Um ícone da arquitetura e da história de Brasília, o Hotel Nacional vai ser reformado. As obras começam na próxima segunda-feira, preservando a fachada, a volumetria e o tombamento da região em que está inserido. Por dentro, os apartamentos, salas de reuniões, sauna, piscina e demais dependências serão reformuladas com o que há de mais moderno no ramo da hotelaria.
Arrematado em um leilão em 2018 pela Incorp — formada pelo Grupo Bittar e Luner, pioneiros no Distrito Federal no ramo de hotelaria e construção —, o hotel está fechado para hóspedes há sete anos. Nesse período, os novos donos catalogaram 1.232 obras de arte entre pinturas, quadros e esculturas. Outros objetos que não tinham valor histórico, como camas e colchões, foram leiloados. E o que não foi possível vender, destinado à doação para instituições de caridade.
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Todo o projeto de reforma foi amplamente discutido com diferentes órgãos do GDF; com os conselhos de Defesa do Patrimônio Cultural do Distrito Federal (Condepac-DF) e de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal (Conplan-DF), além do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Lutfallah Farah, um dos sócios da Incorp, afirmou que a essência da reforma consiste em contemplar as necessidades da empresa e a preservação da história do imóvel. "Estamos pesquisando cerâmicas, azulejos e elementos de fachada que possam ser da mesma tonalidade e qualidade das colocadas em 1960. Entre o mobiliário, preservamos uma penteadeira na qual, possivelmente, a rainha Elizabeth II penteou os cabelos quando se hospedou", contou o empresário. E adiantou: "Vamos repetir o Bar Senadinho (ponto de encontro dos políticos). E, no futuro, trazer de volta o concurso Miss Brasil".
A Incorp contratou a historiadora Joseana Costa Pereira para resgatar e documentar a história: da concepção, modo de construção, quem foi o arquiteto, até quem se hospedou no hotel. Isso vai ser transformado em um e-book, praticamente pronto. Os escritórios Anastassiadis Arquitetos e Dávila assinam os projetos arquitetônico e de interiores.
Museu
O gerente administrativo do Grupo Bittar, Ouaik Shalon, antecipou ao Correio que o novo Hotel Nacional terá 280 apartamentos. Quando for inaugurado, em dois ou três anos, vai oferecer hospedagem padrão cinco estrelas, com um conceito diferenciado e moderno, porém preservando a história. "Além de manter a arquitetura, a ideia do grupo é montar um museu dentro do hotel para que a população de Brasília revisite a história vivida ali e para que turistas tenham a dimensão do que o Hotel Nacional representou e representa para a história de Brasília. Será também um ponto turístico", disse.
Assim que voltar a funcionar, o Hotel Nacional vai gerar de 480 a 550 empregos diretos. Se levar em conta os trabalhadores terceirizados, o número sobe para cerca de 800, segundo Ouaik.
