CRÔNICA DA CIDADE

Já chega, 2025: o ano que não acaba nunca

Mesmo os mais pacatos de nós fomos puxados para o centro de ao menos um dos furacões que 2025 proporcionou

Chegou a hora de entregar o bastão a 2026 e deixar que ele faça seu trabalho -  (crédito: Reprodução/Pixabay)
Chegou a hora de entregar o bastão a 2026 e deixar que ele faça seu trabalho - (crédito: Reprodução/Pixabay)

Ainda faltam mais de duas semanas para o fim de 2025, mas acho que as cotas de surpresas e de efemérides deste ano já podem se dar por satisfeitas, não é mesmo? A impressão é de que viramos JK's, inventando de viver 50 anos em 5. Mas, no nosso caso, não se tratou de arroubo de uma mente inquieta nem de ousadia de um desbravador de caminhos incertos. 

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Mesmo os mais pacatos de nós fomos puxados para o centro de ao menos um dos furacões que 2025 proporcionou. Foram diversos momentos de tensão na política. As brigas entre os Poderes avançaram sem pedir licença sobre a mesa dos nossos cafés da manhã e almoços. Até as famílias que combinaram de evitar o tema lá em 2022 tiveram que se render. Os roteiristas do Brasil e do mundo estavam, afinal, como se diz por aí, pra lá de inspirados. 

Um julgamento histórico marcou mais um capítulo triste, porém necessário, da história do país. Tivemos de enfrentar a realidade que já se escancarava diante de nossos olhos com a publicação do vídeo do youtuber Felca sobre adultização. Acompanhamos com pesar e apreensão o escândalo da crise do metanol. Passamos por tarifaço seguido de uma "química" intrigante entre presidentes e testemunhamos a morte de uma brasileira na Indonésia.

Enterramos ídolos e mestres queridos. Nos despedimos do papa, de Diane, de Hermeto, de Francisco, de Léo (o Batista), de Affonso, de Preta, de Robert, de Nana, de Sebastião, de Arlindo, de Veríssimo, de Lô, de Ozzy, de Jards e de tantos outros. Nossos ídolos que ainda serão os mesmos por um bom tempo, mas que farão uma falta danada.

Mas agora é hora de falar de renascimento e de alimentar esperanças. Por isso, faço um apelo a 2025: que nessas últimas semanas tenhamos uma trégua. Veja bem, querido ano, penso que falo por todos os brasileiros e talvez por toda a população mundial. Muita pretensão da cronista, deve estar imaginando não só o leitor como todo o cosmos. Mas sigam-me nos argumentos. Talvez ao fim concordem e finalizem com um brinde do seu drink preferido, de um espumante ou de um vinho.

Sabemos que 2026 é ano eleitoral — também conhecido como ano-de-copa-do-mundo. Não sei quem foi o gênio que tratou de juntar os dois eventos. Certamente não era jornalista. Do contrário, teria mexido uns vários pauzinhos para que as datas não se chocassem. Mal a gente respira da cobertura esportiva, em meio às férias escolares, e lá estamos nós novamente mergulhados na intensa campanha política de Norte a Sul. E desta vez a disputa mundial terá nada menos que 22 seleções, com jogos em três países. É de enlouquecer qualquer um, sem falar no teste cardíaco para os mais apaixonados.

Também tivemos alegrias, é verdade. Não me entenda mal. A intenção não é a de parecer ingrata. Nosso cinema brilhou, por exemplo, com Ainda estou aqui e, agora, promete muito mais com O Agente secreto. Apenas explico que qualquer emoção, ainda que relacionada ao sentimento de felicidade, pode aguardar alguns dias. Houve catarses suficientes para passarmos o resto desse período pré-réveillon saudosos e reflexivos.

Chegou a hora de entregar o bastão a 2026 e deixar que ele faça seu trabalho. Peço encarecidamente, porém, que sejam generosos conosco. Somos seres confusos e arrogantes, eu sei, mas ainda acredito que, no fim, é a nossa humanidade que prevalece.

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postado em 19/12/2025 17:39 / atualizado em 19/12/2025 17:40
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