Seis pessoas foram presas ontem, durante a terceira fase da operação Sem Reservas, que investiga um esquema interestadual de estelionato e lavagem de dinheiro envolvendo falsas pousadas em Pirenópolis (GO). Segundo a polícia, a organização criminosa atuava em diversos estados do país e utilizava contas de terceiros e criptomoedas para ocultar a origem dos valores obtidos com os golpes.
As prisões foram realizadas pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), com o cumprimento de mandados de prisão temporária e busca domiciliar nas cidades de Goiânia (GO), Belém (PA) e Taboão da Serra (SP), com apoio das Polícias Civis locais. O número de detidos, no total, chega a 16 desde o início das investigações, há 1 ano.
A polícia detalhou que a quadrilha tinha divisão de tarefas bem definida e atuava, principalmente, na prática de estelionato virtual. O grupo clonava sites e perfis de redes sociais de pousadas legítimas de Pirenópolis, e induzia vítimas a realizarem pagamentos antecipados por hospedagens inexistentes.
Após os golpes, os valores eram direcionados para contas bancárias de terceiros e, posteriormente, submetidos a complexos processos de lavagem de dinheiro, principalmente por meio da conversão e movimentação em criptoativos.
Nesta fase da operação, foram presos os chamados "tripeiros", integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) responsáveis por alugar contas bancárias de terceiros e realizar a lavagem do dinheiro obtido com os golpes, inclusive em casas de câmbio no Paraguai.
Valores
De acordo com a PCDF, o grupo foi responsável pela lavagem de cerca de R$ 13 milhões nos últimos dois anos, oriundos de estelionatos praticados em todo o Brasil. O esquema chegava a faturar cerca de R$ 20 mil por dia.
A divisão dos lucros seguia um padrão em que 50% ficavam com os administradores dos sites e perfis clonados, 30% com os "tripeiros" e 20% com os responsáveis por ceder as contas bancárias.
Além das prisões, o Juízo de Garantias do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) determinou o bloqueio e a liquidação de criptomoedas vinculados aos investigados.
A primeira fase da operação Sem Reservas ocorreu em novembro de 2024, quando três pessoas foram presas por administrar os sites fraudulentos. A segunda fase, em março deste ano, resultou na prisão de oito envolvidos na criação das páginas clonadas.
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As investigações também identificaram 83 vítimas no Distrito Federal, todas lesadas pelos golpes das falsas pousadas de Pirenópolis.
Segundo o delegado-chefe da 18ª DP, Fernando Cocito, o caso reflete a evolução dos crimes financeiros. "Nos últimos anos, os golpes deixaram de ser presenciais e migraram para o ambiente virtual. Nesse cenário, a criptolavagem já é uma realidade, impulsionada pela facilidade de enviar criptomoedas para qualquer lugar do mundo em questão de segundos", afirmou.
