MODA

Designer faz exposição criativa de roupas que combinam moda e arte

No quarto evento que realiza na capital, com venda de peças autorais exclusivas, Isadora Maia apresenta vestimentas que unem fluidez, mar e passagem. Brasília, natureza e ancestralidade são suas inspirações

O Distrito Federal é cenário de criatividade estilística e artesanato. A designer de moda brasiliense Isadora Maia vem se destacando com propostas que unem arte, vestuário e identidade. Sua mais recente mostra, Travessias – Onde o Atlântico Inspira o Movimento, reúne peças de vestuário e obras autorais que traduzem o olhar sensível da artista sobre a natureza e experiências que vivenciou. A exposição conta com a venda de kimonos, calças e lenços, além de quadros com pintura em acrílico.

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Em entrevista ao Podcast do Correio, Isadora contou às jornalistas Sibele Negromonte e Mariana Niederauer que a arquitetura da capital federal é a principal fonte de inspiração para seu trabalho: “Brasília é minha base”, afirmou. A artista explica que a cidade, com suas formas e curvas, sempre influenciou seu olhar estético e criativo.

A artista enfatizou a força da ancestralidade em suas obras. "Eu descobri que avó da minha avó, ou seja, a minha tataravó, era indígena, tida como selvagem, e ela foi 'laçada'. A gente tem essa expressão no Brasil. Você laça o selvagem. Então, foi uma mulher que foi presa para ser mãe, para criar uma família", contou. "É uma cicatriz que vem de muito tempo, e ela veio se misturando. A família do meu pai, ela é misturada, negro e branco há muitas gerações. Então, é o próprio branqueamento da brasilidade, vamos dizer assim. Então, eu sempre trago essas histórias assim junto comigo", completou. 

O amor pela arte surgiu logo cedo, na infância, pois sempre gostou de desenhar: “Era quase um vício, com oito anos minha mãe me colocou em uma escola de artes, onde desenvolvi um olhar mais sensível para as coisas”. Quando mais velha, precisava escolher um curso e, diferentemente do que desejava sua mãe, a menina escolheu estudar moda. “Durante o curso, conheci e admirei alguns estilistas, comecei a ter aulas de costura e quis fazer minhas próprias roupas. Mas, apesar de gostar, percebi que a moda era muito rígida, cheia de padrões, regras e normas”. 

Isadora também comentou a importância para a família em ter cursado uma faculdade. "Tenho meu diploma, meu pai tem diploma. Eu acho importante para os pais, principalmente na minha história de vida, vinda de uma família negra, de descendentes de empregadas domésticas, ter um diploma eu sei que era importante", assinalou.

Após finalizar a graduação, a designer de moda se especializou em sapatos e começou a trabalhar na área. No início, gostava do que fazia, mas depois percebeu que as clientes queriam que ela reproduzisse modelos prontos, de marcas de luxo, o que cerceava sua liberdade criativa, então largou a profissão. “Eu chegava em casa triste e voltava a desenhar para me sentir melhor. Foi então que percebi que talvez a moda não fosse o meu caminho”, lembrou.

Com a decepção no mundo da moda, a estilista começou a buscar novos horizontes, em outras áreas de estudo: “Nesse período, conheci meu ex-sócio, e juntos abrimos uma agência de publicidade que acabou se tornando uma produtora de vídeo. Assim, entrei para o cinema. Foi uma loucura: explorei muitas linguagens e formas de arte diferentes. Estudei direção, direção de arte, fotografia, redação e roteiro em diversos cursos livres, até conseguir criar uma base sólida”.

Isadora resolveu então estudar arte contemporânea e fez pós-graduação em São Paulo. “Foi quando percebi que tudo sempre esteve diante de mim — eu só não via. Descobri que podia unir todas essas experiências e fazer com que elas conversassem entre si, de um jeito que me trouxesse prazer”, contou, entusiasmada. 

Em 2017, a artista visual fundou uma marca de kimonos, a Meu Kimô, e as vestimentas que produz espelham suas pinturas. “Os quadros são estáticos, mas o corpo ganha o movimento da tela, traz vida”, explicou. Ela acredita que as peças orientais milenares são ótimas por serem versáteis e adaptáveis a todos os corpos, e em sua produção autoral, a observação do meio ambiente é caminho: “Minha maior fonte de inspiração é a natureza”.

Em sua nova exposição Travessias — Onde o Atlântico Inspira o Movimento, iniciada nesta terça-feira (11/11), com visitação pública das 10h às 20h, na Hill House, no shopping Casapark, a designer de moda explora cores vibrantes, lembranças de uma  passagem por Portugal e a arquitetura brasiliense.

No quarto evento que realiza na cidade natal, com a venda de peças autorais exclusivas, Isadora trouxe vestimentas que trabalham a ideia de fluidez, mar e passagem. “As pessoas realmente ficam muito impactadas com as coisas. Porque eu acho que realmente é muito diferente do que você está acostumado a ver no shopping. Falando dessa coleção específica, foi uma coleção que aconteceu após uma viagem. Por isso travessia. A viagem foi de Brasília para a Ilha da Madeira”, acrescentou a artista.

Para a artista, a experiência mais legal é quando as pessoas vestem suas peças: “Me vendo vestida é uma coisa, agora quando experimenta a roupa é outra experiência. As pessoas sempre se impressionam”.

Serviço

  • Exposição Travessias — Onde o Atlântico Inspira o Movimento
  • Quando: Até 21/11, das 10h às 21h.
  • Onde: Hill House do Shopping Casapark

* Estagiária sob supervisão de Márcia Machado

 Assista ao podcast na íntegra:

 

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