
O Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado nesta terça-feira (11/2), foi criado pela Unesco e pela ONU-Mulheres em dezembro de 2015. A data visa promover a importância das mulheres e meninas na área científica.
Além disso, a data contribui para dar visibilidade ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 (ODS-5) da Agenda 2030 da ONU, cuja meta é alcançar a igualdade de gênero, bem como o empoderamento de mulheres e meninas para que possam desenvolver todo o seu potencial criativo.
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Ao longo da história, inúmeras mulheres cientistas se dedicaram à pesquisa e realizaram contribuições significativas. Nesse contexto, o Correio reuniu algumas das cientistas cujas realizações marcaram a história da ciência e da luta por equidade, confira:
Marie Curie
Marie Curie foi uma pioneira polonesa nas áreas da física e da química, destacando-se no estudo da radiação. As contribuições científicas resultaram na descoberta de dois elementos radioativos: o rádio e o polônio. Além de ser a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel, ela se destacou como a primeira pessoa a conquistar dois prêmios Nobel em categorias distintas: Física e Química. Curie morreu em 1934 em decorrência de uma doença relacionada à radiação. Contudo, suas descobertas continuam a beneficiar a saúde e salvar vidas até os dias de hoje.
Ada Lovelace
Ada Lovelace foi uma matemática e escritora inglesa, reconhecida como a primeira programadora de computadores da história. Ada foi pioneira ao perceber que a máquina tinha aplicações que iam além da simples computação, permitindo também a manipulação de símbolos. Além disso, foi responsável pela publicação de textos que abordavam o primeiro algoritmo desenvolvido para ser executado por uma máquina desse tipo.
Em reconhecimento à sua relevância histórica e científica, em 2009, foi criado o Dia de Ada Lovelace, que é celebrado toda segunda terça-feira de outubro. A data tem por finalidade homenagear as contribuições das mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.
Mae Jemison
Mae Jemison tornou-se, em 1992, a primeira astronauta negra a ir ao espaço. À época, Mae integrou a tripulação do ônibus espacial Endeavour, na missão STS-47 que durou oito dias. Formada em engenharia química e em medicina, Mae ingressou na Nasa em 1987.
Hoje, ela lidera a 100 Year Starship, uma organização que busca assegurar a possibilidade de realizar viagens humanas além do sistema solar para outra estrela dentro dos próximos 100 anos. É integrante da Academia Nacional de Medicina dos EUA e é embaixadora nacional de alfabetização científica da Bayer Corporation USA.
June Almeida
A virologista June Almeida foi pioneira na visualização do vírus da rubéola, além de empregar anticorpos para agregar vírus, facilitando sua observação. June também foi responsável pela identificação do primeiro coronavírus humano, que recebeu essa denominação devido à sua forma semelhante a uma coroa. À época, críticos alegaram que as imagens que ela produziu eram apenas representações de baixa qualidade de partículas do vírus da influenza. Ela também colaborou no registro de imagens do vírus HIV.
Katherine Johnson
Katherine Johnson, matemática pioneira da Nasa cuja vida foi retratada no filme Estrelas além do tempo. Em 1961, Katherine e uma colega foram as primeiras a calcular os parâmetros do voo suborbital, do astronauta Alan Shepard, o primeiro americano a chegar ao espaço. Os seus talentos matemáticos foram essenciais para determinar a trajetória do voo Apollo 11, que levou Neil Armstrong e Buzz Aldrin à lua em 1969.
Katherine recebeu, em 2015, a Medalha Presidencial da Liberdade, o prêmio da maior honraria civil nos EUA. Katherine morreu em 2020, aos 101 anos.
Bertha Lutz
Para além de suas contribuições científicas, a bióloga e advogada Bertha Lutz é uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século 20. Ela se empenhou pela aprovação da legislação que outorgou o direito às mulheres de votar e de serem votadas. Aprovada, em 1919, tornou-se a segunda brasileira a fazer parte do serviço público no Brasil, ao ser aprovada no concurso público para pesquisadora e professora do Museu Nacional, conforme informações da agência Senado.
Segundo a agência, "o Diploma Bertha Lutz premia anualmente mulheres e homens que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher e questões do gênero no Brasil, em qualquer área de atuação. O prêmio é entregue em sessão do Senado exclusivamente convocada para esse fim, durante as atividades do Dia Internacional da Mulher (8 de março)".
Hedy Lamarr
Hedy Lamarr foi uma atriz e inventora de origem austro-americana. Ela desenvolveu um sistema de comunicação para torpedos que atualmente serve como fundamento para tecnologias como Wi-Fi e Bluetooth. De acordo com a BBC, em 1962, durante a Crise dos Mísseis, a Marinha começou a adotar essa tecnologia que posteriormente foi perdida a exclusividade e tornando-se base de diversas tecnologias atuais, entre elas o GPS. No entanto, Hedy só recebeu reconhecimento formal em 1997, quando foi agraciada com uma menção honrosa do governo dos EUA por suas contribuições inovadoras para o campo da eletrônica.
Flora de Pablo
Natural da Espanha, a médica psicóloga Flora de Pablo uniu sua pesquisa científica à defesa do reconhecimento do papel das mulheres na ciência. Flora é fundadora e primeira presidente da Associação de Mulheres Investigadoras e Tecnólogas (Amit). Hoje integra a Comissão para Mulheres na Ciência do Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha (CSIC), onde atua como professora pesquisadora Departamento de Medicina Celular e Molecular do Centro de Pesquisas Biológicas (CIB).
Neuza Frazatti
Neuza Frazatti dedica-se à pesquisa do imunizante há mais de uma década, segundo o site do Instituto Butantan. Na instituição, ela atua como gerente do laboratório piloto de vacinas virais. Neuza, desde 2010, lidera projeto da vacina da dengue do Instituto Butantan, a Butantan-DV, cujo desenvolvimento foi possível graças a uma tecnologia implementada por ela em 2000. Ela também é responsável pela vacina contra a raiva em meio livre de soro, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2008. Ambos os imunizantes lhe renderam o Prêmio Péter Murányi-Saúde de 2023 e 2010, respectivamente.
Zilda Arns
A pediatra e sanitarista brasileira Zilda Arns atuou no combate da desnutrição no país. De acordo com a Agência Brasil, “Zilda trabalhou junto a comunidades e treinou voluntários para ensinar mães de crianças em situação de vulnerabilidade a usar o soro caseiro, que combate a diarreia e a desidratação. Com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), as ações alcançaram 72% do território nacional”.
Seu nome foi incluído pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, localizado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília. Zilda também foi indicada três vezes para o Prêmio Nobel da Paz.
Natalia Pasternak
A pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e microbiologista Natalia Pasternak ajudou no combate à desinformação na época da pandemia da covid-19. À época, Natalia foi um dos especialistas ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. Em depoimento, Natalia sustentou que o negacionismo à ciência “é uma mentira orquestrada pelo governo federal e pelo Ministério da Saúde”. “E essa mentira mata, porque leva pessoas a comportamentos irracionais, que não são baseados em ciência”, pontuou.