
Milhares de mulheres negras de todas as regiões do país e também de outros países começam a ocupar o entorno do Museu da República, local da concentração da 2ª Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver. Apesar do tempo fechado e de chuvas contínuas desde a madrugada desta terça-feira (25/11), o trânsito segue tranquilo, sem registros de engarrafamentos nas proximidades da Rodoviária do Plano Piloto.
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Mesmo com sob chuva, o clima que prevalece é de reencontro, expectativa e força coletiva. Desde cedo, grupos de diferentes comunidades, quilombolas, coletivos LGBT+, movimentos culturais e delegações internacionais chegam com bandeiras, tambores e cartazes que reforçam a luta, memória, resistência e celebração da vida das mulheres negras.
Entre as primeiras a chegar está Marina Maricota, 33 anos, representante do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Ela conta que a preparação começou ainda no início do ano. “A nossa expectativa é muito grande. Estamos aqui desde a madrugada para esse evento. Viemos para aprender, compartilhar saberes e representar o Vale com força”, afirma.
Marina destacou que muitas mulheres de sua região não puderam estar presentes, mas que ela e o grupo planejam levar de volta tudo o que vão vivenciar. “Queremos trazer conhecimento e levar conhecimento. Chegamos animadas, com a certeza de que as mulheres de luta jamais vão parar”, disse.
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Direto de Cambuquira, cidade do sul de Minas, Geralda Marfisa, 70, e Paula Felizberto, 40, também já marcam presença no Museu da República. Geralda participou da primeira marcha, em 2015, e hoje ajuda a organizar ações antirracistas em sua cidade, onde fundou o Instituto Cultural Marfisafro, em homenagem a sua mãe.
“Estamos lutando por justiça, por reparação, por cidadania. Essa luta está cada vez mais fortalecida. Estamos ganhando nosso espaço”, ressaltou.
Para Paula, ver o crescimento do movimento é essencial. “Nossa cidade é muito conservadora, e a pauta racial quase não aparecia. Estar aqui, com tantas mulheres, mostra o quanto estamos avançando”, acrescentou. As duas garantem que a chuva não atrapalha o espírito da marcha. “De jeito nenhum. A chuva é bênção”, afirmou Geralda, sorrindo.
Programação
As atividades da 2ª Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver começaram às 8h, com concentração no Museu da República. Às 9h, o Congresso Nacional realiza sessão solene em homenagem à marcha.
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Por volta das 10h, está prevista a saída do percurso pela Esplanada dos Ministérios, que passará ao redor do Congresso Nacional com retorno ao ponto inicial.
A partir das 15h, o público poderá acompanhar shows de artistas que representam a diversidade da produção cultural negra no Brasil. Entre as atrações estão Larissa Luz, Luanna Hansen, Ebony, Prethaís, Célia Sampaio e Núbia.

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