formaturas e os preparativos para as festas de fim de ano, lojistas reforçam estoques e se organizam para atender à crescente demanda dos consumidores.
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O setor de festas e eventos, um dos mais impactados nos últimos anos, apresenta sinais positivos. Empresas de decoração, bufês e lojas de roupas de festa registram aumento na procura por produtos e serviços. O Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista) informou que lojas de rua e shoppings vêm se preparando desde agosto para o período de maior movimentação do varejo, que tradicionalmente garante faturamento recorde, empregos temporários e renda extra. Entre outubro e dezembro de 2024, o setor cresceu, em média, 8,4%, impulsionado pelo Natal e pelo Réveillon. Para este ano, a expectativa é de um faturamento de R$ 792 milhões entre outubro e 31 de dezembro de 2025.
Segundo Sebastião Abritta, presidente do Sindivarejista-DF, os comerciantes se adiantaram. "Desde agosto, o comércio vem se estocando porque temos cinco datas especiais: Dia das Crianças (12 de outubro), Halloween (31 de outubro), Black Friday (28 de novembro), Natal (25 de dezembro) e Réveillon (31 de dezembro). Para novembro e dezembro, projetamos crescimento de 10,3% nas vendas das lojas de rua e shoppings do DF", afirmou.
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Esse movimento também impulsiona as contratações. Ao menos 7 mil vagas temporárias devem ser abertas, contra 5,3 mil no mesmo período de 2024. "De janeiro a setembro, todas as datas comemorativas registraram crescimento. No Dia das Mães, por exemplo, as vendas subiram 5,6%, contra 4,7%, em 2024. Isso mostra um consumidor mais confiante e é positivo para a economia local", completou.
Consumo em alta
As vitrines exibem artigos natalinos, com árvores, enfeites e iluminação que atraem consumidores antecipados. Lojas de departamento e supermercados reforçam estoques de brinquedos, eletrodomésticos e itens da ceia. Especialistas alertam os clientes a planejarem compras com antecedência para evitar filas, estoques esgotados e preços mais altos à medida que a data se aproxima.
A dona da loja de decoração Casa Norte, em Taguatinga, Regina Cordeiro, 59, conta que o final de ano é uma época muito aguardada pelos comerciantes. "A expectativa é sempre que seja melhor do que no ano anterior. Por isso, nos preparamos com estoques reforçados. O Natal é sempre especial, é a melhor data comemorativa", afirma.
Dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC-IBGE) reforçam o otimismo: em julho, o DF registrou alta de 0,9% no volume de vendas frente a junho, garantindo o segundo melhor desempenho do país em um cenário nacional de retração de 0,3%. No acumulado de janeiro a julho, o varejo cresceu 4,2%, e, no período de 12 meses, 4,5%. A expectativa é que 2025 feche com expansão próxima de 4%.
Segundo o presidente da Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, o último trimestre concentra as datas de maior consumo. "Esse desempenho tende a se refletir no fim do ano, com a Black Friday, o Natal e o Réveillon", afirmou. Ele ressalta a relevância do setor de eventos para a economia da capital: "Confraternizações, formaturas e encontros familiares movimentam bares, restaurantes, buffets e empresas de entretenimento. Isso fortalece cadeias produtivas ligadas a alimentos, bebidas, decoração e transporte, gerando renda e empregos temporários."
Na pesquisa de Natal 2024 do Instituto Fecomércio-DF, os presentes mais procurados foram vestuário e acessórios (24,1%), brinquedos (21,7%), calçados (16,2%), cosméticos e perfumes (14,4%) e eletrônicos (8,2%). Já os maiores tickets médios ficaram com eletroeletrônicos (R$ 1.063,33), joalheria (R$ 567,50) e ótica (R$ 618,62).
Segundo Aparecido, o comércio antecipa pedidos e recompõe estoques de acordo com a expectativa de vendas. "Parte dos produtos será liquidada na Black Friday, que ajuda a reduzir estoques antigos e abrir espaço para novidades natalinas. Isso evita desabastecimento e mantém preços competitivos, mesmo diante da alta demanda típica da época."
Impulso do 13º salário
Parte relevante das vendas será impulsionada pelo pagamento do 13º salário. "Esse recurso extra dinamiza a economia local, especialmente comércio e serviços. Uma fatia significativa será destinada ao consumo, aquecendo o varejo no fim do ano", disse Aparecido.
Segundo pesquisa do Instituto Fecomércio-DF, 81,1% dos empresários adotaram estratégias específicas no último Natal. As principais foram diversificação de produtos (20,14%), campanhas publicitárias (19,59%), promoções (16,69%) e vitrines temáticas (15,45%). Houve ainda atendimento diferenciado (10,90%), kits de produtos (6,76%), descontos para compras à vista (4,28%), horários estendidos (4,69%) e abertura em datas especiais (1,52%).
A Fecomércio lembra que as contratações temporárias já começaram em 2025: foram 2,4 mil até setembro, segundo pesquisa do instituto.
Otimismo com cautela
Para o economista Riezo Almeida, o DF mantém protagonismo no setor de serviços, que responde por cerca de 95% do PIB local. "As projeções são de otimismo cauteloso, impulsionado pela Black Friday, confraternizações e festas de fim de ano. O desafio é transformar esse cenário em vendas concretas, apostando em estratégias multicanais para atrair consumidores. A cautela se deve ao alto endividamento das famílias no DF", explicou.
Segundo ele, o pagamento do 13º injeta massa significativa de renda na economia, beneficiando o comércio e serviços. "A recomendação é usar parte do recurso para quitar dívidas, especialmente cartão de crédito e cheque especial. Só assim sobra espaço para consumo responsável e até investimentos para 2026."
Riezo acrescenta que a agenda cultural também impulsiona o consumo, com shows internacionais atraindo turistas e ampliando arrecadação de ICMS e ISS. "Dezembro é o mês de maior faturamento para bares, restaurantes, bufês, hotelaria e aluguel de espaços", pontuou.
Eventos e bufês
O setor de eventos também projeta alta significativa. A UnB Formaturas dobra o quadro de profissionais no fim do ano, contratando de 15 a 20 freelancers para atender à demanda concentrada de colações e bailes.
Já o Renata La Porta Buffet celebra um ano de grande movimento. "Desde fevereiro, trabalhamos em ritmo intenso, e 2025 foi excepcional. As famílias buscam cardápios tradicionais, enquanto empresas optam por propostas mais descontraídas. Em ambos os casos, cresce a procura por opções mais econômicas sem perder a qualidade", destacou. A empresa prevê encerrar o ano com aumento de 30% no faturamento. "Estamos felizes com o resultado, e toda a equipe participa dos lucros com prêmios por metas alcançadas.
